Segurança é um direito que exige presença constante. Com esse compromisso, o Governo da Paraíba firmou ontem (17), por meio da Secretaria de Segurança e Defesa Social (Sesds), um termo de cooperação técnica com a Uber, em parceria com o Ministério Público da Paraíba (MPPB) e o programa Antes que Aconteça, para integrar o aplicativo ao telefone 190, da Polícia Militar. A partir da iniciativa, motoristas e passageiros poderão acionar as autoridades diretamente pela plataforma, com envio automático da localização em situações de emergência.
Com o novo recurso, o chamado será enviado aos Centros Integrados de Comando e Controle (CICCs), permitindo que as Forças de Segurança tenham acesso imediato à localização da ocorrência e possam direcionar a viatura mais próxima. A ferramenta promete agilizar o atendimento e fortalecer a prevenção a crimes, com atenção especial à proteção de mulheres que utilizam transporte por aplicativo.
O governador João Azevêdo destacou que a iniciativa representa mais um avanço nas políticas de Segurança Pública do Estado, reforçando a rede de enfrentamento da violência já estruturada nos últimos anos, com ações como a Patrulha Maria da Penha. “Essa assinatura é mais um passo concreto na proteção de toda a população que utiliza transporte por aplicativo. A ferramenta permitirá acionar o socorro com localização em tempo real, garantindo mais tranquilidade e segurança para moradores e turistas”, afirmou.

- Sede da Procuradoria-Geral de Justiça recebeu exemplar de símbolo internacional de alerta sobre o feminicídio
Representando a Uber, Nathalia Falcon ressaltou que a integração com o 190 traz uma camada adicional de proteção para quem utiliza o serviço de transporte por aplicativo. Segundo ela, o recurso aparece no “escudo azul de segurança” e envia, automaticamente, à central da polícia dados como localização em tempo real. “Isso agiliza o atendimento em situações de emergência, especialmente quando a pessoa não consegue falar”, disse.
O procurador-geral de Justiça do MPPB, Leonardo Quintans, destacou que o conjunto de medidas anunciadas representa um marco na prevenção à violência contra a mulher e reafirma o papel do Estado em romper ciclos de agressão antes que eles se agravem. Ele ressaltou que o programa Antes que Aconteça e a integração tecnológica com a Uber aproximam o Poder Público das mulheres em situação de risco.
“Participamos não apenas do anúncio de medidas, mas da reafirmação de uma trajetória construída com responsabilidade institucional e com uma escolha muito clara: a escolha pela vida das mulheres paraibanas. A violência contra a mulher não começa no feminicídio — ela começa nos silêncios, nos sinais, nas desigualdades. O papel do Estado é romper esse ciclo. A integração com a Uber simboliza isso: uma tecnologia simples na interface, mas gigante no significado, porque coloca a segurança ao alcance das mulheres e o Estado exatamente onde elas estão”, avaliou.
Leonardo Quintans também destacou a destinação de recursos que permitirão ampliar ações estruturantes em todas as regiões do estado, graças à articulação nacional do programa. “Hoje celebramos a destinação de mais de R$ 2 milhões para a execução do Antes que Aconteça. Esses recursos permitirão criar núcleos de assistência humanizada à mulher em todas as regiões do estado e fortalecer ações educativas para toda a sociedade — inclusive para os homens, para que compreendam o fenômeno da violência e possam sair conscientemente dessa prática. Agradecemos à senadora Daniella Ribeiro, cuja liderança não apenas amplia políticas públicas, mas salva vidas”, ressaltou o procurador.
Lançamentos
A cerimônia também marcou o lançamento do projeto Banco Vermelho — símbolo internacional de alerta sobre o feminicídio — e da exposição fotográfica “Mulheres Invisibilizadas”, instalada no hall da sede da Procuradoria-Geral de Justiça.
A coordenadora estadual do Antes que Aconteça e segunda-dama do Estado, Camila Mariz, destacou que o conjunto de ações amplia a presença do governo na prevenção à violência. Ela reforçou a criação de cinco núcleos humanizados de acolhimento e o uso de dados para direcionar políticas públicas.
“O programa existe para garantir mais segurança antes que o pior aconteça. Estamos estruturando cinco núcleos humanizados de acolhimento, espalhados por toda a Paraíba, e ações baseadas em dados, para que cada medida chegue exatamente aonde é mais necessária. Seguimos fortalecendo o empreendedorismo feminino, campanhas massivas de conscientização e, sim, ainda precisamos ensinar como as mulheres merecem ser tratadas. Por isso, integrar governo, instituições, Justiça e sociedade é fundamental para a nossa missão central: poupar vidas. Esse programa não é político-partidário; é um compromisso com cada mulher paraibana”, afirmou.
A senadora Daniella Ribeiro parabenizou o Governo da Paraíba pelo pioneirismo e pela sensibilidade na implementação de políticas de enfrentamento da violência contra a mulher. “A violência contra a mulher é um desafio que nenhuma instituição consegue enfrentar sozinha. Precisamos integrar ações, conectar serviços e garantir que nenhuma mulher se perca no caminho entre a denúncia e o acolhimento”, ressaltou.
A procuradora da República Acácia Suassuna, integrante do grupo de trabalho Igualdade de Gênero da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, destacou que o projeto Mulheres Invisibilizadas cumpre um papel essencial de reparação histórica ao resgatar trajetórias femininas que foram apagadas da memória coletiva. Segundo ela, reconhecer essas protagonistas é fortalecer novas gerações com exemplos reais de resistência, coragem e transformação social. “Resgatar essas histórias é reparar uma injustiça histórica. É garantir que mulheres que abriram caminhos não permaneçam apagadas da memória do país”, sustentou.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 18 de novembro de 2025.
