Marcos Lima
A opção pela energia solar foi a solução encontrada por paraibanos na redução dos custos com a energia elétrica em seus estabelecimentos ou propriedades. Produtores rurais, pequenos e micro empresários e até donos de postos de gasolinas já colecionam lucros que jamais pensariam, alguns, até com uma economia de 96% em relação ao que pagavam antes de aderirem ao novo sistema.
É o caso do comerciante Alcides Lourenço da Silva, proprietário do Mercadinho Vitória, situado na cidade de Gurinhém, distante a 75 quilômetros de João Pessoa. "Eu já tinha esse projeto em mente há muito tempo. Estudei ele e logo adquiri a instalação dos painéis fotovoltaicos. Minha conta de energia elétrica era em torno de R$ 2.500, e hoje baixou para R$ 100,00", comemora Alcides, que implantou uma usina solar na cobertura do estabelecimento, passando a gerar energia para consumo próprio.
Para chegar a essa economia, pagando atualmente apenas 4% dos R$ 2.500,00 antes cobrado na conta de energia elétrica, o proprietário do Mercadinho Vitória fez um investimento de R$ 105 mil e buscou o Banco do Nordeste para financiar as instalações. A instituição bancária de Alagoa Grande atendeu ao cliente, financiando 75% do valor do investimento. Assim, a empresa passou a gerar energia para consumo próprio e avalia expandir o comércio com a instalação de uma câmara fria, em próxima etapa.
O valor investido na aquisição dos painéis fotovoltaicos ainda não foi recuperado pelo comerciante Alcides Lourenço da Silva. "Faz apenas três meses que instalei o sistema de energia solar no mercadinho, mas se trata de um sistema ótimo de energia, cujo meu gasto reduziu consideravelmente", disse, recomendando a instalação dos painéis fotovoltaicos para qualquer pessoa interessada e alegando que tem um ano de carência para o pagamento do sistema de energia solar instalado em sua propriedade.
José Cândido, que reside no Sítio Serra Verde, na cidade de Ingá, distante a 95 quilômetros da capital João Pessoa, é outro paraibano que coleciona lucros importantes na conta da energia elétrica. Produtor rural, ele teve uma redução de 97% em sua conta de energia elétrica no primeiro mês logo após a instalação do sistema dos painéis fotovoltaicos. Outros produtores rurais da região, que não pagam ICMS na conta da energia elétrica, tiveram redução de 95%. Onde não se possui taxa de iluminação pública, a redução é ainda maior, conforme as empresas que trabalham com este sistema. Em Alagoa Grande, a Pousada do Pandeiro tem reduzido bastante os gastos na conta da energia elétrica, com a instalação do sistema de energia solar, sendo um exemplo para o setor turístico do estado. Várias placas fotovoltaicas foram instaladas no telhado do imóvel, convertendo os raios solares em eletricidade. O sistema instalado no empreendimento é composto por 20 módulos fotovoltaico, que gera uma média de 700 a 800 kWh/mês, energia esta que alimenta todo o ambiente.
Procura pelo serviço cresce na PB
Miguel Melo é diretor da Empresa i9 Engenharia Brasil e trabalha com a implantação do sistema de instalação dos painéis fotovoltaicos na Paraíba há algum tempo. A procura pela instalação da energia solar em propriedades públicas e privadas tem crescido consideravelmente, segundo ele. “Temos uma grande procura, principalmente por empresas e produtores rurais, devido a existir uma linha de financiamento oferecendo ótimas condições e juros abaixo do mercado para esse segmento da população”, afirmou.
No ano passado, de acordo com Miguel Melo, o aumento foi de grande proporção em relação a 2016, isso porque, a partir de março de 2016, entrou em vigor a Resolução 687/2015 da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), a qual regulamenta o setor da energia solar em todo Brasil, criando condições favoráveis aos cidadãos ou empresas que pretendiam aderir ao uso da energia solar.
A Empresa i9 Engenharia Brasil trabalha muito com linhas de financiamento bancário para o sistema. Operador do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), o Banco do Nordeste oferece a linha do FNE Sol, que trata de linha específica para implantação de sistemas de micro e minigeração de energia elétrica fotovoltaica, eólica, de biomassa ou pequenas centrais hidroelétricas (PCH).
“Como as linhas de financiamento com juros mais baixos pelo BNB contempla apenas produtores rurais e pessoa jurídica, o público que mais nos procura são empresas como panificadora, frigoríficos, postos de gasolina e supermercados, seguido de produtores rurais, onde estes têm um custo mais elevado com energia para tocar suas atividades”, garantiu Miguel Melo.
A maioria das placas dos painéis fotovoltaicos são de origens alemãs e chinesas, conforme Miguel Melo, isso devido à grande produção nesses países e o baixo custo, eles conseguem ter competitividade nos produtos de primeira linha com garantia de 25 anos. “A instalação é rápida. Os projetos residenciais custam em média dois dias. Já os projetos comerciais levam em média uma semana”, explica o diretor da i9 Engenharia Brasil. Por fim, Miguel Melo disse que o custo é de acordo com a conta de energia elétrica. “Geralmente um projeto de energia solar se paga em quatro anos, ou seja, 48 meses. Então, se um cliente paga R$ 1 mil de energia, um projeto desse seria R$ 48 mil.
"Há outras variáveis para dimensionarmos o valor de um projeto, como local de instalação e tipo de telhado. Mas no geral fazemos essa conta rápida para mostrarmos a viabilidade do investimento. É como se o cliente saísse do aluguel para a casa própria”, assegurou. Além da i9 Engenharia Brasil, outras empresas também trabalham na instalação da energia solar no estado. Destaque para a Solbras - Energia Solar do Brasil, com sua sede em Goiás. A empresa está implantando a usina suspensa fotovoltaica da Vitrium, que fica em Cabedelo, na Grande João Pessoa.
BNB incentiva instalação no Nordeste
O Banco do Nordeste do Brasil (BNB) é um dos maiores incentivadores na instalação do sistema de energia solar no país. Na Paraíba, muitas são as pessoas que recorreram a linhas de créditos para por em prática um desejo antigo. Através do Programa de Financiamento à Micro e à Minigeração Distribuída de Energia Elétrica (FNE Sol), recursos continuam sendo liberados para beneficiar a população interessada. De acordo com a Assessoria de Comunicação Social do banco, o FNE Sol visa contribuir para a sustentabilidade ambiental da matriz energética da Região Nordeste, oferecendo uma linha de crédito especialmente desenhada para o financiamento de sistemas de micro e minigeração distribuída de energia por fontes renováveis, para consumo próprio dos empreendimentos.
Uma cartilha de financiamento a Micro e à Minigeração Distribuída de Energia Elétrica tem sido distribuída com frequência pelo Banco do Nordeste com interessados na instalação do sistema dos painéis fotovoltaicos. De acordo Francisco Maxshwell dos Santos de Oliveira, gerente executivo de comunicação do BNB, o programa financia todos os componentes dos sistemas de micro e minigeração de energia elétrica fotovoltaica, eólica, de biomassa ou pequenas centrais hidroelétricas (PCH), bem como sua instalação. Segundo ele, o público-alvo são todos os portes de empresas industriais, agroindustriais, comerciais e de prestação de serviços, produtores rurais e empresas rurais, cooperativas e associações legalmente constituídas.
Governo mantém programas
O governo do estado também possui programas voltados exclusivamente para a população, principalmente a rural, que queira instalar nas suas casas ou propriedades o uso da energia solar. Por meio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural da Paraíba (Emater-PB), integrante da Gestão Unificada (Emepa/Interpa/Emater) vinculada à Sedap, vários eventos já foram promovidos para incentivar e atrair agricultores familiares a aderirem ao Programa de Energia Solar para o uso de irrigação e outras tecnologias no campo. O objetivo é reduzir custos com a energia elétrica e aumentar a produção sem agredir o meio ambiente.
A região administrativa da Emater em Itabaiana, coordenada pelo técnico Paulo Emílio de Sousa, por exemplo, já realizou diversos encontros sobre energia solar fotovoltaica para famílias agricultoras dos municípios de Ingá, Gurinhém, Pedras de Fogo, São Miguel de Taipu, Mogeiro, Itabaiana, Pedras de Fogo e Salgado de São Félix. Vários são os projetos já em execução, dos quais, alguns em fase de elaboração e outros já aprovados pelo Banco do Nordeste.
Pioneiro no Brasil, o projeto Cidade Madura, que trata da gestão pública de habitação voltada ao idoso, tem sido referência no país por implantar nos imóveis o sistema de instalação dos painéis fotovoltaicos, gerando energia solar e reduzido os custos nas contas da energia elétrica dos habitantes. O uso da energia solar fotovoltaica começou como um projeto piloto da Cehap, que o implantou em casas populares no Bairro de Mangabeira, na capital. Com isso, as famílias residentes conseguiram até 70% de redução do consumo médio de energia elétrica.
A elaboração do projeto foi feita em 2011 e a obra foi iniciada em 2013, em João Pessoa, com inauguração em julho de 2014. Em Campina Grande, outro projeto do Cidade Madura foi inaugurado recentemente, em maio deste ano. Em maio de 2015, o governo do estado lançou o manual 'Construção Consciente', que fixa diretrizes para a utilização de tecnologias sustentáveis para a habitação de interesse social no estado. Estudos para o projeto de Energia Solar Fotovoltaica datam de 2011, quando a Companhia avaliou o Plano de Habitação do Programa 'Minha Casa, Minha Vida II'”.