Da Agência EFE
Os Estados Unidos denunciaram nesta segunda-feira (5) um suposto novo ataque com armas químicas na Síria no domingo (4) e acusou a Rússia de proteger o governo do presidente Bashar al Assad e impedir uma condenação no Conselho de Segurança da ONU. “Temos relatórios de que o regime de Assad usou gás cloro contra sua própria gente várias vezes em semanas recentes, inclusive no domingo. Há provas óbvias de dúzias de vítimas”, disse a embaixadora norte-americana na ONU, Nikki Haley ao Conselho de Segurança.
Segundo ela, seu país propôs aos demais membros uma declaração de condenação desses ataques, cuja adoção foi “atrasada” pela Rússia. O embaixador russo, Vasily Nebenzia, explicou pouco depois que Moscou está disposto a aprovar uma condenação contra o uso de armas químicas, mas disse que não pode apoiar a linguagem usada por Washington. Durante os últimos meses, EUA e Rússia se chocaram repetidamente na ONU por conta de alegados ataques químicos do exército sírio. No último ano, Moscou vetou em várias ocasiões a continuidade do mecanismo internacional encarregado de investigar quem usou esse tipo de armamento proibido na Síria, por considerar que seu trabalho não estava sendo independente nem profissional.
Para as potências ocidentais, a postura russa responde unicamente a uma tentativa de proteger o governo sírio, que os especialistas internacionais identificaram como um dos responsáveis por ter usado armas químicas, junto ao Estado Islâmico (EI). “É uma verdadeira tragédia que a Rússia nos tenha mandado para a porta de saída no esforço para terminar com o uso de armas químicas na Síria, mas não vamos cessar nosso trabalho para saber a verdade”, disse Nikki Haley.
Oposição
A embaixadora norte-americana e seus homólogos de países como França e Reino Unido reiteraram também sua oposição a uma recente proposta da Rússia para criar uma nova comissão internacional para investigar os ataques químicos. Segundo o Ocidente, o rascunho de resolução proposto por Moscou imporia à investigação critérios desnecessários e arbitrários, lhe permitiria escolher cuidadosamente os especialistas e deixaria que o Conselho de Segurança, onde a Rússia tem poder de veto, tivesse a última palavra sobre as conclusões.
“Este não é um mecanismo imparcial. É uma forma de tapar as conclusões da última investigação que a Rússia quer enterrar desesperadamente”, destacou Nikki. Por sua parte, o embaixador russo acusou os EUA e seus aliados de utilizar o assunto das armas químicas unicamente para atacar a Rússia por seu papel na Síria. Nebenzia apontou que as críticas derivam da preocupação desses países com o “sucesso” da recente reunião realizada na cidade russa de Sochi para tentar desbloquear as negociações de paz.”Uma vez mais, tentam semear dúvidas sobre o papel da Rússia em uma solução política para o conflito sírio”, criticou.