Foi assinada, ontem (09), a versão final da primeira fase de um plano de paz para a Faixa de Gaza, uma iniciativa do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O anúncio foi feito pelo governo israelense, segundo o qual o documento foi rubricado no Egito por todas as partes envolvidas no conflito.
De acordo com Shosh Bedrosian, porta-voz do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o texto — que prevê “a libertação de todos os reféns” mantidos pelo Hamas e outros grupos palestinos — ainda depende de validação do gabinete de segurança sionista. Um cessar-fogo entrará em vigor 24 horas após a aprovação.
Conforme detalhado por uma fonte governamental israelense, a primeira fase do entendimento envolve a retirada parcial das tropas para a “linha amarela”, uma demarcação fronteiriça estabelecida pelos EUA. Após essa movimentação, que deve ocorrer num prazo de 24 horas após a ratificação, inicia-se um período de 72 horas para a libertação de aproximadamente 20 prisioneiros ainda vivos no território. A previsão é que essa troca ocorra no domingo (12) ou segunda-feira (13).
Em contrapartida, Israel terá de libertar 1.950 prisioneiros palestinos. Um membro do comitê político do Hamas informou à agência EFE que, desse total, cerca de 250 foram condenados à prisão perpétua e os 1.700 restantes foram sequestrados na Faixa de Gaza.
A trégua tem como objetivo pôr fim a dois anos de genocídio imposto contra os palestinos na Faixa de Gaza, iniciado após ataques liderados pelo braço armado do Hamas a Israel, em 7 de outubro de 2023. Os ataques militares israelitenses, de acordo com dados do Ministério da Saúde de Gaza, já causaram mais de 67 mil mortos e aproximadamente 170 mil feridos, civis na quase totalidade.
Palestinos e israelenses celebram acordo de paz
Israelenses e palestinos celebraram, ontem, o anúncio de um cessar-fogo e de um acordo sobre reféns na primeira fase da iniciativa do presidente dos EUA, Donald Trump, para acabar com o massacre de Gaza.
As duas partes endossaram publicamente o acordo. A expectativa era de que o documento fosse assinado no resort egípcio de Sharm el-Sheikh, onde ocorrem as negociações desde segunda--feira (6), embora não tenha havido confirmação oficial de que o acordo tenha sido assinado.
O coordenador de reféns de Israel, Gal Hirsch, disse que a lista dos prisioneiros palestinos a serem libertados ainda estava sendo elaborada. Apesar disso, moradores de Gaza relataram uma série de ataques aéreos na Cidade de Gaza no momento em que o acordo deveria ser assinado.
Segundo o acordo, os bombardeios serão interrompidos; Israel vai se retirar parcialmente de Gaza; e o Hamas libertará os israelenses que capturou no ataque que promoveu dois anos atrás, em troca de prisioneiros palestinos mantidos por Israel.
Além dos 20 prisioneiros que serão devolvidos vivos, há outros 26 foram declarados mortos e o destino de dois deles é desconhecido. O Hamas indicou que pode demorar algum tempo para recuperar os corpos, que devem estar sob escombros resultantes dos bombardeios sionistas.
As famílias dos prisioneiros palestinos e israelenses começaram a comemorar muito após a notícia do pacto.
Em Gaza, onde a maioria dos mais de 2 milhões de habitantes está deslocada em função dos bombardeios israelenses, jovens aplaudiram nas ruas devastadas, mesmo com a continuação de ataques israelenses.
Ataques
Ainda assim, os residentes de Gaza informaram que os ataques israelenses em três subúrbios da Cidade de Gaza continuaram durante a noite e nas primeiras horas da manhã de ontem, disseram os moradores. O Ministério da Saúde de Gaza afirmou que, pelo menos, nove palestinos foram mortos por fogo israelense nas últimas 24 horas.
Apenas um dia após o segundo aniversário do ataque dos militantes do Hamas que desencadeou o ataque genocida de Israel a Gaza, as conversações indiretas no Egito renderam o acordo como o estágio inicial de uma estrutura de 20 pontos apresentada por Trump.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 10 de Outubro de 2025.