Na noite da última sexta--feira (7), parte do muro lateral do Mosteiro de São Bento, no Centro Histórico de João Pessoa, desabou. Como a Arquidiocese da Paraíba havia alertado as autoridades, há cerca de um mês, sobre o risco de desabamento, a área estava preventivamente interditada. Por essa razão, ninguém ficou ferido e não houve danos materiais. Ontem pela manhã, no próprio mosteiro, diversas autoridades se reuniram para debater as ações emergenciais para a contenção do muro, além da recomposição da estrutura, que deve acontecer após estudos dos órgãos de patrimônio histórico.
Segundo o padre Marcondes Meneses, curador de Patrimônio Histórico da Arquidiocese, a iniciativa visou reunir os órgãos competentes para planejar as intervenções no local, que devem levar em conta tanto a segurança quanto a legislação a ser cumprida. “Faremos o projeto e executaremos o muro de arrimo, para estabilizar o terreno. Também retiraremos a parte do muro que ainda ficou, pois está comprometida e pode cair. Em terceiro lugar, com o acompanhamento do Iphan [Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional] e do Iphaep [Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba], devemos elaborarar a recomposição do muro”, destacou o padre. Quanto ao cronograma, ele disse que, na próxima semana, se o projeto já estiver pronto, eles começarão as obras.
Da reunião, participaram representantes da Defesa Civil, da Secretaria de Infraestrutura de João Pessoa (Seinfra-JP), da Secretaria de Preservação, Revitalização e Inovação do Centro Histórico (Inovacentro-JP), da Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil (Compdec-JP), do Iphan e do Iphaep.
Meios
Os recursos para construção desse muro emergencial deverão vir da Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP). Quanto à recomposição da estrutura, o padre esclareceu que a Arquidiocese da Paraíba buscará parceiros para custear a execução do projeto.
Segundo o superintendente do Iphan na Paraíba, Emanuel Oliveira Braga, além das providências que já foram tomadas, como a renovação dos tapumes que interditam o local e a colocação de lona para proteger o muro, a reunião foi providencial para planejar os novos passos. “Um arqueólogo fará o monitoramento do material encontrado e dirá como poderemos guardá-lo. A Defesa Civil já indicou que a parte do muro que ainda ficou em pé oferece risco, então, ao que tudo indica, ele será todo desmontado. Dessa forma, a recomposição será plena”, disse.
O secretário da Inovacentro-JP, Thiago Lucena, afirmou que a PMJP vai fornecer a estrutura necessária para os serviços emergenciais no muro do Mosteiro de São Bento. “A gente só poderá fazer alguma coisa quando sair a análise. A parte boa é que todas as instituições estão com o mesmo pensamento, de manter e preservar a nossa história e, acima de tudo, resguardar a segurança do cidadão, evitando que ocorra um novo acidente”, ressaltou.
Glennda Ramos, assessora técnica da Diretoria de Manutenção da Seinfra-JP, acrescentou que a secretaria disponibilizará a sua equipe técnica para a execução dos trabalhos no local. “Tudo será feito de forma segura, sob a supervisão dos órgãos que regem o tombamento histórico. Também colocamos a nossa equipe para desenvolver o projeto do muro de arrimo, para que possamos dar segurança à estrutura e manter o registro histórico da forma mais célere possível”, destacou.
Mosteiro
O Mosteiro de São Bento, localizado no Centro Histórico de João Pessoa, foi construído pelos monges beneditinos entre os séculos 17 e 18. Conjunto em estilo barroco, formado pelo mosteiro e pela igreja, o espaço foi tombado pelo Iphan, em 1957, sendo considerado uma das edificações mais importantes do gênero no Brasil.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 11 de março de 2025.