Menos chuvas, em especial no interior do estado, temperaturas de 2 ºC a 3 ºC acima da média, dias mais longos e maior radiação do Sol. Essas são algumas das características climáticas que devem ser observadas durante a primavera, estação que começou no último domingo (22) e se estenderá até as 6h20 do dia 21 de dezembro. O prognóstico foi elaborado pelo Instituto Nacional de Metereologia (Inmet), em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e com a Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme).
De acordo com o Inmet, na Paraíba, assim como em outras localidades do Nordeste — a exemplo do Rio Grande do Norte, Ceará, Pernambuco, Alagoas e Sergipe —, o aumento das temperaturas será menos sentido na faixa litorânea, por conta da brisa marítima. O interior dos estados, por sua vez, sentirá mais a secura e a diminuição ou a ausência de chuvas. A ocorrência de dias mais longos, cada vez maiores que as noites, é justificada pela maior radiação solar no Hemisfério Sul.
De todo modo, o estado da Paraíba, por estar localizado próximo à Linha do Equador, deve sofrer variações climáticas menos acentuadas na passagem do inverno para a primavera, em comparação com outras regiões, segundo explica a metereologista Marle Bandeira, da Agência Executiva de Gestão das Águas (Aesa).
“Durante a primavera, os dias começam a ficar mais longos e as noites mais curtas. Neste período, a temperatura do ar começa a entrar em gradativa elevação, até a chegada da estação do verão. Nesta estação, as temperaturas variam de 19 ºC, no Cariri, a 36 ºC, no Sertão. No nosso estado, o período da primavera coincide com o período de estiagem, quando as chuvas são bastante reduzidas. No entanto, poderão ocorrer chuvas isoladas neste período”, diz.
Segundo o Inmet, maior radiação solar no Hemisfério Sul fará com que os dias sejam mais longos que as noites
La Niña atrai chuvas
O que pode contribuir para diminuir as temperaturas e trazer mais chuvas para o Nordeste — em especial, a oeste, ou seja, nas cidades de interior — é a ocorrência do La Niña, fenômeno natural que modifica a circulação dos ventos e favorece chuvas nas regiões Norte e Nordeste com mais frequência. Conforme previsão do Inmet, a probabilidade de início do fenômeno, entre os meses de outubro e dezembro, é de 60%. Há, ainda, 58% de chance de antecipação do La Niña para setembro.
Prognóstico nacional
No Brasil, as chuvas podem ficar acima da média, em especial em pontos isolados nas regiões Norte (Acre, Roraima e sudoeste do Amazonas), Sul (Rio Grande do Sul) e no sudeste da Bahia. Também pode haver retorno gradual das chuvas nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, no Centro-Oeste.
Por outro lado, as precipitações diminuem no Nordeste, com exceção do sul da Bahia, Maranhão e do sul do Piauí. Durante a primavera, os acumulados de chuva no norte do Nordeste costumam ser inferiores a 100 milímetros, principalmente, no norte do Piauí e noroeste do Ceará, segundo o Inmet. As temperaturas são mais elevadas em grande parte do Norte, no interior do Nordeste e em alguns pontos da parte central do Brasil. Além disso, com as mudanças climáticas, é possível que os fenômenos possam ficar mais frequentes e mais fortes, com secas severas ou enchentes, dependendo das características de cada região.
Árvores aumentam a umidade e aprimoram a qualidade do ar
Imagine um local seco, propenso a secas mais extremas e que, em época de chuvas, pode sofrer inundações inesperadas e potencializadas. Esse seria o cenário de um ambiente completamente sem árvores. São elas as responsáveis por uma série de necessidades do meio ambiente e dos próprios seres humanos, como aumentar a umidade do ar, evitar erosão ao longo dos rios, produzir oxigênio a partir da fotossíntese, fornecer sombra, ajudar a diminuir temperaturas e servir de abrigo para uma série de espécies animais. Nas cidades, elas ainda aprimoram a qualidade do ar, absorvem ruídos e reduzem a poluição. Por essas funções fundamentais e por anteceder a chegada da primavera, comemorou-se, no último sábado (21), o Dia da Árvore.
Essencial
Além de embelezar os espaços urbanos, a arborização é fundamental para garantir conforto climático nas cidades, pois reduz a poluição e gera oxigênio
João Pessoa tem, atualmente, 32% de seu território ocupado pelo verde. Contam-se, na capital paraibana, entre 250 mil e 300 mil árvores viárias urbanas — aquelas localizadas em canteiros, praças, calçadas, parques e na orla —, além de diversas áreas verdes em reservas, unidades e parques de conservação.
“Em relação à média do Brasil, que é de 13%, nós ainda estamos bem, mas precisamos de muito mais árvores. A cidade tem crescido, especialmente na Zona Sul, área onde se preservava mais. Temos o crescimento imobiliário em expansão, e precisamos plantar bem mais. Nossa estimativa no programa Viva o Verde tem a expectativa de levar essas árvores viárias ao patamar de 500 mil, fora as áreas de recuperação degradadas, as matas ciliares dos rios e a recuperação de nascentes”, observa o diretor de Controle Ambiental da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semam) da capital, Anderson Fontes.
Como plantar mudas
Para quem deseja ser um arboricultor na cidade, é preciso atentar para algumas questões, como as características da área — se é na calçada, no jardim ou no quintal e se é grande ou pequena.
“A árvore, quando vai morar na cidade, precisa estar bem colocada para desenvolver suas raízes, não crescer sobre fiação, não estar próxima ao telhado. Tendo espaço adequado, vai-se à busca da espécie correta. Quem pode dar a resposta é o órgão que trabalha com arborização, no caso de João Pessoa, a Divisão de Arborização e Planejamento da Semam. De preferência, nativa da Mata Atlântica. Se plantar frutíferas, é preciso cuidado com podas e tratamento sanitário para combater fungos”, orienta.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 24 de setembro de 2024.