A cobrança de estacionamentos na Zona Azul do Centro de João Pessoa começou a valer ontem e o primeiro dia foi marcado por tumulto, devido à falta de costume dos usuários com o novo sistema. Agora quem estaciona nas principais ruas e praças da região central da cidade precisará pagar o valor de R$ 3, por hora, para carros, ou R$ 1,50, por hora, para motos. O tempo máximo de permanência é de duas horas, mas é possível trocar de vaga para renovar o prazo. Aqueles que excederem esse limite deverão pagar uma multa de R$ 30, no caso de carros, e R$ 15, no caso de motos.
As novas regras confundiram diversos motoristas que foram ao Centro nesse primeiro dia. O funcionário público Luiz Carlos Monteiro, por exemplo, contou que estacionou o carro e, como não viu nenhum funcionário da Zona Azul, seguiu para os seus afazeres. Porém, ao retornar ao veículo, cerca de uma hora depois, encontrou uma notificação exigindo o pagamento pela vaga ocupada. “Quando cheguei não tinha ninguém para atender. Agora eu recebo a cobrança e não sei como pagar. Não diz o valor, não diz a hora que eu entrei”, relatou.
O que Luiz não sabia é que, diferente do que ocorria no antigo modelo da Zona Azul, agora é o motorista quem deve procurar efetuar o pagamento do estacionamento, no prazo de até 10 minutos após ter ocupado a vaga. Para isso, ele pode usar o aplicativo Rek Pay, disponível para os sistemas de celular Android e iOS, ou procurar o terminal de pagamento mais próximo. Depois de receber orientação de um funcionário e pagar o tíquete, o funcionário público destacou a praticidade. “O problema não é o sistema implementado, mas sim o fato de que a população não está sabendo como proceder. Tem que informar melhor”, opinou.
O padre José Cláudio tomou um susto ao retornar ao carro depois de fazer compras. Ele acabou extrapolando o prazo de duas horas e precisou pagar R$ 30. “Eu me distraí na loja e fiquei, nem pensei a respeito do horário”, contou. Ele também considerou difícil usar o terminal de atendimento sozinho e só conseguiu fazer o pagamento após um funcionário aparecer para ajudá-lo.
Para o clérigo, a situação acabará desestimulando as visitas ao Centro. Ele contou que conseguiu realizar o pagamento, mas considerou o valor alto e enfrentou dificuldades no procedimento. Segundo relatou, trata-se de uma quantia exorbitante para quem precisa fazer compras no local, sobretudo porque as lojas que utiliza estão situadas na região. Explicou que, muitas vezes, é necessário permanecer mais tempo devido ao pagamento de boletos ou à espera pela emissão de notas fiscais, o que aumenta o gasto. Diante disso, afirmou que a experiência desanima o retorno, já que o estacionamento é indispensável, mas o preço cobrado, como no caso que viveu, dificulta a permanência.
O comerciante Leurimar da Silva, que tem uma loja na Avenida Pedro II contou que pretende começar a deixar o carro em casa e, na hora de ir trabalhar, utilizará os serviços de um aplicativo de transportes. “Passarei a vim de Uber, eu moro perto e custará mais barato do que pagar o estacionamento”, argumentou.
O representante do consórcio responsável pela Zona Azul Digital JP, Hoffmann Barbosa, reconheceu que ainda havia muitos usuários com dúvidas. “Fizemos uma campanha educativa, de 30 dias, que teve um alcance grande, mas realmente ainda tem muitas pessoas com dificuldades. Nossa equipe de monitores, no entanto, está na área da Zona Azul para atender os usuários e esclarecer todas as dúvidas”, disse.
Vagas mais fáceis
O barbeiro Jozail José acredita que a situação vai melhorar à medida que a população se acostumar com o sistema. “Quando começarem a acessar e perceber que é fácil de utilizar esse meio de pagamento, tudo ficará tranquilo. No início, o pessoal fica com medo, não sabe como funciona e, por isso, evita estacionar. Eu fiz e achei muito fácil, prático e super recomendo”, afirmou.
Jozail também relatou que encontrou mais facilidade para estacionar, já que muitas pessoas parecem ter evitado a área no primeiro dia de cobrança. A reportagem do jornal A União constatou a mesma situação: diversas vagas estavam desocupadas nas praças João Pessoa e 1817, além da Avenida D. Pedro II, locais onde costuma ser difícil conseguir espaço para parar os automóveis.
O professor Ernaneclé Sales também conseguiu estacionar com mais facilidade. “Prefiro pagar e ter a vaga, do que ser de graça e não ter. Agora vamos ver se vai ser eficiente mesmo”, comentou.
O vendedor ambulante Ananias Francisco da Silva explicou que não costuma ir trabalhar de carro, portanto não seria diretamente afetado pela cobrança da Zona Azul. No entanto, ele percebeu um benefício inesperado: um terminal de pagamento foi instalado em frente ao Banco do Brasil, na Praça 1817, exatamente onde ele vende cocadas. “Com isso, espero conseguir mais vendas, aproveitando os motoristas que ficam na fila para pagar seus tíquetes”, afirmou.
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*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 9 de setembro de 2025.