Integrando igrejas coloniais de João Pessoa, o projeto Caminhos da Fé oferece uma rota turística diferente para quem visita a capital. Seu objetivo é apresentar a história da cidade a partir dessas edificações — que, para além do simbolismo religioso, são ricas em aspectos culturais, artísticos, arquitetônicos e históricos. Como parte da iniciativa, organizada pela Arquidiocese da Paraíba, antigos templos católicos pessoenses vêm passando, há mais de um ano, por procedimentos de restauração, conservação e manutenção.
Apoio
Atividades contam com orientação e supervisão do Iphan e do Iphaep, e a população tem ajudado a arquidiocese com doações para o projeto
Todo o processo de recuperação desses espaços conta com a orientação e a supervisão dos institutos do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (Iphaep). Segundo o padre Marcondes Meneses, diretor-geral do Centro Cultural São Francisco — um dos principais focos de restauro —, a empreitada é longa e vem avançando por fases. Entre as atividades desenvolvidas atualmente, está a segunda etapa de recuperação da azulejaria portuguesa dos muros do adro do Convento de Santo Antônio, que compõe o complexo do Centro Cultural. “A intervenção é feita nos azulejos figurativos e nos azulejos não figurativos. Agora, vai se iniciar o processo de restauração dos figurativos. Nos não figurativos, a gente já fez todo um trabalho de refixação”, conta o padre, acrescentando que, posteriormente, as atividades contemplarão a fachada do espaço.
Em meio à operação, também foi retirado um antigo preenchimento de reboco, que havia sido aplicado para cobrir lacunas da construção cujas peças de azulejo tinham se perdido. Em seu lugar, novas peças, baseadas em materiais mais próximos aos originais, foram colocadas. Já nas áreas onde permanecem os azulejos originais, foi realizado um processo de estabilização e de conservação, para preservá-los e prevenir danos. Nesse tipo de procedimento, os especialistas executam um tratamento específico para evitar o progresso do desgaste do material e impedir o acúmulo de água, o que gera infiltrações.
Operações devem abranger outros locais
De acordo com o padre Marcondes, além do Convento de Santo Antônio, as atividades ainda têm sido focadas em outro templo. “Nós já iniciamos uma intervenção na Igreja e no Mosteiro de São Bento. Nessa primeira etapa, a gente está fazendo o trabalho de recuperação de toda a cobertura, que compreende o telhado, o madeiramento… E, além dessa cobertura, a gente vai fazer todo um trabalho de requalificação dos espaços internos”, adianta o diretor-geral do Centro Cultural São Francisco.
Os serviços de restauração e de conservação das igrejas coloniais também devem englobar outros espaços que compõem o Caminhos da Fé, como a Catedral Basílica de Nossa Senhora das Neves — tudo com a aprovação e o acompanhamento do Iphan e do Iphaep, como assegura o padre Marcondes. “A gente tem que ter todo esse cuidado. Não é como uma reforma que se faz em um prédio novo; é diferente. Você tem toda a orientação dos órgãos e dos restauradores que são contratados, são empresas qualificadas para isso”, destaca. Ele revela, ainda, que, para a realização dos trabalhos, a arquidiocese também tem se valido de doações da população.
Visitações
Mesmo com as limitações impostas pelas atividades de restauração, o Centro Cultural São Francisco segue aberto a visitações. Já o Caminhos da Fé, conforme a Arquidiocese da Paraíba, deve ser retomado no próximo mês e prosseguir em janeiro de 2025, aproveitando a movimentação de visitantes durante a alta temporada de turismo em João Pessoa.
Conduzido por guias e monitores que contam a história do município com base nas igrejas coloniais locais — como a Igreja da Misericórdia e a Igreja do Carmo, além dos templos já citados —, o roteiro turístico costuma receber não apenas turistas, mas grupos de escolas e até moradores interessados em conhecer melhor o passado da cidade. Segundo o padre Marcondes, os passeios reúnem grupos de 30 a 40 pessoas. Para conhecer mais sobre o projeto e reservar visitações, pode-se acessar o perfil oficial no Instagram: @caminhosdafe.pb.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 27 de novembro de 2024.