Ter dificuldades de concentração para ler um texto longo ou para assistir a um vídeo completo, sem acelerar ou interromper por causa de alguma distração, é uma das grandes dificuldades da sociedade atual, totalmente imersa na tecnologia.
Com o uso excessivo, e cada vez mais crescente, das redes sociais, a capacidade de atenção e de foco das pessoas está comprometida — um processo que se traduz no conceito do “cérebro de pipoca”, criado pelo cientista da computação David Levy, professor da Universidade de Washington e escritor especializado em prevenção da sobrecarga de informações.
Segundo Levy, que já falava sobre esse assunto em 2011, o termo se refere ao estado mental em que a atenção das pessoas salta rapidamente de uma rede para outra, semelhante ao movimento dos grãos da pipoca estourando em uma panela. A alegoria ilustra como o consumo constante de conteúdos curtos, rápidos e variados — como postagens nas redes sociais e vídeos na plataforma TikTok, por exemplo — levam à perda de foco e à dificuldade de se concentrar em tarefas prolongadas.
A estudante e recepcionista Celline Luna Soares Medeiros, de 22 anos, é um exemplo prático do conceito de Levy. Ela confessa que só percebeu que as redes sociais estavam afetando a sua capacidade de foco nas atividades cotidianas quando não conseguia mais fazer essas tarefas sem pensar em navegar na internet — e, quando acessava, passava horas on-line e nem se dava conta. “Eu simplesmente não conseguia me concentrar para ler um livro mais denso ou assistir a filmes mais calmos”, conta.
Excesso
À medida que se intensifica o envolvimento com os dispositivos móveis e as redes sociais, surge uma preocupação progressiva sobre o efeito do uso excessivo dessa tecnologia no comportamento e no bem-estar das pessoas. O vício em tecnologia pode levar ao isolamento social, à falta de sono adequado e à queda no desempenho acadêmico e profissional.
Para a psicóloga e neuropsicóloga Josiplessis Marques, isso impacta a capacidade de concentração e de atenção das pessoas, além de causar problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão, e afetar a maneira como o ser humano gerencia o seu tempo. “Com tanta informação, o cérebro não consegue processar tudo, resultando em esquecimentos frequentes — inclusive de tarefas e informações recentes”, observa.
Além dos problemas de memória que podem surgir devido ao excesso de informações rápidas e, muitas vezes, desnecessárias — fenômeno que ela descreve como “obesidade digital” —, o consumo intenso e desenfreado da tecnologia causa dependência digital. É quando a pessoa começa a buscar informações on-line, em vez de confiar na própria memória, mesmo sendo assuntos que domina, segundo a profissional.
Josiplessis explica que a dificuldade em manter o foco, a falta de concentração e a procrastinação são os principais sinais que indicam quando alguém está abusando da tecnologia. “Se a pessoa não conclui uma atividade, não consegue se concentrar e adia tarefas que não considera tão gratificantes quanto o uso de dispositivos eletrônicos, isso se configura como um problema”, alerta.
Ela diz ainda que a navegação compulsiva por redes sociais, e-mails e outros aplicativos (muitas vezes realizada de maneira paralela) contribui para esse acúmulo de informações superficiais e compromete o desempenho cognitivo. “Precisamos estar atentos a esses sinais, para evitar consequências mais graves”, ressalta.
Por fim, também não há como ignorar as notícias falsas e a desinformação em plataformas on-line, que podem afetar negativamente o discurso público e a tomada de decisões, já que as redes sociais se tornaram um terreno fértil para esse tipo de propagação.
Medo irracional de não dispor do celular precisa ser tratado
Ter dificuldades de concentração para ler um texto longo ou para assistir a um vídeo completo, sem acelerar ou interromper por causa de alguma distração, é uma das grandes dificuldades da sociedade atual, totalmente imersa na tecnologia.
Com o uso excessivo, e cada vez mais crescente, das redes sociais, a capacidade de atenção e de foco das pessoas está comprometida — um processo que se traduz no conceito do “cérebro de pipoca”, criado pelo cientista da computação David Levy, professor da Universidade de Washington e escritor especializado em prevenção da sobrecarga de informações.
Segundo Levy, que já falava sobre esse assunto em 2011, o termo se refere ao estado mental em que a atenção das pessoas salta rapidamente de uma rede para outra, semelhante ao movimento dos grãos da pipoca estourando em uma panela. A alegoria ilustra como o consumo constante de conteúdos curtos, rápidos e variados — como postagens nas redes sociais e vídeos na plataforma TikTok, por exemplo — levam à perda de foco e à dificuldade de se concentrar em tarefas prolongadas.
A estudante e recepcionista Celline Luna Soares Medeiros, de 22 anos, é um exemplo prático do conceito de Levy. Ela confessa que só percebeu que as redes sociais estavam afetando a sua capacidade de foco nas atividades cotidianas quando não conseguia mais fazer essas tarefas sem pensar em navegar na internet — e, quando acessava, passava horas on-line e nem se dava conta. “Eu simplesmente não conseguia me concentrar para ler um livro mais denso ou assistir a filmes mais calmos”, conta.
Excesso
À medida que se intensifica o envolvimento com os dispositivos móveis e as redes sociais, surge uma preocupação progressiva sobre o efeito do uso excessivo dessa tecnologia no comportamento e no bem-estar das pessoas. O vício em tecnologia pode levar ao isolamento social, à falta de sono adequado e à queda no desempenho acadêmico e profissional.
Para a psicóloga e neuropsicóloga Josiplessis Marques, isso impacta a capacidade de concentração e de atenção das pessoas, além de causar problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão, e afetar a maneira como o ser humano gerencia o seu tempo. “Com tanta informação, o cérebro não consegue processar tudo, resultando em esquecimentos frequentes — inclusive de tarefas e informações recentes”, observa.
Além dos problemas de memória que podem surgir devido ao excesso de informações rápidas e, muitas vezes, desnecessárias — fenômeno que ela descreve como “obesidade digital” —, o consumo intenso e desenfreado da tecnologia causa dependência digital. É quando a pessoa começa a buscar informações on-line, em vez de confiar na própria memória, mesmo sendo assuntos que domina, segundo a profissional.
Josiplessis explica que a dificuldade em manter o foco, a falta de concentração e a procrastinação são os principais sinais que indicam quando alguém está abusando da tecnologia. “Se a pessoa não conclui uma atividade, não consegue se concentrar e adia tarefas que não considera tão gratificantes quanto o uso de dispositivos eletrônicos, isso se configura como um problema”, alerta.
Há um termo que define esse comportamento: nomofobia. É a dependência de dispositivos eletrônicos, algo que pode gerar estresse -- Josiplessis Marques
Ela diz ainda que a navegação compulsiva por redes sociais, e-mails e outros aplicativos (muitas vezes realizada de maneira paralela) contribui para esse acúmulo de informações superficiais e compromete o desempenho cognitivo. “Precisamos estar atentos a esses sinais, para evitar consequências mais graves”, ressalta.
Por fim, também não há como ignorar as notícias falsas e a desinformação em plataformas on-line, que podem afetar negativamente o discurso público e a tomada de decisões, já que as redes sociais se tornaram um terreno fértil para esse tipo de propagação.
Saiba Mais
Práticas saudáveis
Para diminuir os impactos negativos do uso excessivo de tecnologia, devem-se adotar práticas saudáveis e conscientes no cotidiano, como, por exemplo:
• Estabelecer limites de tempo de conexão
• Desconectar-se regularmente
• Cultivar relacionamentos reais
• Investir em atividades off-line