Notícias

Governo Temer suspende negociações e descarta reajuste antes do julgamento do impeachment

publicado: 24/08/2016 09h54, última modificação: 24/08/2016 09h54
1029950-07-07-2016_07072016-vac_3670.jpg

Governo federal interrompeu negociações salariais e aumentos de impostos - Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

tags: governo federal , michel temer


Nielmar de Oliveira
- Da Agência Brasil

O governo já decidiu que não vai aumentar impostos este ano e em 2017 para alcançar a meta fiscal. Além disso, não vai negociar aumentos salariais antes que seja decidida a questão do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. A informação foi dada ontem (23), pelo ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, ao reconhecer que a sociedade brasileira não tem mais como arcar com aumentos da carga tributária.

“Já há decisão da área fazendária neste sentido seguindo orientação do presidente Michel Temer. Não haverá aumento de impostos para 2017”. Em consequência, Padilha afirmou que o projeto que cria limites para o crescimento dos gastos públicos com base na variação da taxa da inflação do ano anterior “é inegociável”. Esse cálculo está previsto no Projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que está sob análise do Congresso Nacional.

“Não há hipótese de o governo trabalhar com a flexibilização [dos gastos]. Claro que a decisão final cabe ao Congresso, mas, se não tivermos a aprovação da contenção das despesas, nós vamos ter uma expansão muito expressiva da dívida publica. É como na casa do João, da Maria e do José: o limite do cartão de crédito e do cheque especial estourou, não tem mais como sacar [dinheiro], então temos que cortar despesas. Dói um pouco, não vai ter mais cinema, festa de final de semana”, comparou.

Padilha disse que, como o governo não vai cobrar da sociedade, a diferença para o equilíbrio das contas públicas terá que vir do cortes de despesas. “Então vamos tirar das estradas, da segurança, uma vez que os gastos com saúde e educação são mantidos constitucionalmente – não pode ser mexido, vamos tirar de onde for possível”.

Aumentos salariais

Eliseu Padilha também confirmou a decisão do governo de não negociar aumentos salariais antes que seja decidida a questão do impeachment da presidenta afastada Dilma Rousseff, uma vez que a negociação estava em desacordo com a própria base de sustentação do governo.

“Essa foi uma decisão tomada durante a reunião do colegiado na última sexta-feira em São Paulo, que concluiu que não havia clima na base. Então o governo decidiu suspender [a negociação] até pelo menos depois da votação do impeachment”. A decisão, segundo Padilha, vai atingir todas as categorias que tiverem alguma ligação com o Executivo.

Reforma da Previdência

O ministro voltou a defender a necessidade da reforma da Previdência. “Nós temos que fazer com que o Brasil seja viável no longo prazo. E há duas coisas que são absolutamente indispensáveis que sejam enfrentadas. Uma é a questão da dívida pública, daí a razão do teto, e a outra é a reforma da Previdência. Se não, em pouco anos, o sujeito chega com seu cartão de aposentadoria no banco e não terá dinheiro necessário para que o pagamento seja feito.”

O ministro deu as informações em entrevista, no Rio Media Center, para apresentar, ao lado do prefeito Eduardo Paes, o balanço final dos Jogos Olímpicos de 2016.

-- 

Opinião, por Felipe Gesteira

Pura demagogia. Peço licença para utilizar a mesma analogia infame do ministro-chefe da Casa Civil do governo interino, Eliseu Padilha. Na casa do João, da Maria e do José não tem mais como sacar dinheiro porque o cartão de crédito estourou. Com a crise no orçamento doméstico, os três pedem dinheiro emprestado a amigos e familiares, justificando que a verba será usada somente para compra de alimentos, remédios, produtos essenciais. Assim que conseguem levantar uma quantia razoável, saem os três de férias, vão a Miami passear, comprar roupas e eletrônicos e publicar fotos em seus perfis no Instagram e Facebook. Como ficam as pessoas que emprestaram dinheiro para que João, Maria e José mantivessem as despesas de casa? Como palhaços, senhor ministro, palhaços batedores de panelas, usurpados por um governo ilegítimo. A prova de que Temer brinca com o cidadão é que na noite da segunda-feira (22), no apagar das luzes, a Câmara dos Deputados aprovou a abertura de crédito extraordinário de R$ 100 milhões para gastos com publicidade e propaganda da presidência da República. É pra colocar o nariz vermelho e sair às ruas! O governo que congela salários para pressionar a população em favor de um processo fora da legalidade é o mesmo que finge cortar gastos, mas, ao mesmo tempo, vai torrar R$ 100 milhões para tentar reverter a crise de imagem do presidente mais impopular que já comandou a nação desde a redemocratização.