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Frequentadores se queixam que existem poucos locais para depositar resíduos e ressaltam a falta de educação das pessoas

Turistas reclamam do lixo nas praias de João Pessoa

publicado: 22/11/2021 09h21, última modificação: 22/11/2021 09h21
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Foto: Roberto Guedes

tags: lixos , praia , joão pessoa

por Lucilene Meireles*

O Verão está se aproximando e o turismo tenta se reerguer do baque da pandemia. Descontos em estadias, promoções, cuidado redobrado com a saúde dos hóspedes, todas as formas possíveis para atrair o turista. Para conter o avanço do mar e fortalecer o setor, foi anunciada recentemente a possibilidade de alargamento da faixa de areia em parceria com universidades da Europa e a UFPB, um projeto de tamanho porte. Porém, além de iniciativas robustas, problemas estruturais na orla de João Pessoa persistem há anos e exigem solução, como a sujeira deixada por quem frequenta o espaço. Ações mais simples do que a ampliação da faixa de areia, como a conservação da infraestrutura, podem ter um impacto muito positivo no turismo.

As pessoas descartam o lixo em qualquer local, ignorando os tonéis que, segundo os próprios banhistas, são em número insuficiente na areia e na calçadinha. A escritora Shirleni Lopes afirmou que viaja por todo o Brasil e ressaltou que a sujeira na Praia do Cabo Branco impressiona. “Aqui foi o local mais sujo que eu já vi. Acho que deveriam contratar pessoas para limpar. Isso ajudaria inclusive a dar oportunidade de emprego para muita gente. Lixeira não resolve porque já existe uma cultura de jogar na rua”, observou. 

As mesas com guarda-sóis para aluguel colocadas no espaço público são importantes para quem quer ficar à beira-mar com conforto. No entanto, nem sempre há cestos de lixo e o resultado é o descarte na areia. Além disso, alguns barraqueiros que ocupam a área também não colaboram com a limpeza. O vendedor de coco José Ferreira comprou um tambor para acondicionar as cascas, mas afirmou que falta a contribuição das pessoas, que abandonam o coco vazio em qualquer lugar.

ara o garçom Marco Antônio da Silva, que trabalha há 30 anos na Praia de Tambaú, a solução está nas pequenas-grandes ações. “Tem que investir na infraestrutura, construir banheiros públicos, instalar mais lixeiras, consertar a calçadinha sempre que aparecer um buraco”, enumerou. Os coletores grandes, segundo ele, devem ser esvaziados com mais frequência. “Restos de frutos do mar estragam rápido e nenhum turista vai se sentir atraído a frequentar um quiosque ao lado do mau cheiro desse lixo”, acrescentou.

Dênis dos Santos Silva, que trabalha com viagens de catamarã, enfatizou que há outro problema sério em Tambaú, o vandalismo. “As pessoas não usam as lixeiras e os vândalos passam e arrancam mesmo. Falta consciência”, lamentou.

Já a vendedora Jéssica Ferreira afirmou que campanhas de conscientização apenas no Verão não resolvem. Ela acredita que é preciso fazer um trabalho educativo todos os dias. “Aqui sempre tem turista e tem também as pessoas que moram na cidade e frequentam as praias. Esse trabalho de orientação deve ser permanente porque as pessoas precisam aprender que têm responsabilidade também pela limpeza da cidade”, observou. 

Necessidades

O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis na Paraíba (ABIH-PB), Rodrigo Pinto, existe a necessidade, de fato, em algumas áreas, de intervenção para proteção da calçada na orla da capital. “Não adianta ficar gastando dinheiro para recuperar a calçada quebrada se o mar não vai permitir que a calçada fique lá. Se for para proteger e criar um ambiente mais seguro para os frequentadores, sejam turistas ou moradores, eu apoio”.

Na opinião dele, algumas mudanças já podem ser observadas na gestão atual, como a colocação de contêineres grandes, novos, ao lado das vagas de estacionamento, o que é positivo, incentivando os banhistas a utilizarem as lixeiras. A mudança da mídia ‘Eu Amo Jampa’ para ‘João Pessoa – O primeiro sol das Américas’ também foi positiva e funciona como uma mídia espontânea nas redes sociais.

O setor trabalhou abaixo do ponto de equilíbrio financeiro desde março de 2020. Agora, com a evolução da vacinação, a ocupação na rede hoteleira está entre e 10% e 25% maior do que no período pré-pandemia, em 2019. A expectativa é que os índices se mantenham até o Carnaval. Depois do Carnaval, a baixa estação será um novo desafio, já que a pandemia promoveu uma mudança nos hábitos dos executivos e no turismo de eventos.

 *Matéria publicada originalmente na edição impressa de 21 de novembro de 2021