O número de reeducandos do sistema penitenciário da Paraíba aprovados no Exame Nacional de Ensino Médio para Pessoas Privadas de Liberdade (Enem PPL) edição 2020 teve um crescimento acima de 100% em relação ao ano anterior. De acordo com dados da Secretaria da Administração Penitenciária (Seap), 120 foram aprovados nesta última edição, enquanto em 2019 foram aprovados apenas 56. No total, 764 estudantes privados de liberdade entre homens e mulheres se inscreveram no Enem 2020.
O secretário da Administração Penitenciária, Sérgio Fonseca, destaca que “esse bom desempenho éresultado do esforço do governador João Azevêdo e do governo em cada vez mais ofertar oportunidades para que pessoas privadas de liberdade possam chegar a cursos de nível superior”. Ele informou que o 1° lugar geral foi conquistado por um apenado da Penitenciária Raimundo Asfora, em Campina Grande, que obteve 721,42 pontos de média. Já a maior nota da redação, conforme acrescentou, foi obtida por um reeducando da Cadeia Pública de Itaporanga com 840 pontos. E a Penitenciária PB1 obteve o melhor resultado do estado com relação ao maior percentual de aprovados, com 62,5% dos participantes aprovados.
Na edição 2019 dados da Seap já apontavam a melhoria no desempenho dos reeducandos na comparação com a edição do Enem-PPL 2018. No Enem-PPL de 2018, a média geral foi 614,00, e somente 30 apenados obtiveram média acima de 500 pontos. Na edição 2019, este número saltou para 56 apenados – entre homens e mulheres – que tiveram médias superiores a 500 pontos e a maior média geral foi 701,98.
Até sexta-feira (9), a Seap vai inscrever todos os aprovados no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) para concorrerem às vagas disponibilizadas pelas instituições públicas de ensino superior. Caso sejam selecionados, irão participar de forma virtual das aulas.
Enem PPL - Para ajudar os estudantes privados de liberdade na preparação para o Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), a Secretaria de Estado da Educação e da Ciência e Tecnologia (SEECT) em parceria com a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) realizou o projeto ‘Se Liga no Enem PPL - Educando para Liberdade’.
O projeto é uma experiência inicial no campo da Educação em Presídios desenvolvida em 53 unidades prisionais no estado da Paraíba, que visa oferecer às pessoas privadas de liberdade (PPL) um material didático de estudos preparatório para o Enem. Foram entregues apostilas com simulados, e a revisão desses simulados foi on-line, realizada pelos professores da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Graciliano Ramos e pelos professores do Programa Se Liga no Enem, por meio de videoaulas, podcast, TV e rádio.
O secretário Sérgio Fonseca considera de suma importância os benefícios que terão essas mais de 760 pessoas, homens e mulheres que almejam cursar uma faculdade. “O governador João Azevedo tem dado total apoio visando beneficiar o maior número possível de apenados com alfabetização, ensino fundamental, ensino médio, culminando com o Enem PPL. Enfim, salas de aulas estão à espera dessas pessoas inscritas. Acreditamos que esse projeto piloto ‘Educando para a Liberdade’ atingirá seus objetivos”, ressaltou.
As provas para pessoas privadas de liberdade e jovens sob medida socioeducativa foram realizadas nos dias 23 e 24 de fevereiro, nas próprias unidades prisionais ou socioeducativas. O conteúdo teve o mesmo nível de dificuldade do exame tradicional e contou com 180 questões objetivas divididas em Linguagens e Códigos, Ciências Humanas, Ciências da Natureza e Matemática, além da Redação.
O Enem PPL avalia o desempenho do participante que concluiu o ensino médio e, a partir de critérios utilizados pelo Ministério da Educação (MEC), permite o acesso ao ensino superior por meio de programas como Sisu, Prouni e Fies. Além disso, contribui para elevar a escolaridade da população prisional brasileira.
O exame é aplicado desde 2010 pelo Inep, em parceria com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, por meio do Departamento Penitenciário Nacional (Depen). O número crescente de participantes revela o sucesso da iniciativa, possível pela parceria do MEC e do Inep com as secretarias estaduais de segurança pública, de administração penitenciária, de direitos humanos e de educação.