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Polícia investiga servidora federal suspeita de ser 'curadora' do jogo Baleia Azul

publicado: 19/07/2017 00h05, última modificação: 19/07/2017 08h18
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A mulher, que não teve a identidade revelada, foi detida em seu apartamento, no condomínio Brisa do Cabo Branco, em João Pessoa - Foto: Divulgação

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Cardoso Filho

Uma servidora aposentada da Justiça Federal foi conduzida e ouvida nessa terça (18) na sede do Grupo de Operações Especiais. Ela é suspeita de passar desafios para adolescentes e também de ameaçar quem decide desistir do jogo “Baleia Azul”, que induz adolescentes a cumprirem uma série de desafios perigosos, envolvendo desde automutilação a suicídio.

A mulher, que não teve a identidade revelada, foi detida em seu apartamento, localizado no condomínio Brisa do Cabo Branco, em João Pessoa. Na ocasião foram apreendidos computadores, celulares, cartões de memória e outros aparelhos eletrônicos que serão analisados por peritos da Gerência de Tecnologia da Informação (GTI). O apartamento foi periciado.

Mandado

Segundo o delegado Alan Terruel, coordenador do GOE, o mandado de busca e apreensão cumprido no apartamento da servidora aposentada foi expedido pelo juiz Alexandre Abrahão, da 1ª Vara Criminal do Rio de Janeiro. Também foi cumpridas determinações judiciais nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Amazonas, Pará e Sergipe. Um jovem de 23 anos foi preso em uma favela no Rio. Ele confessou ser um dos "curadores" do jogo.

Alan Terruel disse também que a mulher alvo da operação em João Pessoa, teria o papel de moderadora. E revelou que ela chegava a ligar para crianças e adolescente que desejavam desistir do jogo de modo ameaçador.

Ao ser ouvida pelo delegado, a mulher negou as acusações afirmando que vinha recebendo telefonemas estranhos. Solteira, ela reside sozinha. Alan Terruel informou que as investigações continuam e que estão em fase de coleta de dados.

PM realiza palestras nas escolas

O tenente coronel Arnaldo Sobrinho, coordenador do Centro Integrado de Operações Especiais (CIOP), que iniciou levantamentos e denúncias da existência de pessoas trabalhando como “curadores” do jogo Baleia Azul na Paraíba, disse que foi realizado minucioso relatório que foi compartilhado com as Polícias Civil e Federal que continuaram com as investigações, juntamente com órgãos de segurança pública de outros estados.

O oficial da Polícia Militar da Paraíba enfatizou que foram realizadas diversas palestras em escolas públicas e privadas com o objetivo de alertar sobre os perigos desse jogo, como também o risco da internet, principalmente para crianças e adolescentes. “Graças a Deus a repercussão do trabalho que realizamos junto a comunidade estudantil tem sido positiva no sentido de que esse jogo seja empacado”, comemora.

Arnaldo Sobrinho faz um alerta para que pais e responsáveis acompanhem o que os filhos estão fazendo na internet, quem são os amigos, e de que tipo de jogo participa. “Isso é importante porque acaba evitando que esses jovens sejam atraídos para situações que possam colocá-los em risco. Se identificar realmente que o filho se encontra em situação de risco é pedir apoio as autoridades”, conclui.

Além dos alertas o tenente-coronel Arnaldo Sobrinho faz algumas recomendações, entre elas, conversar com os adolescentes, conscientizando-os a respeito das consequências de práticas nada comuns; monitorar o uso da internet e também acompanhar as redes sociais dos filhos, principalmente saber quem são as pessoas com quem elas se conectam. Outro ponto abordado durante as palestras pelo coordenador do CIOP é para que os pais tenham atenção redobrada com os jovens que apresentem tendência a depressão, pois eles costumam ser especialmente atraídos por jogos como o da Baleia Azul e verificarem quando apresentarem mudança de comportamento.

Operação

A operação desencadeada a partir do Rio de Janeiro tem o objetivo de identificar e prender supostos “curadores” do jogo “baleia azul”, que é uma corrente que tenta induzir virtualmente seus participantes, a maioria menores de 16 anos, ao suicídio através de 50 desafios. Na favela Nova Era, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, um jovem de 23 anos, Matheus Silva, foi preso pelos agentes da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI). Ele confessou aos policiais que era um dos “curadores” do jogo.

A justiça do Rio de Janeiro expediu 24 mandados de busca e apreensão a serem cumpridos em nove estados, além de um mandado de prisão a ser cumprido no Rio de Janeiro.
De acordo com a polícia fluminense, o jogo da Baleia azul não existe oficialmente. Não há um site ou coisa assim. É uma iniciativa de criminosos que usam as redes sociais para impor desafios macabros a crianças e adolescentes. Um grupo de organizadores, chamados “curadores”, propõe uma sequência de missões que envolvem isolamento social, automutilação e suicídio.

Segundo a Safernet (associação que combate violação de direitos humanos na internet), ele surgiu de uma notícia falsa na Rússia que se espalhou a partir de 2015. Desde abril, a DRCI investiga várias pessoas que estariam relacionadas aos crimes envolvendo o jogo “Baleia Azul”.