Saiu para um socioeducando do Cea/Sousa o primeiro lugar do 3º Concurso de Origami da Fundação Desenvolvimento da Criança e do Adolescente Alice de Almeida (Fundac). Com o tema “A Minha Arte Feita de Papel”, o socioeducando de 18 anos fez das dobraduras um jarro que ele batizou de ‘Felicidade’ e conquistou a comissão julgadora.
A peça reuniu originalidade, criatividade e autoria. Os 13 finalistas montaram suas criações ao vivo, transmitidas pela internet, em plataforma digital, para todas as unidades socioeducativas e a comissão julgadora. O segundo colocado foi um interno do CEJ e o terceiro para o socioeducando do CSE. Todos fizeram pontuação acima de oito.
O concurso foi encerrado, nessa quarta-feira (11). As peças foram criadas pelos socioeducandos das unidades de internação e semiliberdade da Fundac, exceto da Rita Gadelha (unidade feminina), que não houve inscrito, e retrataram um pouco do universo dos jovens e adolescentes.
O vencedor do concurso disse que ficou estimulado a competir depois que passou a ver seus colegas criando belas peças. De dobradura em dobradura surgiram campos de futebol, casinhas, bomboniere, jarros, bolsas, mala, câmera filmadora, barcos, cestos, caixinhas de joias, animais como pavão, etc. “Eu fiquei observando e decidi criar primeiro um elefante e depois o jarro da felicidade”, comentou.
A presidente da Fundação, Waleska Ramalho destacou que a Fundac, neste segundo ano de concurso, parabeniza a todos os socioeducativos que fazem da arte do origami um momento de trabalhar a criatividade, a saúde mental e principalmente ensinar aos colegas esta arte. “Levar às unidades as atividades pedagógicas é nossa maior missão”, declarou.
Nilton Santos, coordenador do eixo Esporte, Cultura e Lazer da Fundac, informou que o concurso 3D teve o objetivo de estimular a produção de origami 3D nas unidades socioeducativas, possibilitando aos socioeducandos um novo olhar sobre a arte, uma vez que esta técnica é ensinada de socioeducando para socioeducando. “Acredito que as artes manuais têm um grande papel no campo de atividade ocupacional, uma vez que estimula a concentração, a criatividade, o controle de ansiedade e a coordenação motora”, pontuou.
A comissão julgadora, ao avaliar as peças, priorizou três pontos: originalidade, criatividade e autoria. Para a cineasta Mercicleide Ramos, integrante da comissão “há peças que são muito fora da curva. Elas não só apresentam originalidade como criatividade”.
O também cineasta Lúcio Cesar Fernandes Murilo disse que ficou muito impressionado com o que viu. Ele foi informado que essa técnica de origami é passada de socioeducando para socioeducando e esse processo de compartilhamento da técnica resultou em trabalhos que impressionam. Para Júlio os trabalhos apresentaram um grau de dificuldade e perfeição, gigantesco. “Todos estão de parabéns. É muito interessante e estranho saber que a sociedade aqui fora não tem conhecimento dessa atividade e como a mesma surgiu dentro das unidades socioeducativas. As peças apresentam um toque de liberdade, de renovação”, elogiou.
A instrutora ocupacional da Fundac e artista plástica Lenina Carneiro Lucena disse que o concurso de origami resultou em peças que remetem ao imaginário como também ao inconsciente coletivo desses adolescentes tendo em vista a demonstração das lembranças da sua infância, em suas ações a exemplo de balanços, praças, máquina fotográfica, que entendo como uma maneira de registrar momentos, uma bolsa escolar construída por pequenas peças de origami contém, além de livros, sonhos.
A realização do Concurso de Origami, em alusão aos 31 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, teve o objetivo de estimular a produção artesanal de peças de dobraduras de papel, estilo origami 3D, bem como o fomento de atividade ocupacional de trabalho manual.