O Governo da Paraíba prepara um cronograma para pagamento de indenizações às vítimas do rompimento do reservatório de água da Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa) localizado no bairro da Prata, em Campina Grande. “Ninguém ficará desassistido”, assegurou o vice-governador Lucas Ribeiro, que coordena a Comissão Estadual de Acompanhamento do caso.
Desde o último sábado (8), dia do acidente, equipes de diversas secretarias de Estado buscam maneiras de reparar danos e acolher as pessoas afetadas pelo rompimento do reservatório. Ontem, durante uma reunião no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) de Campina Grande, foram discutidas medidas como a criação de um auxílio emergencial para as famílias atingidas, além da oferta de assistência social e psicológica às vítimas.
O vice-governador Lucas Ribeiro destacou que a Cagepa está atuando para garantir a indenização das famílias afetadas “da forma mais célere possível”, com o objetivo de minimizar os prejuízos causados. “Todo o levantamento foi realizado. Foram cerca de 50 vistorias em residências e seis em comércios. Esse material está sendo compilado para que a Cagepa dê o devido encaminhamento às indenizações. Dentro deste processo, a orientação é acelerar todas as providências necessárias. As indenizações serão feitas e, neste momento, a prioridade é manter a integridade física e psicológica das pessoas afetadas”, disse o gestor, acrescentando que a documentação relacionada ao acidente, incluindo o laudo técnico da companhia, será encaminhada, em breve, ao Ministério Público da Paraíba (MPPB). “A perícia para apuração da causa do rompimento está em andamento. Queremos garantir total transparência e esclarecer à sociedade o que de fato aconteceu”, frisou.

- Equipes foram acionadas para limpar residências e comércios atingidos pelo acidente | Foto: João Paulo Sousa/Secom-PB
Segundo Lucas Ribeiro, todas as pessoas que necessitam de apoio do Governo do Estado estão sendo acompanhadas de perto pela força-tarefa. “Alugamos casas para algumas famílias que solicitaram, e um dos atingidos foi hospedado em um hotel. As duas vítimas que foram atendidas no Hospital de Trauma já receberam alta, mas continuam recebendo acompanhamento diário das equipes da Secretaria de Estado da Saúde”, afirmou.
Segurança
A reunião coordenada pelo vice-governador Lucas Ribeiro também contou com a presença das Forças de Segurança da Paraíba e dos agentes que atuaram diretamente no local no momento do acidente, entre eles integrantes do Corpo de Bombeiros Militar, da Polícia Militar, da Polícia Civil, da Polícia Científica e da Defesa Civil.
O tenente-coronel Jean Benício, comandante do Corpo de Bombeiros em Campina Grande, apresentou detalhes da operação realizada no dia do rompimento. “Trabalhamos tanto na fase reativa, que é o momento do sinistro, como na fase de recuperação. Fomos acionados por volta das 6h40, com a informação de que uma tubulação havia se rompido e, ao chegarmos ao local, percebemos que era muito mais grave do que isso. Reunimos 35 bombeiros na resposta inicial ao ocorrido, com apoio fundamental dos órgãos municipais, sobretudo da Defesa Civil Municipal. Posteriormente, iniciamos a fase de recuperação, que consiste na fiscalização das edificações atingidas para determinar o risco que elas representam para a população”, explicou.

- Secretarias deram suporte a moradores da região e realizaram levantamento de prejuízos | Foto: Divulgação/Secom-PB
De acordo com o levantamento das equipes, 50 edificações foram atingidas pelo rompimento. Em seis delas, a situação é considerada de alto risco e, por isso, autoridades recomendaram demolição. O procedimento deve ser realizado ainda nesta semana. Além das residências e estabelecimentos comerciais, 18 veículos também foram danificados.
Apoio humanitário
A secretária de Estado do Desenvolvimento Humano da Paraíba, Pollyanna Werton, visitou a área atingida pelo rompimento do reservatório, onde conversou com moradores afetados. Segundo ela, a atuação da Pasta tem como objetivo proteger as famílias e garantir que os direitos violados pela tragédia sejam reparados, tanto no aspecto material quanto emocional.
“A Secretaria entra para proteger as famílias e assegurar que os direitos que foram violados possam ser ressarcidos — não apenas os bens materiais, mas também a questão psicológica das famílias. Imediatamente, já disponibilizamos cestas básicas, água potável e colchões para os moradores atingidos e, agora, passaremos a ressarcir a parte financeira, para que ninguém sofra mais nenhum dano”, pontuou Pollyanna.
Um dos moradores atingidos pelo rompimento do reservatório foi Gleidson Chaves, proprietário da fábrica de gelo Ky Gelo, localizada em frente à estrutura que cedeu. Além de ter o maquinário danificado pela água, ele também perdeu os veículos utilizados na empresa.
“Meu pensamento agora é só voltar ao trabalho o mais rápido possível. A mente da gente muda completamente depois de passar por uma situação dessas. Eu contando é uma coisa, mas viver é outra. Foi um momento de muito medo — e a sorte é que, com a mesma rapidez que a água entrou, ela escorreu”, relatou Gleidson.
Cidadania
Ontem, uma unidade do Instituto de Polícia Científica (IPC) foi instalada no local do acidente para atender as pessoas que tiveram documentos extraviados. Médicos e psicólogos também estão prestando assistência aos moradores e familiares. Entre os moradores da área mais afetada, está Ângela Fernanda Oliveira, que vive há 44 anos na mesma casa. Ela relatou que, apesar dos prejuízos materiais, tem recebido toda a assistência necessária das equipes que atuam no local.
“Graças a Deus, a gente não tem o que reclamar. Desde ontem estamos sendo bem assistidos. Todos os órgãos vieram, avaliaram os danos e estão ajudando em tudo. Perdi móveis, sofá, guarda-roupa e máquina de lavar, mas já estão providenciando o apoio. Passei a noite na casa de familiares e o pessoal da limpeza veio desde sábado. Está tudo sendo resolvido”, contou.
O acidente
O rompimento do reservatório da Cagepa no bairro da Prata deixou uma pessoa morta e outras duas feridas. Além disso, casas e estabelecimentos comerciais ficaram alagados, o que resultou em prejuízos financeiros. Em nota, o Governo do Estado lamentou o ocorrido.
“A Cagepa e o Governo do Estado manifestam seu pesar pelo falecimento da senhora Maria do Socorro Leal Teixeira de Araújo, ao mesmo tempo que se solidarizam com os familiares da vítima e colocam à disposição todo o aparato da empresa e do Governo para prestar o apoio necessário neste momento difícil. Registramos também que dois feridos no incidente, Maria Auxiliadora Queiroz da Silva e Alessandro Ferreira Braga, já foram devidamente atendidos no Hospital de Trauma de Campina e estão fora de qualquer perigo”, informa o texto.
Por conta do acidente, 40 bairros de Campina Grande e os municípios de Lagoa Seca, Lagoa de Roça, Areial e Montadas tiveram o abastecimento de água temporariamente interrompido. O serviço foi restabelecido no domingo (9). Segundo o presidente da Cagepa, Marcus Vinícius Neves, após inspeções técnicas detalhadas, foi confirmado que os demais reservatórios permanecem íntegros e em plenas condições de operação.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 11 de novembro de 2025.