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relatório final

CPI dos Combustíveis conclui que existe cartel de postos em JP

publicado: 18/12/2025 08h48, última modificação: 18/12/2025 08h48
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Vereadores apresentaram o relatório final da Comissão, que será levado ao Ministério Público e à Polícia Civil | Foto: Olenildo Nascimento/CMJP

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Combustíveis, instalada na Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP) para investigar suposta prática de cartelização entre os postos, aprovou, ontem, o relatório fruto das investigações do colegiado, que será encaminhado ao Ministério Público (MP) e à Polícia Civil.

Tarcísio Jardim (PP), relator da CPI, ressaltou que o relatório final receberá adendos e emendas com novas informações que surgirem até a entrega do documento ao MP e à Polícia Civil. “A temeridade dos nossos familiares e amigos, com receio de perigo às nossas vidas, deu o tom de seriedade e importância dessa Comissão. Em nenhum momento houve pestanejamentos ou nos omitimos”, asseverou.

De acordo com o relator, foi constatada a existência de indícios contundentes de formação de cartel, padronização de preços e aumento abusivo no mercado de combustíveis de João Pessoa. “Em especial, foi constatado esse movimento no momento pivô que deflagrou a instauração desta CPI, que foi o aumento simultâneo de 40 centavos. A CPI apurou indícios de práticas anticoncorrenciais no mercado de combustíveis, envolvendo o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) na investigação. Foram identificadas possíveis condutas coordenadas, troca de informações sensíveis entre distribuidoras e postos de combustíveis, inclusive cláusulas de exclusividade e outras práticas que violam a livre concorrência. É importante ressaltar que o cartel não se restringe à combinação prévia de preços, mas também à restrição da concorrência no fornecimento de produtos e serviços”, destacou.

Segundo Tarcísio Jardim, a CPI constatou tais irregularidades, materializadas em processo judicial, cujos dados serão anexados ao relatório final. “Recomenda-se o encaminhamento ao Ministério Público para instauração de inquérito civil, visando apurar possíveis práticas abusivas em prejuízo do consumidor, com eventual desdobramento na esfera penal, e para apurar a conduta de agentes que se recusaram a colaborar com os trabalhos da CPI. A atuação do Ministério Público é crucial, pois detém o poder de investigação que a CPI não possui. Solicita-se também o encaminhamento à Polícia Civil para apuração de possíveis crimes contra as relações de consumo e contra a ordem econômica, conforme a Lei no 8.137, de 1990”, enfatizou.

O parlamentar, ainda, recomendou o encaminhamento do relatório à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), solicitando dados técnicos, históricos de preços, laudos e demais informações relevantes para as investigações, tanto na esfera administrativa quanto civil e penal. “Em suma, a CPI dos Combustíveis cumpriu seu papel institucional, reunindo informações técnicas relevantes sobre a dinâmica dos preços no mercado local e provocando a atuação dos órgãos competentes em defesa da livre concorrência, da ordem econômica e do consumidor. A CPI e seus membros acompanharão com rigor, junto à Polícia Civil e ao Ministério Público, a continuidade das investigações, pois a sociedade espera que essas instituições utilizem suas estruturas para apurar e punir os responsáveis”. Ele, então, agradeceu a confiança depositada e o apoio de todos os membros da comissão e da Câmara.

O presidente da Comissão, vereador Mikika Leitão (Republicanos), agradeceu nominalmente a todos os membros da CPI e pela oportunidade de ter presidido o colegiado. “Fizemos nosso papel, demos nossa contribuição e tenho certeza de que a sociedade, os consumidores e os contribuintes têm orgulho de nós. Vamos ficar para a história”, afirmou Mikika Leitão, agradecendo também a todos os funcionários que tornaram o trabalho da comissão possível.

Ações da Comissão

Entre as atividades realizadas pela CPI, esteve a reunião durante a qual o colegiado escutou os representantes dos órgãos de proteção do consumidor estadual e municipal, Késsia Liliana, superintendente do Procon Estadual, e Júnior Pires, secretário do Procon Municipal. Também foram ouvidos os auditores fiscais da Secretaria da Fazenda do Estado da Paraíba (Sefaz-PB) Antônio Carlos Borges e Joacil Urbano, que esclareceram dúvidas sobre o sistema tributário estadual, além do presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo da Paraíba (Sindipetro-PB), Omar Hamad.

Em outras reuniões foram ouvidos representantes das distribuidoras de combustíveis e de postos na capital: ALE, Larco, Setta, Petrobahia, Raízen, Distribuidora de Produtos Nordestinos (DPN), Nova Comércio, Rede Opção, Rede de Postos São Luiz, Rede Postos Global, Rede de Postos Dias Comércio e Rede Expressão de Postos.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 18 de dezembro de 2025.