Notícias

Foram registrados alagamentos, queda de barreira e interdições de casas e rodovia em vários pontos da cidade

Os efeitos da chuva forte na capital

publicado: 26/05/2022 09h06, última modificação: 26/05/2022 09h06
transtonos_das_chuvas-ladeira_mangabeira-valentina-foto-edson_matos  (77).JPG

Foto: Edson Matos

por Juliana Cavalcanti*

As chuvas geraram diversos transtornos ontem na cidade de João Pessoa, entre eles, alagamentos em vários pontos da capital que prejudicaram a travessia de pedestres e comprometeram alguns veículos. A Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil de João Pessoa (Compdec/JP) registrou a média de 70,83 milímetros de chuvas, passando de 100 mm em alguns pontos.

O maior acumulado do período foi registrado no bairro do Cuiá, com 115 mm e Altiplano, com 101,2 mm. Além destes, a Defesa Civil Municipal apontou que até as 9h10 de ontem Tambauzinho registrava 86,8 mm e Manaíra 79,2 mm.

O acesso entre os bairros de Mangabeira e Valentina, a Rua Francisco Porfírio Ribeiro foi um dos pontos mais atingidos pela chuva. O alagamento no local provocou a interdição da via.

Alguns condutores contaram que esse foi um dos piores alagamentos já observados no local e vários lamentavam os prejuízos, porque insistiam em atravessar mesmo com a grande quantidade de água, que atingiu o motor de vários veículos. “Precisei passar e me molhei inteiro. A moto demorou a ligar, mas consegui. A gente tem medo, mas arriscamos para ir ao trabalho”, comentou o motoboy Ednaldo Silva.

O padeiro José Martins, por sua vez, mora em Nova Mangabeira e trabalha no bairro de Cidade Verde. Ele relatou que preferiu não passar na ladeira, mesmo sabendo que iria se atrasar para o trabalho. “Moro perto da ladeira. Mesmo assim, prefiro dar a volta por um caminho mais longo para não perder a minha moto”.

Outro ponto de alagamento é no Planalto da Boa Esperança, onde as águas da chuva invadiram ruas inteiras e entradas das residências. “Perdemos objetos e os motoristas tiveram prejuízos com os carros. A rua alaga totalmente e um calçamento amenizaria o problema. Quem tenta passar sozinho, fica com água na cintura”, explica José Pedro que mora no local.

Chuva em números

A cidade de João Pessoa ocupa atualmente a segunda posição no ranking entre os municípios paraibanos com os maiores índices pluviométricos este ano. Segundo um levantamento da Agência Executiva de Gestão das Águas da Paraíba (Aesa), a capital somou 1.154,7 mm, perdendo apenas para Cajazeiras com 1.178,8 mm milímetros acumulados este ano.

Segundo o coordenador da Defesa Civil Municipal, coronel Kelson Chaves, a Compdec-JP está atenta para os pontos de alagamento, deslizamento e áreas riberinhas.

A Aesa registrou 202,2 milímetros acumulados em João Pessoa, entre as manhãs da última sexta-feira e segunda-feira (23). Isso representa aproximadamente 70% da média histórica de chuvas do mês de maio.

De acordo com a meteorologista do órgão, Marle Bandeira, a presença de um aglomerado de nuvens que se deslocaram do oceano Atlântico em direção a costa leste da Paraíba, trouxe pancadas mais fortes de chuva. Este é um fenômeno comum no Estado nesta época do ano.

Uma moradia foi interditada em Mangabeira II. Uma parede no pavimento térreo caiu e dois cômodos, localizados no andar superior, apresentam rachaduras. A família foi abrigada em casa de parentes.

A Defesa Civil disponibilizou a população os números 0800-285-9020 ou 9.8831-6885 (WhatsApp) para que os cidadãos entrem em contato 24 horas em casos de emergência.

Conforme a Diretoria de Paisagismo da Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedurb) foi registrada uma queda de árvore, no Castelo Branco, na manhã de ontem. As equipes do órgão fizeram a remoção da via.

  • Desmoronamento interdita a BR-230 em JP

por José Alves*

Foto: Evandro Pereira

As fortes chuvas que caíram durante toda a madrugada de ontem provocaram o desmoronamento de parte da barreira do Castelo Branco. O deslizamento, segundo informações da assessoria da Polícia Rodoviária Federal (PRF) aconteceu por volta das 2h, e interditou totalmente o trânsito no quilômetro 18 da BR-230, no sentido João Pessoa/Cabedelo, entre os viadutos da UFPB e da Avenida Beira Rio.

A PRF fez um desvio na curva de acesso à Avenida Dom Pedro II. O trânsito ficou bastante lento e com enormes engarrafamentos, principalmente na rotatória da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

Em razão das condições climáticas e o desvio do trânsito dos condutores de veículos da BR-230 pela Avenida Dom Pedro II, a Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana (Semob-JP) liberou o uso da faixa exclusiva de ônibus para todos os veículos.

Os agentes da Semob também orientaram os motoristas de carretas de grande porte que trafegavam pela BR-230 em direção a Cabedelo, para que todos estacionassem seus veículos no acostamento e aguardassem o trânsito ser liberado na rodovia.

A Prefeitura de João Pessoa realizou ao longo do dia de ontem uma operação para retirada da terra na BR-230. O tráfego foi liberado totalmente por volta das 16h de ontem.

Interditações

Essa não foi a primeira vez que houve deslizamento de terras na barreira do Castelo Branco naquele trecho da BR-230 em período de chuva. Técnicos da Defesa Civil realizaram uma vistoria em diversas casas e interditaram sete delas. 

Pane em semáforos

Em razão das chuvas a Semob-JP também constatou pane em diversos semáforos na manhã de ontem. O problema na sinalização foi registrado na Avenida Hilton Souto Maior; em parte do bairro do Geisel e parte da Avenida Beira-Rio. 

Serviço

Em caso de ocorrência, a população deve acionar a Defesa Civil pelos números 0800-285-9020 ou 9.8831-6885 (WhatsApp). O serviço funciona 24 horas. Para informações sobre quedas de árvores a Semam disponibiliza o telefone 9.8645-8430, das 8h às 12h e das 13h às 17h, de segunda a sexta-feira. E ainda o telefone 3218-9208, Disque Denúncia, que funciona também como WhatsApp, das 8h à meia-noite, de domingo a domingo.

  • Desabamento de casa no bairro de Oitizeiro

por Juliana Cavalcanti*

Foto: Edson Matos

Uma casa desabou durante a noite da última terça-feira (24), na Rua Artur Ataíde, no bairro de Oitizeiro, na Zona Oeste de João Pessoa, devido as fortes chuvas. Na residência, morava o vendedor Ismael José de Lima, conhecido como “Buiú”,de 62 anos, que não estava em casa durante o desmoronamento.

Ele herdou o terreno de sua avó e morava sozinho na mesma casa há cerca de 20 anos, pois os seus únicos parentes vivos são alguns primos que não vê com frequência. “Eu não dormi em casa porque os vizinhos aconselharam a sair daqui sempre que chovesse. Por isso, passei a noite fora e quando voltei já não restava quase nada. Ainda queria buscar a minha bicicleta porque dependo dela para trabalhar, mas não pude”, contou.

Ismael vende produtos de limpeza passando de bicicleta pelas ruas de Oitizeiro e que esta ficou totalmente destruída com o desabamento. “Minha bicicleta ficou debaixo dos escombros. Também ficaram os produtos de limpeza que eu vendo. Só consegui tirar algumas roupas ontem com os vizinhos e tive sorte de não perder nenhum documento. Deixei todos guardados fora de casa e apenas o cartão do SUS estava perdido, mas já encontrei”, relata. De acordo com os vizinhos, a casa desabou por volta das 23h30.

Durante a manhã, eles tentaram entrar em contato com a Defesa Civil Municipal para encontrar uma nova moradia para Ismael. “Pela idade dele, ele precisa rapidamente sair daqui e de um novo local para morar, porque além de idoso, ele é sozinho”, comentou a vizinha Fabiana Alves.

Ainda segundo os moradores, a casa já dava sinais de que iria desabar. “No inverno do ano passado, caiu uma parte da casa e a frente dela já vinha ameaçando cair”, destacou a dona de casa Maria das Neves Aquino.

Mais da metade da casa já havia sido destruída e restava apenas a sala e um quarto. Porém, Ismael afirmou que ainda tinha esperanças de continuar no mesmo espaço sem nada acontecer. E mesmo com o acidente, ainda tentou entrar para recuperar algum objeto, mas foi impedido pelos vizinhos.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 26 de maio de 2022