A Chamada Pública de Projetos para o Nordeste da Nova Indústria superou todas as expectativas e resultou na aprovação de 189 propostas, totalizando R$ 113,1 bilhões em investimentos potenciais — valor 13 vezes superior à estimativa inicial de R$ 10 bilhões. O resultado — anunciado durante a Assembleia Geral do Consórcio Nordeste, realizada ontem, em Teresina, capital do Piauí — marca o maior volume já registrado em uma iniciativa regional de articulação industrial no país.
Presente na reunião de chefes do Executivo, o governador da Paraíba, João Azevêdo, disse que o Consórcio Nordeste tem trazido para a região uma nova etapa nas relações institucionais, principalmente com o Governo Federal. “Uma prova disso é o avanço em projetos tecnológicos em desenvolvimento nos nove estados nordestinos. Essa nova etapa de projetos aprovados e financiados mostra a potência do Nordeste e da Paraíba”, avaliou.
O desempenho reforça o papel do Consórcio Nordeste como principal articulador de políticas de desenvolvimento produtivo na região. O presidente do Consórcio e governador do Piauí, Rafael Fonteles, destacou que o volume aprovado demonstra a capacidade técnica e a competitividade da região no novo ciclo industrial brasileiro.
“Aqui não faltam oportunidades. Temos vocações naturais e enorme potencial para desenvolvimento industrial, especialmente com a agenda da transição energética e do Power Shore. O resultado da chamada mostra que o Nordeste está pronto para liderar esse processo”, afirmou Fonteles.
A Chamada Nordeste da Nova Indústria Brasil (NIB) é resultado de uma ação conjunta e inédita de fomento, construída entre os bancos públicos federais — Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco do Nordeste (BNB) — e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), com apoio técnico da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e do Consórcio Nordeste.
As 189 propostas selecionadas são oriundas dos nove estados da região e para as cinco áreas estratégicas da chamada: transição energética, com foco em armazenamento (59 propostas); bioeconomia, com foco em fármacos (39 projetos); hidrogênio verde (44 projetos); data center verde (40 iniciativas); e setor automotivo, incluindo máquinas agrícolas (37 projetos).
Das propostas selecionadas, 74% são de micro, pequenas e médias empresas; 32% foram projetos em consórcio com outras empresas; e 77% envolveram a cooperação com instituições de ciência e tecnologia. Empresas não aprovadas também serão procuradas para avaliação de oportunidades.
“A resposta do Nordeste à chamada da Nova Indústria Brasil é uma prova inquestionável do potencial de inovação e do empreendedorismo da região. E o mais importante: 74% destas propostas vêm de micro, pequenas e médias empresas, que são o motor que transforma inovação em emprego e renda. Com esta chamada, estamos garantindo que o desenvolvimento sustentável e a neoindustrilização cheguem na ponta, alcançando os que estão mais perto das necessidades e das oportunidades locais”, afirmou o vice-presidente da República e ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Geraldo Alckmin.
Integração
O governador de Alagoas, Paulo Dantas, avaliou que a Região Nordeste reúne oportunidades para um maior crescimento do Brasil. “O próximo passo será garantir que os projetos aprovados se tornem plantas industriais ativas, produtivas e competitivas, gerando emprego, fortalecendo cadeias produtivas e consolidando uma nova fase de industrialização regional”, disse.
A diretora de Crédito do BNDES, Maria Fernanda Coelho, ressaltou que a chamada mobilizou Governos Estaduais, federações empresariais, universidades e instituições financeiras de forma inédita. Segundo ela, o fato de 74% das propostas aprovadas serem de micro, pequenas e médias empresas demonstra o potencial de inovação distribuído na região.
“O BNDES está fazendo, em conjunto com as instituições parceiras, o Consórcio do Nordeste e a Sudene, uma entrega extraordinária. No governo do presidente Lula, o Nordeste voltou a ser prioridade, porque tem proposta, porque tem desenvolvimento e precisa ser tratado com a dignidade que não teve em governos anteriores. O BNDES aumentou em 32% os recursos para a região e essa chamada é um marco para o Nordeste, vai significar um salto de desenvolvimento e de oportunidades”, emendou o presidente do banco, Aloizio Mercadante.
Já o superintendente da Sudene, Francisco Alexandre, afirmou que o resultado recoloca a região no centro da estratégia nacional de desenvolvimento. “A reativação do Comitê Regional das Instituições Financeiras Federais (Coriff), conduzida pela Sudene, permitiu reunir os principais atores financeiros do Governo Federal em torno de uma agenda integrada. Essa governança renovada tornou possível alinhar instrumentos, antecipar oportunidades e posicionar o Nordeste como protagonista de uma nova fase da indústria brasileira”, analisou.
O ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, enfatizou que o Nordeste se diferencia pela capacidade de articular políticas sociais, econômicas e ambientais de forma integrada, alinhadas à Declaração de Belém, aprovado por uma cúpula de líderes na COP30.
Planos de suporte funcionarão como guia para investimentos
A Chamada Nordeste da Nova Indústria Brasil foi a maior chamada de projetos para indústria do Nordeste e a única que, pela primeira vez, reuniu as diversas instituições de fomento federais com o objetivo de apoiar projetos para promover o desenvolvimento e a inovação na região.
As instituições parceiras oferecerão diferentes modalidades de apoio, como crédito, subvenção econômica não reembolsável e participação societária. A Sudene e o Consórcio Nordeste atuaram como parceiros técnicos, aportando conhecimento estratégico sobre o território e os setores prioritários.
A chamada foi aberta a participação de empresas e cooperativas. As propostas podiam conter ações como instalação de infraestrutura física, aquisição de máquinas e equipamentos, implantação de plantas-piloto, contratação de recursos humanos, desenvolvimento de projetos com universidades e centros de pesquisa, além de capital de giro e engenharia.
Segundo o presidente da Finep, Luiz Antônio Elias, a Chamada Nordeste é um marco. “Ela fortalece políticas públicas, promove inovação, amplia a competitividade regional e contribui para a redução das assimetrias históricas que ainda marcam o país. É a demonstração de que, quando articulamos instituições, ciência e setor produtivo, construímos as bases de um desenvolvimento sustentável e socialmente justo. A Finep contará com seus mais diversos instrumentos para apoiar as 189 empresas aprovadas. E, de forma inédita, teremos recursos de subvenção econômica de caráter exclusivamente regional; são recursos não reembolsáveis para que o Estado compartilhe o risco da inovação com o setor privado”, afirmou o executivo.
A próxima etapa será a estruturação de Planos de Suporte Conjunto (PSC) para as propostas selecionadas. O objetivo do PSC é servir como um guia, ajudando as empresas a recorrerem às linhas e instituições mais adequadas a cada proposta. Serão ofertadas as linhas mais benéficas entre os instrumentos de crédito, não reembolsável e subvenção.
Os PSC serão concluídos ainda em dezembro, antecipando o prazo originalmente previsto, e enviados aos contatos cadastrados. Após receberem o PSC, as empresas devem encaminhar os projetos para análise, aprovação e contratação. As propostas selecionadas seguirão o fluxo usual de tramitação de operações no âmbito das instituições financeiras que participam da chamada, o que inclui análise técnica, financeira e jurídica dos projetos.
Através deste link, acesse a lista de propostas selecionadas
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 2 de dezembro de 2025.