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“bingo de mulheres”

PCPB ouve depoimentos sobre o caso

publicado: 12/03/2025 09h47, última modificação: 12/03/2025 09h47
Delegado à frente do inquérito afirma que denúncia pode envolver corrupção e aliciamento de menores
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Autoridades entrarão em contato com o padre Adauto, que denunciou o suposto evento ilegal | Foto: Reprodução/YouTube

por Bárbara Wanderley*

A Polícia Civil da Paraíba (PCPB) instaurou um inquérito para investigar a denúncia, feita por um padre, de que uma comunidade rural no município de Lagoa de Dentro, no Brejo paraibano, estaria sediando um bingo cujo prêmio seriam mulheres. De acordo com o delegado Sylvio Rabelo, responsável pela investigação, o caso  pode abranger crimes graves, considerando, inclusive, a possível participação de meninas menores de 18 anos.

“Podemos listar: corrupção de menores, favorecimento à prostituição, aliciamento e comércio de seres humanos — no caso dessas mulheres, mediante abuso e fraude”, afirmou o representante da PCPB, informando, ainda, que a polícia já começou a colher relatos da população local e deverá, em breve, ouvir o padre Adauto, da Paróquia São Sebastião, que chamou atenção para a suposta prática ilegal.

“Estamos ouvindo pessoas da sociedade, o Conselho Tutelar, e estamos marcando uma audiência para o depoimento do referido pároco. O nosso intuito é detalhar, investigar essa denúncia, esclarecer e responsabilizar criminalmente os envolvidos”, declarou o delegado.

O caso ganhou repercussão a partir de uma denúncia feita pelo padre Adauto durante uma missa, no último domingo (9), que foi transmitida ao vivo por meio do canal da Paróquia São Sebastião, no YouTube. Na ocasião, o religioso alegou que o “bingo de mulheres” reuniria, inclusive, homens casados. “Eu queria que levasse a mãe, ou a irmã, ou a filha, ou a sobrinha, ou a neta. Que tristeza”, desabafou o padre, durante a homilia.

Ministério Público

Além da Polícia Civil, o Ministério Público da Paraíba (MPPB) anunciou, ontem, ter dado início a um procedimento administrativo para apurar a mesma ocorrência. Conforme o promotor de Justiça Rafael Garcia, o órgão também entrará em contato com o padre Adauto, para obter detalhes que possam embasar a investigação, como nomes de possíveis envolvidos no suposto bingo, o espaço que sediaria a prática e o eventual envolvimento de crianças ou adolescentes, entre outras questões consideradas relevantes para a elucidação do caso.

O Ministério Público reforçou, ainda, que está aberto para receber denúncias que ajudem no avanço do processo. Além do atendimento presencial, disponível em qualquer unidade do órgão (de segunda a sexta-feira, das 7h às 13h), os cidadãos podem registrar relatos por meio dos canais digitais listados no site https://www.mppb.mp.br/faleconosco.

O órgão enfatiza que é fundamental que as denúncias sejam o mais detalhadas possível, para assegurar a devida responsabilização dos envolvidos.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 12 de março de 2025.