por Alexsandra Tavares*
A pequena cidade de Itatuba, com população estimada em apenas 12 mil habitantes, é um dos municípios paraibanos cheio de diversidade. A multiplicidade vai desde a economia, baseada na agricultura, pesca e turismo, à rica cultura popular, até um passado com registro de passagens de Objeto Voador Não identificado (Ovni) e de fontes arqueológicas e paleontológicos.
Além de abastecer a cidade, a Barragem de Acauã ainda é fonte de renda para os pescadores. Eles retiram das águas de Acauã, principalmente a tilápia, peixe com maior fartura na região. O secretário de Cultura e Turismo da cidade, José Ronaldo Martins de Andrade Filho, afirmou que, há cerca de duas mil pessoas cadastradas na Colônia de Pescadores do município. “Então são duas mil famílias que tem na pesca o seu sustento”.
Mas Itatuba ainda é fonte de pesquisa arqueológicas, pois guarda registros de civilizações antigas encontradas na zona rural da cidade. Ronaldo Martins explicou que o município possui setes sítios arqueológicos e que, no ano passado, a Prefeitura fez um convênio com a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) para incentivar o levantamento de mais sítios ao longo deste ano.
“A maioria das inscrições é semelhante às Itaquatiaras do Ingá, são inscrições rupestres em relevo talhado, atribuídas à pré-história. Também têm pinturas, de origem indígena. A maior parte dessas ocorrências fica na região de alto relevo da cidade, que compreende os distritos de Serra Velha e Oiti”, declarou o secretário.
É no distrito de Serra Velha que também está um conjunto de pedras gigantes, situadas em pontos de alto relevo onde é comum a prática de turismo e esporte de aventura como rapel e escalada. Para se ter ideia da altitude, uma dessas pedras gigantes, chamada de Pedra do Campo, fica a 650 metros acima do nível do mar, sendo possível fazer trilha e escolher entre os dois pontos de rapel, cada um com 70 metros. Ainda há a Pedra do Convento, com ponto de rapel de 50 metros, e o Lajedo Bonito, com um ponto de 80 metros do esporte.
Outra peculiaridade da Serra Velha são os relatos do aparecimento de luzes de Objeto Voador Não Identificado (Ovni) sobrevoando o local. Segundo Ronaldo Martins, esses registros de estudiosos datam na década de 1970.
Muita gente também não sabe, mas Itatuba está inserida na Serra de Bodopitá, que faz parte do Planalto da Borborema. Essa serra tem uma das maiores reservas de minério de ferro do Nordeste. Ronaldo Martins contou que existem várias teses de mestrado e doutorado sobre o produto, que até hoje não é explorado, e uma das explicações é a dificuldade do acesso geográfico, que é bastante difícil.
Lenda da Pedra da Janela
O conjunto de pedras situado no distrito de Serra Velha também resguarda histórias de crenças populares como a lenda da Pedra da Janela. Segundo relatos do povo, antigamente, quando um casal estava prestes a se casar, um pessoa ia até os pés da pedra, se conectava com as divindades que acreditava e pedia os utensílios para a festa.
No outro dia, a pessoa ia ao local e lá estavam os utensílios de ouro, dentro de uma fenda que se abria na pedra. Após o casamento, o material era devolvido.
Mas os pedidos cessaram por causa da desobediência de uma jovem. O condutor local Diego Ferreira contou que a moça fez o pedido à pedra e não devolveu os utensílios após o casamento. A fenda nunca mais se abriu para entregar os objetos de ouro.
Por conta dessas histórias, pela beleza paisagística, cultural e pela prática de esporte, o conjunto de pedras é um dos pontos mais visitados em Itatuba.
Mosteiro e museu abertos à visitação
Outro local de visitação é o Mosteiro Mãe da Ternura, que ainda abriga religiosos. Mas também tem, em paralelo, o Museu de Oratório, que está aberto à visitação.
Os interessados em conhecer Itabuba podem entrar em contato pelos canais de comunicação da cidade: falando com o condutor local Diego Ferreira (9 8120. 7839) ou por meio do Instagram (@seturitatuba).
Evolução da cidade
A origem de Itatuba remonta da época em que foi uma vila chamada de Cachoeira das Cebolas, do município de Ingá, passando a ser distrito desse município na década de 1940. A emancipação só chegou em 17 de dezembro de 1961, por decisão do então governador Pedro Gondim.
Nessa época, tinha como destaque econômico o plantio do algodão, cuja produção abastecia a Fábrica Anderson Clayton e Cia, que beneficiava o produto em Ingá. Porém, com a disseminação do bicho do algodão, ou praga do algodão, a cultura foi destruída, restando apenas as demais plantações que existiam em paralelo, como milho e feijão.
Na década de 1980, a indústria alimentícia Rei de Outro, passou a funcionar em Itatuba, tornando-se uma importante geradora de emprego e renda. “Atualmente ela gera cerca de 450 empregos diretos na produção do fubá, salgadinhos, achocolatado, ração animale outros produtos”, afirmou o secretário de Turismo, José Ronaldo Martins.
O município tem 244 km² de área, e se localiza na microrregião de Campina Grande. Os encantos e mistérios da cidade agradam não apenas visitantes, mas também os próprios moradores. “Amo essa cidade, e tenho um enorme prazer em morar aqui”, contou Diego Ferreira, que é pessoense, mas há 34 anos reside no município.
Local de vaquejada vai virar parque para o povo
Anos atrás, a cidade de Itatuba era conhecida pelos eventos de vaquejada, realizados no Parque do Boi, local que foi desativado na antiga gestão municipal e desapropriado. O secretário de Cultura e Turismo, Ronaldo Martins, declarou que há um projeto de transformar o antigo Parque do Boi, em um parque público para a população.
O projeto já existe, e prevê uma série de atrativos para os moradores. O local, cuja área é de 8 hectares, contará com pista de caminhada, anfiteatro, jardim com planta nativa, entre outras estruturas de lazer. “Estamos concluindo o projeto, que está orçado em R$ 2 milhões, com recursos próprios”, frisou Ronaldo.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 13 de março de 2022