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João lança campanha Maio Amarelo

publicado: 07/05/2024 09h19, última modificação: 07/05/2024 09h19
Solenidade na Acadepol contou com participação da PRF, do Detran e de secretarias de Educação e Segurança
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No evento, governador destacou que parceria entre órgãos em ações educativas vai trazer bons resultados para o estado | Fotos: Leonardo Ariel

por Filipe Cabral*

O governador João Azevêdo participou, ontem, da abertura oficial do Maio Amarelo na Paraíba, campanha de conscientização sobre a redução de acidentes no trânsito. Durante a solenidade, realizada no auditório da Academia de Ensino da Polícia Civil (Acadepol), em João Pessoa, o governador assinou um convênio entre o Departamento Estadual de Trânsito da Paraíba (Detran-PB) e a Secretaria de Estado da Educação para o desenvolvimento de programas e projetos de educação para o trânsito no estado.

Além de João Azevêdo, assinaram o termo de compromisso o diretor-superintendente do Detran-PB, Isaías Gualberto, e o secretário estadual de Educação, Antônio Roberto.

“Nós precisamos entender que a educação e a formação do bom condutor começam já na escola. Essa parceria que nós estamos fazendo aqui é justamente para termos condutores mais responsáveis. É uma ação extremamente importante que vai resultar em números melhores, dados melhores do futuro”, explicou o governador.

Além do investimento na formação dos futuros condutores, João Azevêdo destacou que o Governo do Estado pretende também intensificar as ações de fiscalização no trânsito, sobretudo em relação aos motociclistas. Segundo dados da Secretaria de Segurança e Defesa Social (SSDS) da Paraíba, dos 11.230 acidentes registrados no ano passado, 8.617 envolveram motos, o que corresponde a aproximadamente 77% do total. Neste ano, as motos também estiveram presentes em 71% dos 260 casos de mortes decorrentes de sinistros de trânsito. “Isso é uma guerra, é uma pandemia. E nós precisamos enfrentar isso”, alertou o governador.

“Eu não falo em zerar acidente porque é impossível, mas nós vamos endurecer a fiscalização para que os números possam realmente chegar a patamares que sejam aceitáveis. Até porque o custo para a nação é muito alto. Um acidentado, se ele trabalha, ele vai entrar no processo de ficar recebendo o benefício pelo INSS enquanto não estiver trabalhando. Muitas vezes, quando não chega a óbito, as sequelas tornam esses pacientes quase que impossibilitados de voltar ao trabalho e isso é um outro problema. Então se você soma tudo isso, o prejuízo para a nação é gigantesco”, pontuou.

 A campanha

O movimento mundial do Maio Amarelo surgiu em 2011 após a Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU) definir o período de 2011 a 2020 como a primeira Década de Ação para Segurança no Trânsito. A cor amarela simboliza a sinalização e alerta no trânsito.

Recentemente, a ONU renovou a campanha e definiu o período de 2021 a 2030 como a Segunda Década de Ação pela Segurança no Trânsito, estabelecendo a meta de redução de, pelo menos, 50% de lesões e mortes no trânsito no mundo inteiro. Em 2024, a campanha traz o tema “Paz no trânsito começa por você!”.

Autoridades reforçam importância da mobilização

Na Paraíba, a mobilização ainda é reforçada pelas estratégias e ações estabelecidas pelo programa Paraíba pela Paz no Trânsito, criado pelo Governo do Estado em agosto do ano passado. Entre os principais objetivos do programa estão a redução da mortalidade no trânsito; a redução do número de acidentes; a promoção da “fluidez ordenada do trânsito”; e a prevenção de “conflitos de trânsito que gerem risco à violência criminal”.

Segundo o diretor-superintendente do Detran-PB, Isaías Gualberto, iniciativas como o programa estadual e o Maio Amarelo são fundamentais não só para reduzir o número de vítimas no trânsito, mas sobretudo para atacar as causas de tantos sinistros.

“Depois da promulgação da Lei no 14.599/2023, o nome passou a não ser mais acidente porque acidente é uma coisa que você não pode evitar. A grande maioria dos casos são sinistros, ou seja, casos que envolvem a ação humana e são causados pela imprudência, negligência ou imperícia dos nossos condutores de veículos. Esses programas, portanto, servem para a gente identificar e atacar as causas desses sinistros fatais e não só agir nas consequências e contar as mortes dos nossos jovens”, afirmou.

Neste sentido, o secretário de Educação, Roberto Souza, sublinhou a importância do trabalho junto às crianças e jovens do Estado como forma de prevenir futuros acidentes, mas também de formar cidadãos mais conscientes sobre o direito ao espaço público. “A gente só vai ter paz no trânsito, se a gente conhecer as regras de como se comportar nos espaços coletivos”, destacou.

“A tarefa de educar crianças e jovens é uma tarefa da Educação. Então fazer esse processo de formação, agora de forma articulada com o Detran, chegar às nossas escolas de forma mais efetiva, trabalhando de forma transversal dentro do currículo escolar, para nós é fundamental. É muito importante que a gente tenha crianças e jovens sabendo como se comportar no trânsito, seja como pedestre, ciclista, motociclista ou condutor de veículos dos diversos portes”, completou.

O superintendente da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na Paraíba, Pedro Ivo Loureiro, também se somou às autoridades políticas ao destacar a necessidade de um esforço integrado de diferentes órgãos e esferas de governo para garantir a segurança no trânsito na Paraíba. “Uma cidade mais humana não se faz apenas com policiamento, mas com integração entre órgãos, avenidas bem projetadas, e locais públicos de convivência”, destacou.

Ao comentar sobre o Maio Amarelo, o policial reforçou que pessoas são mais importantes que veículos. “Não nos enganemos, o trânsito não é democrático. O trânsito é uma relação desigual entre as pessoas. Por exemplo, quase todas as pessoas atropeladas são pessoas pobres. Quase 100% dos atropelamentos na rodovia federal envolvem pessoas pobres, vulneráveis, pretas, que moram nas margens das rodovias. Muitas vezes é um trabalhador se deslocando para o seu local de trabalho”, destacou o superintendente da PRF.

Estado registra 260 mortes nos primeiros meses

De acordo com a SSDS, das 260 mortes no trânsito registradas no primeiro trimestre de 2024, 84% das vítimas eram homens. No que se refere aos veículos, 71% das vítimas conduziam motos, 15% carros e 4% bicicleta.

As cidades que registraram o maior número de mortes no trânsito neste ano foram João Pessoa (23), Campina Grande (20), Conde (11), Santa Rita (9) e Patos (6). Em seguida vêm Aparecida, Esperança, São Bento, Sousa e Sumé, todas com cinco casos.

Segundo a Secretaria de Saúde, em 2024 o Hospital Estadual de Emergência e Trauma  Senador Humberto Lucena (HEETSHL), em João Pessoa, realizou 2.831 atendimentos a vítimas de acidentes de trânsito. Destas, 2.248 pilotavam motos, 199 dirigiam carros, 222 estavam de bicicleta e 162 foram atropeladas.

Em Campina Grande, o Hospital de Emergência e Trauma Dom Luiz Gonzaga Fernandes registrou 2.209 atendimentos de janeiro a março deste ano, sendo 1.821 decorrentes de acidentes de moto, 161 de carro, 120 de bicicleta e 107 atropelamentos.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa 07 de maio de 2024.