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Rede Cuidar participa de pesquisa que identifica estímulo cerebral em crianças com microcefalia

publicado: 07/02/2020 12h47, última modificação: 07/02/2020 12h47
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tags: REDE CUIDAR , PESQUISA , ESTÍMULO CEREBRAL , MICROCEFALIA


A Paraíba é pioneira na realização da Espectroscopia Funcional por Infravermelho Próximo em crianças com microcefalia. Responsável por identificar a melhor área do cérebro a ser estimulada, o exame faz parte do Projeto Infecção Congênita pelo Zika, pesquisa realizada por meio de uma parceria entre a Secretaria de Estado da Saúde (SES), com a Rede Cuidar, o Departamento de Fisioterapia do Centro de Ciências da Saúde, o Departamento de Promoção da Saúde do Centro de Ciências Médicas e o Departamento de Biotecnologia do Centro de Biotecnologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). A coleta foi realizada entre os dias 04 e 06 de fevereiro no Laboratório de Estudos em Envelhecimento e Neurociência (Laben) da UFPB.     

O exame é usado para investigar os níveis de oxigenação da região mais periférica dos tecidos cerebrais das crianças. Uma das pesquisadoras do projeto, Elidianne Araújo, pontua que a Espectroscopia Funcional por Infravermelho Próximo não é um exame invasivo e por isso não é necessário que a criança seja sedada para realizar a coleta. “Esse é um exame por imagem. A criança veste uma touca que possui vários eletrodos. Sentada no colo da mãe, ela vai receber vários estímulos e o aparelho vai coletar informações do cérebro que são enviadas, em tempo real, para o software instalado no computador do pesquisador”, explica. 

O cérebro é dividido em várias regiões que são responsáveis pela cognição, motricidade, linguagem e atenção, por exemplo. Identificando os níveis de oxigenação, de hemoglobina e desoxihemoglobina no cérebro da criança examinada, é possível saber quais são as áreas que, porventura, podem apresentar algum distúrbio neurológico. 

A coordenadora da Rede Cuidar, Juliana Soares, destaca que esse exame é inédito no mundo. Ela afirma que nunca foi realizado esse tipo de coleta ou não existe esse tipo de parâmetro de oxigenação nas crianças com microcefalia. “De fato, nós só vamos descobrir o que ele representa após realizar o exame e fazer a leitura e interpretação dele, porque esse é o primeiro dado que a gente vai ter em relação a essas crianças”, observa. 

Para obter resultados mais precisos, os pesquisadores também realizaram a Espectroscopia Funcional por Infravermelho Próximo em crianças saudáveis sem microcefalia e sem afecções neurológicas. A ideia é fazer um comparativo entre os dois grupos. O exame, na Paraíba, foi realizado em parceria com a Universidade Federal do ABC, São Paulo, por meios dos pesquisadores João Sato e Claudienei Biazoli.

A dona de casa Raissa Castro é uma das mães de criança com microcefalia que participa do projeto desde o início. Para ela, esse exame é uma esperança de compreender as possibilidades de desenvolvimento de seu filho Kennedy, de apenas 4 anos. “O resultado desse exame vai trazer melhoria pra gente. Ele vai trazer um entendimento mais profundo de como o cérebro do meu filho trabalha e isso vai me ajudar a cuidar melhor dele”, completa. 

O Projeto Infecção Congênita pelo Zika existe há um ano e tem o objetivo de fazer uma análise global de fatores de risco e intervenção neuromoduladora para crianças com microcefalia.