Por Laura Luna
Novo contrato prevê a instalação de 181 equipamentos, que já começaram a funcionar em cidades do Sertão
Sérgio do Nascimento cruza as estradas brasileiras há 19 anos. A rotina é puxada. No mês, o caminhoneiro passa em média quatro dias em casa, o restante é nas estradas que levam a Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul, estados para onde o motorista costuma transportar cargas. Sérgio conta que não é difícil presenciar acidentes, mesmo em locais onde a velocidade é controlada. “Há vários pontos críticos nas estradas. Vários colegas já sobraram na Serra das Russas aqui próximo, entre Gravatá e Pombos, em Pernambuco. E lá tem radar, imagina se não tivesse!”, questiona.
Uma decisão liminar provisória da Justiça determinou, no último dia 10, que nenhum radar de velocidade seja retirado das rodovias federais. O documento expedido pela juíza Diana Wanderley, da 5ª Vara Federal em Brasília, determinou ainda que sejam renovados os contratos que irão expirar.
A decisão vai contra a promessa feita pelo presidente da República, Jair Bolsonaro - ainda nos primeiros dias de governo, - de extinguir os equipamentos, que considera serem “fábrica de multas”. O governo pode recorrer da decisão.
O taxista Noilton Alves há 25 anos trabalha transportando passageiros pela Grande João Pessoa. As viagens aos estados vizinhos são recorrentes e na opinião do motorista não é preciso ter lombadas ou radares nas BRs. “É uma fábrica de multa mesmo, porque na BR-230, por exemplo, com duas faixas e possibilidade de andar a 100 km/h, não é preciso de lombada eletrônica”. Para Noilton, a necessidade dos redutores de velocidade se limita às áreas urbanas.
O motorista por aplicativo Renato Silva acredita que as pessoas só dirigem com cautela quando correm o risco de serem multados e que os redutores ajudam nesse processo. “O povo corre muito e acaba colocando em risco a vida do outro, se não mexer no bolso, as pessoas não obedecem”.
O taxista Marto Manuel é totalmente a favor dos redutores e olhe que ele já pagou multa por excesso de velocidade; as duas últimas foram em 2016. Mesmo assim, o taxista reconhece a importância desse tipo de equipamento para um trânsito mais seguro. “As lombadas nem deveriam ter sido retiradas porque existem pontos em que os motoristas não respeitam e os redutores acabam ajudando. É preciso colocar mais redutores de velocidade, isso sim”.
Paraíba tem 35 redutores de velocidade em funcionamento
O coordenador do Departamento acional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Ítalo Filizola, informou que atualmente existem na Paraíba 35 redutores eletrônicos de velocidade, entre lombadas e radares, em funcionamento. “Eles estão no Sertão do Estado entre os municípios de Patos e Cajazeiras e estão operando normalmente”.
Ítalo explicou que esses equipamentos estão funcionando porque foram ligados antes da determinação do presidente da República, o que coloca a Estado em situação peculiar se comparada a outros estados que ão chegaram a iniciar o processo.
O novo contrato, assinado em agosto do ano passado, prevê a instalação de 181 redutores eletrônicos de velocidade somente no Estado em até 15 meses. A empresa responsável iniciou o processo nas rodovias federais que cortam a Paraíba, e no momento está instalando as lombadas eletrônicas no trecho da BR- 230 que liga João Pessoa ao município de Cabedelo. Só naquela região serão dez. Em seguida, serão instalados os equipamentos na rodovia que liga João Pessoa a Campina Grande. Lembrando que o contrato anterior operava com um total de 71 equipamentos eletrônicos de velocidade, dos quais 32 eram radares fixos e 39 lombadas eletrônicas.
Ítalo Filizola explicou que foram revistas as eficiências dos equipamentos antigos e que os novos são mais modernos e eficientes. “Em alguns casos havia dificuldade de se fazer a leitura da placa, por exemplo, e isso causava transtornos”, lembrou. Placas de sinalização também estão sendo substituídas, o novo padrão oferece mais visibilidade, inclusive no período noturno.
O coordenador do Dnit disse ainda que aumento no número de redutores atende a uma demanda da própria comunidade, bem como da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e de outros órgãos reguladores de trânsito. “O maior acréscimo no número de lombadas se deu nas travessias urbanas, com o intuito de oferecer mais segurança para as comunidades que margeiam as BRs”. Mas com o impasse entre Governo Federal e justiça não há previsão para o início do funcionamento dos equipamentos, por enquanto segue apenas o processo de instalação que atende critérios técnicos de engenharia de tráfego e legislação de trânsito.
Redução de acidentes
Os números que o Dnit apresentou a reportagem de A União justificam a sensação de segurança que os redutores de velocidade oferecem. Nos últimos cinco anos, o departamento monitorou s pontos onde haviam as lombadas e os radares e registrou uma diminuição de 77% no número de acidentes, que caiu de 922 para 211. Os feridos, que contabilizavam 347, despencaram para 145 e o número de mortos caiu de 21 para 7.
Multas
Sobre as multas que são aplicadas nas rodovias federais, o Dnit informou que o montante gerado vai para o caixa da União onde é aplicado em segurança viária, educação e serviços de engenharia. O valor restante retorna para os cofres da União.