Notícias

novo ano

Traçar metas impulsiona concretização de ações

publicado: 29/12/2025 08h34, última modificação: 29/12/2025 08h34
Registrar os planos estabelecidos serve para nortear o caminho a ser seguido
Andréia Barros 1- foto de Ismael Pessoa (1).jpg

Andréia Barros aposta em metas possíveis e desafiadoras | Foto: Ismael Pessoa/Divulgação

por Bárbara Wanderley*

A aproximação do fim de um ano costuma levar as pessoas a refletir sobre suas realizações ao longo daqueles 12 meses passados, além de objetivos para a nova fase que se inicia. Dessas reflexões muitas vezes surgem listas de metas para serem alcançadas no ano que se aproxima. A prática é bastante comum: há desde o tradicional hábito de escrever os planos para o ano seguinte até uma versão mais moderna, o vision board (do inglês “painel visual”), no qual as metas são indicadas visualmente, por fotografias, colagens ou desenhos.

O professor Josinaldo Monteiro costuma criar listas de metas todos os anos. “Costumo fazer porque me ajudam a focar nas ações. Geralmente, fico no meu quarto pensando quais projetos quero realizar no ano seguinte. Daí, vou anotando as prioridades e, por fim, crio os tópicos. Faço em um caderno e depois digito no computador. Então, ao longo do ano, vou consultando”, explicou.

Ele afirmou que o método realmente ajuda e que costuma cumprir o que foi estipulado previamente, tanto que chegou ao fim de 2025 com todos os objetivos que tinha estabelecido para o ano alcançados. Para isso, porém, ele tem o cuidado de elencar poucas metas e atentar para que elas não estejam fora de alcance. “Geralmente, estabeleço de três a cinco metas. E sempre são coisas que acredito serem possíveis de concretização ao longo do ano, como, por exemplo, comprar uma moto ou iniciar e concluir um curso”, comentou.

Escuta interna

A jornalista Andréia Barros também é uma entusiasta da lista de metas, que abarcam aspectos da sua vida pessoal e profissional, já que ela também costuma estabelecer metas para sua empresa. Ela ressaltou a importância da reflexão na hora de criar a lista. “Eu faço questão de parar e olhar para a minha vida com intenção. Não é um exercício automático. Gosto de sentar, refletir sobre o que funcionou, o que não fez sentido e, principalmente, sobre o que eu quero construir a partir dali. As metas surgem desse processo de escuta interna e de análise do momento profissional e pessoal que estou vivendo”, afirmou.

Organizada, ela contou que chega a subdividir os objetivos quando julga ser necessário. “Eu busco equilíbrio. As metas precisam ser possíveis, mas também desafiadoras. Se forem fáceis demais, não me movimentam; se forem inalcançáveis, me geram frustração. Então, eu costumo dividir grandes objetivos em etapas menores, mais concretas, que me permitem avançar com consistência, celebrar pequenas conquistas e ajustar o caminho quando necessário”, detalhou.

Ela disse ainda que mantém sua lista registrada em uma agenda ou em um caderno de anotações que revisita com frequência. “Isso me ajuda a manter foco e lembrar que cada decisão do dia a dia precisa conversar com esses objetivos maiores”.

Há quem anote atividades agendadas diariamente

A médica dermatologista Ana Marinho está acostumada a usar listas para organizar seu dia a dia. Ela costuma anotar seus planos diários em uma agenda e, no fim do ano, não poderia ser diferente. Desde 2023, porém, Ana começou a dividir o planejamento por áreas da vida. A ideia surgiu depois que ela assistiu a um vídeo de um especialista aconselhando essa prática.

 “A primeira lista é voltada à área profissional: são as metas profissionais. A segunda é sobre saúde e bem-estar e a terceira são as metas financeiras. Tem ainda a quarta lista que é focada nos gastos e passivos e a quinta que é espiritual”, elencou. 

Ana Marinho conta que chegou a criar duas listas em 2025, uma para cada semestre do ano. Como mantém tudo anotado, consegue reler com frequência o que escreve. “Eu estava revendo, inclusive, para fazer a lista de 2026, olhando o que eu consegui conquistar em 2025”.

Segundo ela, essa postura é positiva, porque favorece a percepção do que foi alcançado no decorrer dos meses. “Obviamente, nem tudo eu consegui fazer, mas me dá uma clareza muito maior do que eu quero, inclusive de aproveitamento”, avaliou a dermatologista.

Hábito é válido caso não vire busca por perfeição

O psicólogo André Memória acredita que, no geral, criar as listas é um hábito muito saudável. “Por que eu digo em geral? Porque às vezes pode provocar uma sensação de se precisar fazer isso para ser feliz ou ter de cumpri-las para que o próximo ano seja melhor. E aí isso pode ser ruim. Mas, na maioria dos casos, é muito saudável construir proposições daquilo que você almeja para o próximo ano”, disse.

Traçar metas como ter uma vida mais saudável, fazer academia, buscar um trabalho melhor, começar um curso superior ou pós-graduação, melhorar a casa, ler mais, viajar mais, entre outras coisas, pode impulsionar a pessoa a buscar esses objetivos. “Então, é muito saudável que faça, com equilíbrio sempre, para que não haja a busca por perfeição ou por uma vida ideal que, provavelmente, nunca vai acontecer”.

“É muito importante, ao traçar metas para o ano novo, tentar pensar em objetivos palpáveis, alcançáveis. Porque, por exemplo, se você nunca correu na vida — porque corrida é um dos grandes booms do momento —  e vai começar a correr em 2026, sua meta não pode ser participar de uma maratona. Provavelmente, isso não acontecerá. Correr uma maratona exige todo um treinamento, às vezes dois, três, quatro anos, para que você faça com saúde, com acompanhamento profissional e tudo mais”, comentou.

Segundo ele, no momento de se pensar os objetivos, é importante meditar “no quão possíveis eles são de serem concretizados, para não se frustrar e não ter um ano muito ruim”.

O psicólogo destacou ainda que uma lista de metas reduzida também será mais fácil de lidar. Em vez de colocar cerca de 25 tópicos, melhor optar por cinco. Desse total, você pode até graduar das mais fáceis até a mais difícil, e que essa mais complexa também seja possível. “Isso é válido para que não cause a sensação de frustração ou de mal-estar. Para que você consiga chegar ao final do ano pensando: ‘que bom que eu concluí’, e não: ‘poxa, todo ano eu não consigo completar minhas metas’”.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 27 de dezembro de 2025.