Em contraposição à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que congela os investimentos do governo federal por até 20 anos, mais de 40 alunos da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) ocuparam na tarde de ontem o Centro de Vivência da universidade. Os estudantes de diversos cursos reuniram um total de 22 barracas para passar a noite na instituição. A ação, realizada desde segunda-feira (7), contou com a presença de professores e servidores públicos, que prestaram apoio aos acadêmicos entregando panfletos, abordando pessoas para explicar sobre a PEC 241, aprovada em dois turnos na Câmara dos Deputados e que agora tramita no Senado com o nome de PEC 55. O ato público teve várias atividades durante a tarde e a noite, com aulas públicas e exibição de filmes com temas políticos. As programações vão continuar durante toda semana.
A aluna de serviço social Priscila Alves afirmou que todos os acadêmicos estão assistindo às aulas normalmente e que eles não têm previsão de desocupar a UFPB “enquanto a PEC não cair”. A estudante comentou que não esperava ter uma receptividade tão positiva das pessoas, e que a ocupação tem o objetivo de se somar às manifestações nacionais, que estão ocorrendo em 1.300 escolas e 134 universidades.
O maior produto dessa ação é levar a questão da conscientização para a população em geral, informar sobre a importância do porquê lutar contra a PEC 241, e esclarecer para a comunidade a origem da dívida, de acordo com a professora titular da UFPB e membro fundador do Coletivo Representativo dos Docentes em Luta (Cordel), Cristine Hirsch Monteiro, que acredita não haver necessidade do ajuste fiscal. “Junto à luta dos estudantes vem a Reforma do Ensino Médio, a Lei da Mordaça, que o Governo tenta impor para silenciar a população. A dívida precisa ser auditada, e nós não precisamos passar por esse aperto que estamos vivendo”, declarou. A professora Cristine afirmou que sexta-feira (11) terá um movimento nacional, que também será contra a PEC 241 e pela solicitação da auditoria da dívida.
Programações
De acordo com a docente Cristine Hirsch Monteiro, as programações da ação vão acompanhar as atividades normais do Encontro Unificado, que ocorre na UFPB, e que o Centro de Vivência será apenas um ponto de referência e o local onde os estudantes vão ficar alojados à noite. Durante toda a semana essas ações vão de panfletagens, a aulas públicas, finalizando com o CineClub.
O aluno de Relações Internacionais Nilson Ribeiro afirmou que os cortes estão mais agressivos depois que o governo de Michel Temer assumiu, pois as medidas impostas estão “tirando direitos que foram conquistados com muito esforço”. Durante três semanas os alunos fizeram mobilizações para que fosse decidida a ocupação, realizada ontem, a fim de conseguir resistir de uma forma mais assertiva e reconhecer o protagonismo em uma luta histórica. “Ocupar nos garante um sentido mais incisivo, trazendo pra gente uma possibilidade de entender como a educação e a saúde estão sendo afetadas. Convidamos os servidores que estão em greve para nos apoiar, além de estudantes de cursos de direito, psicologia, engenharia, com a idéia de discutir a educação, resistir e formar uma nova proposta para conseguir derrubar essa proposta”, disse o estudante.
Ocupação no IFPB
Os alunos que haviam desocupado o Instituto Federal da Paraíba (IFPB) na sexta-feira (4), em decorrência do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), retomaram as ocupações na segunda-feira (7), sem previsão de término. As ações estão ocorrendo nos campi de João Pessoa, Cabedelo e Sousa.
O aluno do curso de Design Gráfico do campus de Cabedelo, Lênin Braz, afirmou que os alunos receberam mantimentos da população e que a ocupação está sendo pacífica, mas que todos vão resistir até o fim da PEC 241. Na programação estão oficinas e palestras, com o intuito de deixar a população ciente sobre temas políticos, e atividades culturais. Na noite da segunda-feira houve apresentação do cantor Jonathas Falcão, da banda Seu Pereira e Coletivo 401. Sobre a desocupação antes do Enem, Lênin Braz informou que foi enviado ao Ministério da Educação (MEC) uma nota pública de esclarecimento, informando sobre as desocupações durante o período do exame, desde o dia 28 de outubro, e por esse motivo não teria necessidade de adiar a prova, mas mesmo tendo sido adiada os alunos liberaram o local.