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patrimônio tombado

Fonte da “Bica” aguarda restauração

publicado: 22/01/2024 08h55, última modificação: 22/01/2024 08h56
Segundo a coordenação do Parque Zoobotânico Arruda Câmara, há um impasse por parte do Iphan para reforma
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Presidente do Iphan, Emanuel Braga, diz que não é interesse do instituto, nem da prefeitura, ver a fonte degradada - Foto: Roberto Guedes

por André Resende*

A fonte que deu origem ao Parque Zoobotânico Arruda Câmara, em João Pessoa, patrimônio tombado pelo Instituto Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), aguarda por uma reforma há cerca de 15 anos. Os trabalhos para revitalização do local tinham sido anunciados na primeira reforma do parque em 2009, de lá para cá, no entanto, muitas outras obras foram realizadas, mas a fonte segue isolada, à espera de reparos.

A coordenação da Bica, por meio da assessoria de imprensa, informou que o impasse é causado por um atraso na execução por parte do Iphan, que é o verdadeiro responsável pela revitalização, uma vez que a obra é um patrimônio preservado. O presidente do Iphan na Paraíba, Emanuel Braga, explicou que foi assinado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para início dos trabalhos, porém, as melhorias só vão acontecer com a ordem de serviço.

Projeto

“Foi elaborado um projeto já no nível executivo para a restauração do monumento e atualmente, nessa nova gestão do Iphan, estamos em alinhamento com a prefeitura de João Pessoa, que é a proprietária do bem, para execução do projeto de modo mais urgente possível. Não é de interesse do Iphan, nem da prefeitura e muito menos da população de João Pessoa, da Paraíba como um todo, ver esse patrimônio naquele estado de degradação”, explicou.

De acordo com a coordenação da Bica, o local onde a fonte está instalada segue isolada com tapumes, à espera dos trabalhos. Em 2011, parte da parede do local, que estava escorada desabou, fazendo com que a fonte perdesse sua funcionalidade temporariamente. Desde então, a fonte passa por problemas de impermeabilização do solo, além da passagem da água sem controle e o enraizamento de árvores.

Monumento foi construído no ano de 1822

A fonte foi construída em 24 de dezembro de 1822, com a autorização, na época, da Provedoria da Fazenda. A estrutura foi montada no pequeno bosque de onde fluía o córrego. Já em 1831, foram expandidos os limites do sítio, concretizando-se sua construção definitivamente em 1889. Nessa época, o parque apresentava área de 43 hectares. O terreno foi desapropriado pelo prefeito Walfredo Guedes Pereira, entre 1920–1924.

Foi elaborado um projeto, já no nível executivo, para restauração do monumento. Estamos em alinhamento com a prefeitura, que é proprietário do bem - Emanuel Braga

O primeiro manancial d’água de João Pessoa foi a fonte da Igreja de São Francisco; depois a famosa ‘Bica’, no parque Arruda Câmara, bairro de Tambiá, que significa ‘olho d’água’.
No ano de 1948, a fonte do Tambiá, que também batiza o bairro onde está localizada, se tornou patrimônio nacional. Uma lenda indígena conta que um olho d’água brotou no bosque após a morte de um guerreiro de uma tribo rival. Esse guerreiro vindo de uma tribo do Cariri havia sido aprisionado por indígenas potiguaras que o mantiveram sob sua dominação algum tempo.

“O morubixaba potiguara, seguindo os rituais de sua tribo, ofereceu sua filha Aipré como esposa do Tambiá, conforme cerimônia que antecede a crucificação do inimigo, tendo esta se apaixonado pelo guerreiro cariri. Após a morte do Tambiá, Aipré permaneceu junto a sua sepultura por cinquenta luas, chorando diariamente a sua morte. Segundo a lenda, as lágrimas de Aipré deram origem a uma fonte, que passou a se chamar de Tambiá e assim originou o nome do bairro”, informou o artigo publicado por Rivamar Guedes da Silva e Mauro Guilherme Pinheiro Koury, intitulado “Tambiá: Medo, Cultura e Memória”.

Para além da lenda do seu nascimento, a “Fonte da Bica”, como ficou popularmente conhecida, segue aguardando os reparos para voltar a ser uma atração da população paraibana nas tardes de passeios.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 20 de janeiro de 2024.