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Quase 2 mil estudantes têm apoio psicossocial na UEPB

publicado: 18/03/2018 00h05, última modificação: 18/03/2018 01h24
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Eveline Araújo, psicóloga, e Edna Medeiros, assistente social, integram a equipe do Núcleo Psicossocial da UEPB - Foto: Cláudio Góes

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Chico José

Os alunos da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), que tem problemas psicológicos, emocionais, familiares ou de outra natureza que possam interferir ou comprometer o seu aprendizado, contam com um forte aliado para acompanhamento, busca de soluções, resgate da autoestima e do interesse pela conclusão dos cursos escolhidos. Esse aliado é o Núcleo de Apoio Psicossocial da Pró-Reitoria Estudantil (Proest), criado em 2013 e com atuação nos oito campus da instituição de ensino superior. Quase dois mil estudantes, dos oito campi da Universidade Estadual da Paraíba, receberam, nos anos de 2015, 2016 e 2017, assistência do Proest. Em 2015, 274 alunos foram assistidos. Em 2016, o número de estudantes atendidos saltou para 812, e, em 2017, foi de 753. Nesses primeiros 65 dias de 2018, já chega a 86 o número de atendimentos.

A professora Núbia do Nascimento Martins, pró-reitora Estudantil, explica que o Núcleo Psicossocial oferece atendimento às questões psicológicas, sociais, familiares e acadêmicas apresentadas pelos estudantes da UEPB. Para isso, ela conta com a experiência da assistente social Edna Medeiros e da psicóloga Eveline Rodrigues. De acordo com Edna Medeiros, na maioria dos casos, os estudantes enfrentam problemas de ordem psicológica, transtornos de humor, depressão e ansiedade, que podem interferir no seu rendimento escolar.

A psicóloga Eveline Rodrigues destaca que “o estudante que apresenta transtorno de humor tem dificuldade de concentração em sala de aula e de relacionamento com professores e os colegas”. Ela relata que, entre os universitários nos quais esses problemas foram identificados, alguns chegaram a manifestar a ideia de desistir dos cursos para os quais foram aprovados na UEPB. Eveline informa que o acompanhamento psicossocial dessa clientela é quantitativo e qualitativo. Ela menciona o caso de um aluno do Rio Grande do Norte que apresentou transtorno mental. “Mas houve todo um esforço de resgate desse aluno, que retomou suas atividades acadêmicas na Universidade”. A assistente social Edna Medeiros e a psicóloga Eveline Rodrigues ressaltam que o trabalho envolve os familiares dos alunos que têm suas demandas atendidas pelo Núcleo Psicossocial.

As ações do núcleo, segundo a pró-reitora Núbia Martins, são voltadas aos alunos cujos vínculos familiares são fragilizados. “A equipe atua de forma eficiente, por meio de uma ação sistêmica”, ressalta. A equipe também direciona sua ação no sentido de orientar os alunos recém-chegados sobre as mudanças do ensino médio para o ensino superior. De acordo com a psicóloga Eveline Rodrigues, uma parcela dos estudantes vivencia problemas de saúde na família. Nesse caso, é feito um acompanhamento por meio de articulação do núcleo com outras instâncias da universidade. Ela relata o caso de uma estudante de Matemática que, por questões psicológicas, estava em vias de desistir do curso. “Essa estudante passou por acompanhamento psicossocial, trancou a matrícula, mas retornou à sala de aula”, informa a psicóloga.

Agradecimento

A pró-reitora Núbia Martins atesta que quando o estudante é assistido e se recupera dos problemas que podem atrapalhar o seu desempenho acadêmico, “ele manifesta agradecimento e a satisfação de retornar aos bancos da Universidade”. Segundo ela, a meta do Núcleo Psicossocial é a de intensificar os atendimentos. Para tanto, será realizado na primeira semana de abril o Seminário de Valorização da Vida. O evento terá como objetivo mostrar o trabalho do núcleo e oferecer atendimento durante sua realização. Serão desenvolvidas ações de escuta qualificada para detectar os problemas e, ao mesmo tempo, o estudo das providências para sua solução.

Além das questões sociais, psicológicas e familiares dos alunos, o Núcleo Psicossocial da UEPB também se depara com problemas de alcoolismo e uso de drogas, exigindo atendimento, com intervenção sistemática, sensibilização e psicoeducação. “A gente faz uma avaliação positiva desses cinco anos de funcionamento do núcleo, com redução significativa dos problemas de ordem psicológica apresentados pelos estudantes”, comemora Núbia Martins.

Transporte e ajuda de custo para eventos

A pró-reitora destaca a relação aluno e professor, e aluno com aluno. A clientela carente da UEPB é atendida com bolsa manutenção (total ou parcial), Restaurante Universitário com 600 alunos cadastrados e tutoria para auxiliar o estudante com deficiência. Segundo a professora Núbia, a administração central, na pessoa do reitor Rangel Júnior, tem dado suporte total às ações do Núcleo Psicossocial, apesar das deficiências orçamentárias da Universidade Estadual da Paraíba.

As ações da Pró-Reitoria Estudantil não se restringem apenas ao trabalho desenvolvido pelo Núcleo Psicossocial, cuja importância está refletida nos números referentes às demandas atendidas. A Proest disponibiliza transporte e ajuda de custo para que os estudantes participem de eventos e ainda oferece aulas de canto. “Há, ainda, uma demanda expressiva pela moradia universitária”, lembra a pró-reitora.

A moradia universitária é destinada aos estudantes de outros municípios (ou estados) comprovadamente carentes e que por isso mesmo não dispõem de recursos para pagar moradia. Para conseguir o benefício, todos passam por processo seletivo. A moradia estudantil é oferecida em apartamentos mobiliados para estudantes dos sexos masculino e feminino. Periodicamente, a Proest faz visitas a esses locais, para conferir como está o funcionamento. O Núcleo Psicossocial ainda atende a quatro estudantes com deficiência de audição. Para esses alunos, o núcleo oferece intérprete de Libras, a Língua Brasileira de Sinais. Para ter uma visão global de todas as demandas, o núcleo solicita às coordenações de cursos da UEPB que sinalizem os problemas identificados nos estudantes.

Alunos relatam apoio recebido

A aluna Josélia (nome fictício) relatou que em 2017, ano da conclusão do seu curso, passou por momentos conturbados, os quais incidiram sobre seu desempenho acadêmico. “Não conseguia estudar em casa, nem tampouco na universidade. Estar em sala de aula era um desafio quase insuportável. Sempre vinham crises de choro, seguidas de falta de ar, angústia e outros sintomas. Foi então que uma amiga me falou sobre o Núcleo de Apoio Psicossocial da Proest. Procurei o núcleo e fui lá acompanhada da assistente social Edna Medeiros e da psicóloga Eveline Araujo”, relata.

A estudante afirma que pode, a partir do acompanhamento psicossocial, reorganizar sua vida emocional, social e acadêmica, o que lhe possibilitou a conclusão do curso no tempo previsto. “Sou muito grata pelos resultados que surgiram a partir das escutas e das intervenções propiciadas pelo Núcleo Psicossocial. Por isso recomendo o núcleo a todos os discentes que passam por situações iguais, ou similares a que eu enfrentei”, diz a estudante.

Outra aluna deu o seguinte depoimento: “Em setembro de 2017 vivi uma fase muito difícil da minha vida. Entrei em estado de humor muito crítico e minhas capacidades mentais foram atingidas por esse processo. Como por exemplo, a grande dificuldade de me concentrar nas aulas, o excesso de estresse, o choro frequente. Chorei por quase dois meses todos os dias”. A estudante diz que chegou um dia em que não aguentou mais e, seguindo conselhos de uma colega e de familiares, resolveu trancar o curso. Quando se dirigiu à coordenação para proceder ao trancamento, foi orientada a procurar a psicóloga Eveline Araujo e a assistente social Edna Medeiros, do Núcleo de Apoio Psicossocial da Pró-Reitoria Estudantil. “Hoje, retornei ao meu curso, me sinto leve e feliz, com problemas de pessoas normais, mas com grande diferença do que já vivi”, relata a aluna, que também preferiu não se identificar.

A estudante do Curso de História Vivian Gualberto, natural de Imaculada, no Sertão da Paraíba, relata que estava morando com uma tia, no município de Puxinanã, na região de Campina Grande, mas vinha enfrentando problemas de adaptação. Esses problemas, segundo a universitária, vinham interferindo no seu rendimento escolar. Depois do acesso à Pró-Reitoria Estudantil, ela passou pelo atendimento psicossocial e, finalmente, conseguiu uma forma de equilíbrio emocional para continuar no curso. Foi contemplada com bolsa manutenção e moradia. Ela está no 3º período do Curso de História no Campus I da UEPB.