Sacolas de lixo, entulhos, restos de poda e até mesmo móveis e eletrodomésticos têm se acumulado em diversos terrenos e calçadas de João Pessoa. Nos bairros de Cruz das Armas e Oitizeiro, visitados pela reportagem de A União, o problema é comum e, segundo os próprios moradores da região, decorrente da falta de educação das pessoas.
Em uma esquina da Rua Doutor João Soares da Costa, em Cruz das Armas, um terreno baldio acumula lixo, restos de material de construção, móveis velhos e até uma privada. Moradores da região, que preferiram não se identificar por medo de represálias, afirmaram que, além de atrair bichos como ratos e escorpiões, o local também é usado para uso de drogas.
Embora não culpem diretamente a limpeza urbana pela condição do local, uma das pessoas entrevistadas ressaltou que o caminhão da coleta só pega o lixo localizado nas portas das residências. “No terreno, não pega”, contou uma moradora, explicando, ainda, que o terreno é privado e acabou ficando abandonado após a morte do proprietário. 
Segundo o relato, os herdeiros aparentam não ter dinheiro para abrir o inventário. Uma das herdeiras chegou a prometer que faria a limpeza da área, mas não voltou ao local. Com isso, o terreno acabou sendo invadido: há pessoas vivendo em pequenos casebres e, além disso, surgiram problemas relacionados ao acúmulo de lixo e ao uso de drogas.
A falta de educação de algumas pessoas também causa problemas na Rua Porfírio Campos, no mesmo bairro. No local, tanto a calçada que margeia a mata quanto alguns terrenos acabam servindo de depósito de lixo.
“De vez em quando, passa a máquina e limpa, mas o pessoal suja de novo. Isso aqui não tem jeito não”, comentou o funcionário de um comércio local. Ele disse que, por vezes, chegam a jogar até aparelhos de ar-condicionado quebrados na calçada, oriundos de uma assistência técnica próxima. Durante os poucos minutos que passou na rua, a reportagem conseguiu flagrar um homem jogando fezes de cachorro no local, com o auxílio de uma pá.
Na Rua Radialista Geraldo Campos, no bairro de Oitizeiro, os pedestres precisam desviar do lixo para andar pela calçada. Um trabalhador local afirmou que o problema é recorrente e, em parte, causado pelos catadores de material reciclável, que reviram o lixo, espalhando-o. “Quando o caminhão do lixo passa, leva só o que está em caixas ou sacolas, o que está espalhado no chão, eles não têm tempo de juntar. Talvez ajudasse se a prefeitura colocasse uma caçamba aqui”, opinou.
Sem resposta
A reportagem de A União entrou em contato com a Autarquia Especial de Limpeza Urbana (Emlur) de João Pessoa para saber se há coleta de lixo em terrenos e qual a melhor forma de acondicionar o lixo para garantir que ele seja recolhido corretamente. Até o fechamento desta edição, não houve resposta.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 4 de dezembro de 2025.