Há 16 anos, o servidor público José Augusto da Silva, ex-paciente de hanseníase, participa de um grupo de apoio e conversas sobre a doença que ocorre mensalmente no Hospital Clementino Fraga. Assim como acontece em João Pessoa, outros municípios da Paraíba também realizam essas reuniões de suporte e diálogo. Nesta quarta (20) e quinta-feira (21), a Secretaria de Estado da Saúde (SES), por meio do Núcleo de Doenças Endêmicas, realiza o 11º Encontro de Grupos de Autocuidado em Hanseníase da Paraíba (GAC).
O objetivo do evento é fortalecer essas reuniões mensais, discutir sobre prevenção de incapacidade da doença e fazer uma avaliação do que foi feito em 2019, além de planejar as atividades para 2020. Estão presentes no encontro os coordenadores dos grupos de autocuidado da Paraíba, os colaboradores e ex-pacientes de hanseníase.
De acordo com a assessora do Ministério da Saúde e fundadora do encontro, Geisa Campos, é fundamental para os pacientes aprender a conviver com as sequelas causadas pela doença e mais ainda aprender a evitar as incapacidades causadas por ela. “Nos grupos reforçamos as práticas de autocuidado. Os ex-pacientes, aqueles que estão curados, colaboram compartilhando suas práticas e orientam os outros sobre o preconceito e tratamento. Esse encontro de grupos da Paraíba que acontece anualmente há 11 anos tem o intuito de fortalecer esses grupos. E mais, este ano estamos tentando retomar os grupos que pararam de se reunir como o de Patos e o de Cajazeiras e convidamos profissionais de Guarabira para inserir um grupo lá”, explica.
Participante ativo das reuniões mensais no Clementino Fraga, José Augusto está no grupo de autocuidado desde a fundação. O interesse em participar veio da vontade de ajudar outras pessoas a receberem o diagnóstico da hanseníase. Como ex-paciente da doença, ele afirma que devido a falta de informação sobre o tratamento e o preconceito, receber o diagnóstico ainda é muito difícil.
“Hoje eu sou uma pessoa que trabalha em prol de ajudar as pessoas a entenderem a doença. A hanseníase é uma doença milenar, um bicho papão que traz muitas dúvidas e preconceito. A importância dos grupos de autocuidado é fazer esse acolhimento com os portadores. E esse encontro que acontece anualmente capacita a gente para trabalhar melhor nas reuniões mensais”, observa.
A chefe do Núcleo de Doenças Endêmicas da SES, Anna Stella Pachá, pontua que o papel da secretaria em realizar eventos como esse é fortalecer e estimular a continuidade desses grupos nos municípios, especialmente aqueles que são áreas endêmicas da hanseníase. Ela afirma que o Ministério da Saúde orienta a formação desses grupos de autocuidado.
“É muito importante que os municípios trabalhem isso junto a essa população acometida pela doença. Com isso, elas não vão aprender só os cuidados com a parte física, mas também vão trabalhar a autoestima, as questões sociais e assim conseguimos fazer com que essas pessoas se sintam também inseridas na sociedade”, completa.