O Brasil voltou a ser protagonista nas relações internacionais entre os países mais ricos do planeta. Entre os detentores do poder decisório dentro do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) o país pode até pleitear uma vaga neste time com uma provável reforma, que levaria a ampliação deste grupo e, por tabela, a nossa inclusão. Esta foi uma das teses levantadas e debatidas ontem no 3o Seminário Nacional de Relações Internacionais e que tratou entre outros temas as transformações na ordem internacional e os desafios da política externa brasileira. O evento, que foi encerrado ontem, foi promovido pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e contou com o apoio da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (Fapesq-PB) e Fundação Friedrich Ebert Brasil.
“O Brasil vive um novo momento. Um momento ímpar sobre a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele já impactou as relações internacionais. O Brasil voltou, sem sombra de dúvidas, o cenário internacional. Já se passaram mais de 100 dias de governo e o presidente já faz muitos movimentos com os agentes internacionais. Basta ver o convite para que ele participasse da reunião do G7”, disse o professor e coordenador do curso de Relações Internacionais da UEPB, Carlos Henrique Ruiz.
Ainda dentro da volta do protagonista do Brasil nas relações internacionais entre os países mais ricos do mundo, o sonho antigo do nosso país se tornar membro efetivo do Conselho de Segurança da ONU ele está próximo.
“Integrar o Conselho Permanente da ONU é um sonho antigo do governo brasileiro. Nós já fomos participantes de 10 mandatos como parte do Conselho de Segurança da ONU, em âmbito renovável, nunca como titular. Mas esta possibilidade discutida aqui neste seminário da real possibilidade de uma reforma no grupo permanente é concreta, séria e real”, endossou o coordenador do curso.
O Seminário Nacional de Relações Internacionais ainda teve a participação da professora do Departamento de Relações Internacionais da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Mariana Pimenta Oliveira Baccarini. Para ela, o Brasil tem chance de ser membro efetivo do Conselho, porém terá que se organizar dentro de outros grupos grandes, os quais é membro titular.
“Nesta possível reforma do Conselho de Segurança, o Brasil tem que se organizar, caso queira entrar nele. Tem que buscar, por exemplo, um maior protagonismo em outros grupos importantes no qual é membro. São os casos do G20, que é grupo dos 20 países mais ricos do mundo, e o Brics, o bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul”, explicou a professora.
Etapas para reforma
A professora Mariana Pimenta Oliveira Baccarini ressaltou, ontem, em sua palestra, que para essa reforma do Conselho acontecer precisa da anuência dos países membros efetivos. Porém, uma série de situações que ocorreram e outras que podem acontecer evidenciem a necessidade de mudança.
“A própria pandemia da Covid-19, a Guerra da Ucrânia, as discussões virtuais de líderes, os conflitos segmentados entre nações em vários pontos do planeta e que começam a fugir do controle da ONU, além do conflito entre membros dentro do próprio Conselho de Segurança no período pandêmico são algumas destas situações que começam a dar mais ressonância a essa reforma do Conselho”, explicou a professora.
O seminário, ontem, também teve a participação do professor Antônio Jorge Ramalho e coordenação da professora do curso de Relações Internacionais, professora Gabriela Barbosa.
O seminário foi realizado pelo curso de Relações Internacionais da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), o Centro de Estudos Avançados em Política e Governança e o Projeto de pesquisa e extensão “A Reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas e a Política Externa Brasileira”.
De acordo com a organização do seminário, o debate sobre a política externa do Brasil se faz ainda mais necessária com a eleição do presidente Lula (PT), tendo em vista a sua liderança no cenário internacional, suas recentes manifestações e a Política Externa ativa e altiva de seus mandatos anteriores.
Também foi lembrado que a diplomacia presidencial está se ocupando com questões como a paz na guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Passados 100 dias de governo do presidente Lula, se discutiu as transformações na ordem internacional e os desafios da política externa brasileira que ora se exerce e anuncia.
Na terça, o Seminário teve início com a mesa de abertura que contou com a presença do professor do curso de Relações Internacionais, Carlos Henrique Ruiz Ferreira e do diretor de Projetos da Fundação Friedrich Ebert, Gonzalo Berrón.
Na sequência, aconteceu a mesa “As transformações na ordem internacional”, com a participação do professor do Instituto de Relações Internacionais da UNB, Antônio Jorge Ramalho e do pesquisador Sênior do Instituto de Relações Internacionais da UNB, Henrique Altemani.
Ainda na terça um dos temas abordados foi a segurança internacional, a governança global e o papel do Brasil, com o professor do Departamento de Ciência Política da USP, Rafael Villa e do assessor da Rede Brasileira pela Integração dos Povos (Rebrip), professor Adhemar Mineiro, sob a coordenação da professora do curso de Relações Internacionais, Luiza Rosa.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 25 de maio de 2023.