por Ítalo Arruda
Localizado na mesorregião do Agreste, o município de Natuba é uma das cidades paraibanas mais agraciadas pela natureza. A posição geográfica entre as serras, com destaque para o Planalto da Borborema, e as belezas naturais ao seu redor favorecem a circulação de visitantes e turistas que, facilmente, se encantam com as riquezas paisagísticas da “Terra da Uva”. O município ganhou este título devido ao cultivo e à comercialização do fruto, considerado o carro-chefe da economia e do desenvolvimento turístico na região.
Atualmente, Natuba é o maior produtor de uva do tipo Isabel na Paraíba, com mais de 2,6 mil toneladas de uvas produzidas em 2020, conforme dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É com a produção da uva que boa parte da população, estimada em pouco mais de 10 mil habitantes, garante o sustento financeiro.
Segundo o secretário municipal de Turismo e Juventude, Valdery Lucena, “a produção de vinho, licor e geleia, 100% artesanais, tem garantido, por meio dos pequenos e médios empreendedores, a geração de emprego e renda à população natubense”. Além disso, a visitação aos parreirais (nome que se dá à plantação de uvas) também é um atrativo turístico que movimenta o cenário econômico da cidade.
Outra fruta que se destaca na fruticultura de Natuba é a banana, cuja fibra de bananeira é utilizada para a fabricação de peças artesanais, comumente comercializadas nos estabelecimentos locais e dos municípios circunvizinhos.
Situado na serra do Pirauá, na divisa entre Paraíba e Pernambuco, o território de Natuba é confinante das cidades de Aroeiras, Gado Bravo, Salgado de São Félix, Umbuzeiro (município do qual foi distrito antes de se desmembrar, em 29 de novembro de 1961), além de Orobó, Casinhas e Vicência – cidades pertencentes ao estado vizinho.
Embora o município natubense tenha apenas 60 anos de emancipação política, alguns registros históricos apontam que pequenos povoados já habitavam a região nas últimas décadas do século 19, quando ainda pertencia a Umbuzeiro, com o nome de Trambeque, e, posteriormente, Barra de Natuba.
Origem indígena
A palavra Natuba tem origem indígena e significa “rio que nunca seca”. Não à toa, o município é banhado pelo Rio Paraíba, que, em 1875, chegou a inundar o pequeno vilarejo, deixando-o completamente destruído após uma enchente, conforme relatos de historiadores e pesquisadores.
A letra do hino municipal também reverencia a cultura das povos primitivos que ali viveram, quando se refere à cidade como “Filha das Selvas”, enaltece as águas fluviais que transcorrem pela região, e faz menção à memória do “sangue tupi-guarani”, que bate “no coração e nas veias” do povo natubense, cuja “história se guarda a lembrança”.
Parque ecológico é um dos pontos mais visitados
O ecoturismo é uma das principais atrações do segmento turístico no município de Natuba. A região possui uma grande quantidade de vales, cachoeiras e paredões rochosos, que atraem os praticantes de esportes radicais e os amantes de trilhas, camping e contemplação da natureza. O Parque Ecológico Municipal, localizado na área central da cidade, é um dos pontos mais visitados pelos turistas.
O local é aberto à visitação e reúne uma extensa área verde, além de piscinas naturais, barragens e cachoeiras, como a Cachoeira da Bica Grande, por exemplo, considerada a maior queda d’água da Paraíba (com cerca de 77 metros de altura) e bastante procurada para a prática de rapel.
O presidente da agência de turismo Natuba trilhar, Roberto Barros, acompanha diariamente dezenas de turistas interessados em desbravar o município. Ele destaca que, assim como as áreas de visitação pública, existem várias propriedades privadas que também oferecem opções de lazer aos visitantes.
Uma delas é a Fonte de Fervedouro – uma piscina natural, localizada na zona rural de Natuba, cuja água possui uma grande quantidade de ferro que pode, inclusive, ser utilizada na medicina alternativa para determinados tratamentos. “Temos um cenário extraordinário. Podemos dizer que Deus nos abençoou com tamanha riqueza. Além das cachoeiras, que não são poucas, podemos contemplar a beleza e os mistérios dos sítios arqueológicos espalhados pelo município”, ressalta Roberto.
Lajedos
Natuba também se destaca pelo conglomerado de granito, conhecido como Lajedo de Pedras, rodeado de grutas, ambientes cavernícolas e abismos que encantam e assustam os frequentadores. A 35 km da zona urbana, é possível visitar as Pedras do Bico, Pedra de Santo Antônio (na qual existe uma capela do santo casamenteiro) e Pedra do Navio. O local é palco de eventos religiosos e proporciona um dos mais belos visuais da região.
Pedra Pintada
Ainda pouco explorada, a Pedra Pintada é um local riquíssimo histórica e culturalmente. O sítio arqueológico reúne vestígios das primeiras populações humanas que habitaram aquelas localidades, como pinturas rupestres, fósseis e outros elementos que ainda precisam ser estudados e analisados.
De acordo com o secretário de Turismo e Juventude de Natuba, Valdery Nunes, “a pasta vem dialogando com arqueólogos e estudiosos da Universidade Estadual da Paraíba, a fim de firmar convênios para expedições e futuras pesquisas no local”.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 03 de abril de 2022