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Orgãos da Paraíba investigam impactos do escândalo das carnes no estado

publicado: 18/03/2017 00h05, última modificação: 18/03/2017 11h39
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Cerca de 1.100 policiais federais participam da "Operação Carne Fraca", que apontou o ex-superintendente do Ministério da Agricultura no Paraná como suspeito de liderar esquema de propina - Foto: Reprodução/TV

tags: operação carne fraca , polícia federal , paraíba , agevisa


Lucas Campos - Especial para A União

A Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal na manhã de ontem, causou polêmica ao divulgar a informação de que algumas das principais empresas frigoríficas do país estariam, segundo informações preliminares, envolvidas em um esquema de pagamento de propina aos fiscais agropecuários do Ministério da Agricultura, de forma que pudessem vender produtos adulterados com químicos e até mesmo carnes vencidas. Parte desses alimentos teria sido fornecida para alunos da rede pública de ensino do estado do Paraná.

No estado da Paraíba, a Polícia Federal ainda segue investigando os impactos locais e regionais que esta fraude trouxe consigo. Paralelamente, a Agência Estadual de Vigilância Sanitária (Agevisa/PB) também está observando a questão com cuidado e ainda não disponibilizou informações sobre o caso. Dessa forma, ainda não é possível ter um posicionamento claro vindo desses órgãos, tampouco saber se essas carnes adulteradas estariam sendo negociadas no Estado e o que será feito a respeito para garantir o bem-estar dos cidadãos.

Segundo a Polícia Federal, cerca de 1.100 policiais estão participando desta investigação, que é a maior na história da instituição. Eles estão cumprindo 309 mandados judiciais, dos quais 27 são prisões preventivas, 11 são prisões temporárias, 77 são de condução coercitiva e 194 são de busca e apreensão. Este contingente está atuando nos estados do Paraná, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal.

Durante os quase dois anos de investigação, grandes empresas deste setor foram monitoradas pela polícia, como a BRF Brasil - que detém o direito de marcas como a Perdigão e a Sadia - e a JBS - que comanda a Friboi, a Seara, a Swift e algumas outras marcas. Executivos de ambas as empresas frigoríficas foram presos na manhã de ontem pelas forças policiais. Além disso, a Justiça Federal do estado do Paraná determinou o bloqueio de R$ 1 bilhão nas contas da BRF e da JBS.

A investigação também apontou que as superintendências regionais do Ministério da Pesca e da Agricultura dos estados do Paraná, de Minas Gerais e de Goiás emitiam certificados sanitários sem qualquer tipo de fiscalização. O ex-superintendente regional do Ministério da Agricultura no Paraná, Daniel Gonçalves Filho, tido como um dos principais suspeitos de liderar o esquema de propina que permitiu a adulteração das carnes, já teve a prisão preventiva decretada. Além dele, na casa do atual superintendente regional do Ministério da Agricultura no Paraná, Gil Bueno Magalhães, foram encontrados cerca de R$ 65 mil. Ele também teve a prisão preventiva decretada.

O delegado da Polícia Federal Maurício Mocardi Grillo relatou que o esquema também estava abastecendo partidos políticos. Segundo ele, ficou evidente dentro da investigação que parte do dinheiro da propina estava sendo direcionado para partidos políticos, como o PP e PMDB. Grillo também explicou que ainda não há como determinar os valores pagos em propina, mas a estimativa é de que alcancem a casa dos milhões.

Respostas

Em resposta às repercussões, algumas empresas já emitiram notas. A JBS admitiu que três de suas fábricas são alvo de investigação, mas repudiou a adulteração dos produtos e afirmou ainda que ela e suas subsidiárias trabalham de acordo com as normas regulatórias. Já a BRF apontou que está colaborando com as autoridades responsáveis pela investigação visando esclarecer os fatos. A Central de Carnes Paranaense também esclareceu por meio de nota que recebeu a visita dos policiais federais, mas que nenhum de seus funcionários chegou a ser detido.

Lista de todas as empresas que estão sendo investigadas:

  • Big Frango Indústria e Com. de Alimentos Ltda. 
  • BRF - Brasil Foods S.A.
  • Dagranja Agroindustrial Ltda./Dagranja S/A Agroindustrial.
  • E.H. Constantino
  • Frango a Gosto
  • Frigobeto Frigoríficos e Comércio de Alimentos Ltda.
  • Frigomax - Frigorífico e Comércio de Carnes Ltda. 
  • Frigorífico 3D
  • Frigorífico Argus Ltda. 
  • Frigorífico Larissa Ltda.
  • Frigorífico Oregon S.A.
  • Frigorífico Rainha da Paz.
  • Frigorífico Souza Ramos Ltda.
  • JBS S/A.
  • Mastercarnes.
  • Novilho Nobre Indústria e Comércio de Carnes Ltda. 
  • Peccin Agroindustrial Ltda./Italli Alimentos.
  • Primor Beef - JJZ Alimentos S.A.
  • Seara Alimentos Ltda.
  • Unifrangos Agroindustrial S.A./Companhia Internacional de Logística.
  • Breyer e Cia Ltda.
  • Fábrica de Farinha de Carne Castro Ltda. EPP