Entrega de panfletos, vacinação e orientação sobre prevenção das arboviroses. Essas foram algumas ações realizadas ontem pela equipe da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de João Pessoa em duas escolas da capital: Instituto Dom Adauto e a Escola Municipal de Ensino Integral Rotary Francisco Edwar de Aguiar, ambas em Jaguaribe. A iniciativa faz parte do plano de enfrentamento ao mosquito Aedes aegypti que teve início ontem e, segundo a SMS, deve se estender para todas as escolas do município e também as particulares.
Entre os objetivos, a campanha busca a imunização de crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, que atualmente já estão recebendo as doses da Qdenga, vacina tetravalente que protege contra os quatro sorotipos do vírus da dengue – DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4.
No Instituto Dom Adauto, a equipe do programa Saúde na Escola, além de agentes de saúde, promoveram a vacinação de seus alunos contra a dengue. A unidade, que tem 72 anos de história, está localizada em um dos bairros da capital onde a incidência da doença mais tem chamado a atenção.
De acordo com a diretora de Atenção à Saúde de João Pessoa, Alline Grisi, que esteve no Instituto Dom Adauto, a ação será realizada em todas as escolas do município e, em um segundo momento, também nas particulares.
Serão duas unidades por dia contempladas com a ação. A Escola Municipal de Ensino Integral (EMEI) Rotary Francisco Edwar de Aguiar foi a segunda a receber a campanha. “Escolhemos o bairro por conta da incidência maior do mosquito. Além de vacinar as crianças, também vamos orientá-las sobre o combate à dengue. A ação inclui momentos em sala de aula, quando iremos falar sobre os cuidados e, principalmente, como prevenir o mosquito, para que os alunos possam levar para casa essas informações”, reforça Alinne.
Vacinação
Quanto à vacinação, Alline Grisi conta que adesão à Qdenga começou fraca na cidade, mas com o trabalho de conscientização que vem sendo feito, esse cenário está mudando. “Tanto é verdade que falamos com os pais da Escola Dom Adauto, demos as autorizações, e eles autorizaram [os pais precisam assinar o termo de consentimento para liberar a aplicação da Qdenga]. Ficamos muitos felizes com o resultado.” E complementa: “recebemos 21 mil doses da vacina, o objetivo é alcançar esse número na cidade”.
A enfermeira Taís Paiva, da Unidade de Saúde da Família (USF ) Cordão Encarnado II, responsável por coordenar a aplicação das vacinas nos estudantes, lembrou que a campanha está sendo realizada nas unidades de saúde e policlínicas da capital, mas como a procura pelo imunizante ainda está baixa, optou-se por realizar a vacinação também nas escolas.
“São duas doses. A gente faz uma hoje e depois de 90 dias aplicamos a segunda, na mesma escola. Mas, independentemente disso, estamos todos os dias disponibilizando a vacina para crianças e adolescentes”, disse.
Com a presença da equipe de saúde, o dia de aula começou diferente para os alunos da Escola Dom Adauto. Animados com a ação, eles enfrentaram o medo da agulha e fizeram fila para receber a vacina. Catarina Maria, de 11 anos, contou que estava preocupada com a dinâmica, mas fazia questão de se vacinar contra a dengue. “Ela dói menos. É melhor tomar vacina do que sentir muita dor com a dengue. Tenho muito medo de ficar doente”, disse a aluna, referindo-se aos sintomas da doença, que comumente são febre, dor no corpo e mal-estar.
Já Luana Silva de Souza, de 11 anos, destacou que, apesar de “morrer de medo de agulha”, sabe que o resultado é positivo “porque você não fica doente”. Além disso, ela citou os cuidados que sua família tem tomado para evitar a proliferação do Aedes aegypti em casa. “Fechamos a caixa d’água para não deixá-la aberta e retiramos os pneus do quintal. O importante é não deixar água parada.”
Equipe trouxe um dia diferente aos alunos
Multiplicadores
Entretanto, essa consciência em relação à dengue não acontece por acaso. Ao debaterem com frequência o tema dentro de sala de aula, os professores da Escola Dom Adauto têm instigado seus alunos a praticarem a cidadania, multiplicando informações importantes para o combate efetivo ao mosquito na cidade.
Segundo Mirian Ferreira de Lima, gestora administrativa da unidade, a agente social da escola foi de sala em sala para sensibilizar os alunos não apenas quanto à importância da vacinação, mas também sobre o quanto eles podem contribuir com a comunidade.
“Temas como a dengue são sempre trabalhados aqui na escola, ainda mais com o aumento de casos. Os professores fazem um trabalho muito bom de sensibilização com os alunos, e eles trazem os exemplos de casa, tanto os pequenos quanto os adolescentes. Assim, eles entendem o que está acontecendo e multiplicam conhecimento. Hoje é o Dia D na nossa escola, mas isso [de conscientizar nossos alunos] faz parte do nosso dia a dia”, finaliza a gestora. A partir da próxima semana, a campanha será intensificada na escola com a realização de novas atividades ligadas ao tema. Tudo para combater a dengue com informação.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 06 de março de 2024.