Entender o paciente de uma forma global e dedicar cuidados que proporcionem conforto da melhor maneira possível, diante dos sintomas de uma doença ameaçadora da vida, sejam eles físicos, psíquicos, sociais e até mesmo espirituais. Esse é o conceito da Organização Mundial de Saúde (OMS), para cuidados paliativos, serviço que começa a ser implantado no Hospital Estadual de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, em João Pessoa, com a criação da Comissão de Cuidados Paliativos. O Trauma-JP é a quarta unidade de saúde pública, na Grande João Pessoa, a possuir esse serviço.
A Comissão é responsável por responder o parecer assistencial, quando o paciente está à frente de uma doença potencial ameaçadora a vida. Segundo o coordenador da comissão, o médico Alexandre Silva, a prioridade são o paciente e a família. “Uma vez que não se consegue reverter a situação clínica, vamos priorizar o conforto, a dignidade, o respeito e o controle dos sintomas. No processo ativo de morte é importante a família saber que o seu ente querido não sofre, não sente dor e não está só”, ressaltou.
O trabalho da comissão começa no momento em que é acionada por um dos setores sobre a condição clínica do paciente, através do sistema eletrônico. É estudado o caso e discutido com a equipe que assiste ao paciente. Após essas etapas, é marcada a conferência familiar, que é uma das pontas do triângulo; sem a conferência, a comissão não chega a lugar nenhum. E depois se encerra concluindo o parecer do setor que fez a solicitação.
De acordo com a enfermeira da comissão, Eva Porto, em pouco mais de um mês já foram realizadas mais de 30 conferências. “Contatamos a família e fazemos a conferência de forma a esclarecer todas as dúvidas dos familiares. Mesmo sendo um momento difícil, nunca registramos nenhum conflito”, concluiu.
Outro ponto destacado pelo coordenador é a questão do tempo. Para ele, quando a pessoa se vê frente à morte, a noção do tempo muda. Todo minuto é importante sempre, mas quando há a certeza da morte ele passa a ser precioso. “Após a conferência familiar, facultamos a visita presencial ao paciente, claro, tomando todos os cuidados que a atual realidade sanitária nos impõe, devido à pandemia. Neste momento eles podem fazer suas orações, preces e rezas”, pontuou.
O diretor geral do complexo hospitalar, Laecio Bragante, destacou a importância da implantação da Comissão de Cuidados Paliativos. “O Ministério da Saúde normatiza a oferta de cuidados paliativos como parte dos cuidados continuados integrados no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Fortalecer essa Comissão é um passo importante para melhorarmos o atendimento dos pacientes que se encaixam no que a OMS aponta como doença ameaçadora da vida”, afirmou.