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Lira formaliza apoio a Hugo Motta

publicado: 30/10/2024 09h20, última modificação: 30/10/2024 09h20
Representante do bloco composto por Republicanos, MDB, PSD e Podemos ainda precisa conquistar outras legendas
1- Hugo e Lira_Reprodução_Instagram.jpg

Anúncio oficial da candidatura do deputado do Republicanos-PB aconteceu ontem, na Residência Oficial da Câmara, em Brasília | Foto: Reprodução/Instagram

por Paulo Correia*

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), oficializou seu apoio a Hugo Motta (Republicanos-PB) na disputa à Presidência da Mesa Diretora, em 2025. O pronunciamento foi realizado, ontem, na área externa da Residência Oficial da Câmara, em Brasília.

“Depois de muito conversar e, sobretudo, de ouvir, estou convicto de que o candidato com maiores condições políticas de construir convergências no parlamento é o deputado Hugo Motta, nome que demonstrou capacidade de aliar polos, aparentemente, antagônicos, com diálogo, leveza e altivez”, declarou Lira.

O presidente da Câmara apontou, diversas vezes, que Motta representa a unidade de projetos necessária ao trabalho legislativo. Na visão de Lira, o paraibano “viveu e vive de perto os desafios que perpassam a gestão”.

“Com esse meu gesto, espero, de coração, dar início à concretização de conversas que foram feitas e acordos que foram firmados com diversas legendas partidárias, em torno desse mesmo projeto de convergência. Declarar apoio a Hugo Motta, neste momento, é minha contribuição pessoal à convergência, para que sigamos com a Câmara dos Deputados atuante, propositiva e firme, em defesa das prerrogativas do Parlamento, da democracia e do Brasil”, acrescentou o presidente da Câmara.

A coletiva contou com a presença do próprio Hugo Motta; do presidente do Republicanos, Marcos Pereira; e de líderes partidários, como Isnaldo Bulhões Jr. (MDB-AL) e Doutor Luizinho (PP-RJ), além de parlamentares de outros partidos, como PT e PL.

Nas redes sociais, Hugo Motta agradeceu o apoio de Arthur Lira. “Obrigado, presidente, pela confiança depositada. Caminharemos na certeza de que o diálogo prevalecerá pelo bom funcionamento da Casa”, escreveu o deputado paraibano.

Alianças

Após o anúncio de Lira, PP e Republicanos reforçaram o apoio das legendas à candidatura de Hugo Motta. MDB, PSD e Podemos compõem o bloco partidário do qual o Republicanos faz parte, logo, devem apoiar o paraibano.

Mesmo com a presença de alguns deputados na coletiva de Arthur Lira, PT e PL ainda não oficializaram apoio a nenhum candidato à Presidência da Câmara.

Lei da Anistia

Na coletiva, Lira também destacou a criação de uma comissão para discutir o Projeto de Lei (PL) no 2.858, que concede anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Para Lira, o projeto não deve ser “elemento de disputa política”, devido à complexidade do tema.

O deputado chamou atenção para a liberdade do Parlamento de “formular, discutir, debater e pensar as temáticas mais relevantes e sensíveis”, assim como o papel da comissão, que “seguirá rigorosamente todos os ritos e prazos regimentais, sempre com a responsabilidade e o respeito”.

“Assim também deve ser com a chamada Lei da Anistia, o tema deve ser debatido pela Casa, mas não pode, jamais, pela sua complexidade, converter-se em elemento de disputa política, especialmente no contexto das eleições futuras para a Mesa Diretora da Câmara. E é por isso que, na condição de presidente da Câmara dos Deputados, determinei, ontem, a criação de uma comissão especial para analisar o PL no 2.858”, enfatizou Lira.

Hugo Motta ainda não se posicionou sobre o projeto. Segundo apuração da Folha de S.Paulo, o deputado teria se esquivado de perguntas sobre o tema durante uma reunião com parlamentares do PT, realizada no dia 16 de outubro. Sem deixar claro se é favorável ou contrário à anistia, o paraibano teria se limitado a dizer que não se envolveria com o tema, uma vez que a questão seria “resolvida” por Arthur Lira.

O Jornal A União tentou contato com o deputado federal Hugo Motta, via assessoria de comunicação, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.

Indicação demonstra força do paraibano, aponta especialista

Para o analista político Lúcio Flávio Vasconcelos, a escolha de Motta demonstra a força e a importância política do deputado paraibano na Câmara, por conta “não só das articulações que ele tem feito com todos os partidos, de todas as ideologias, mas também por ter, agora, o respaldo do superpoderoso Lira”.

O professor destaca também a importância da indicação de Motta para a Paraíba, chamando atenção para sua trajetória política. “É extremamente importante você ter um deputado federal com apenas 35 anos de idade, mas com uma habilidade política muito forte. Ele foi eleito em 2010, com apenas 21 anos, foi o deputado federal mais novo eleito, é uma projeção nacional muito grande”, analisa.

Para Lúcio Flávio, a indicação do presidente Arthur Lira tem muita força nas eleições da Mesa Diretora, sugerindo um fim na disputa existente entre Hugo Motta e os demais pré-candidatos — Elmar Nascimento (União) e Antônio Brito (PSD). A imprensa nacional aponta para o mesmo caminho. Segundo a CNN, já há uma movimentação no sentido de construir um consenso em torno do nome de Motta, contemplando os grupos políticos de Elmar e de Brito. Entre as alternativas, estariam uma futura indicação ao Tribunal de Contas da União (TCU) ou até mesmo uma reforma ministerial no Governo Lula.

 “Eu acredito, a não ser que haja uma reviravolta muito grande — o que é pouco provável —, que Hugo Motta já pode comprar o terno dele para posse de presidente da Câmara Federal”, diz Lúcio Flávio. Segundo o especialista, a indicação de Motta demonstra a força do “Centrão” no cenário político partidário. Ele avalia que, devido à sua capacidade “camaleônica”, o bloco “governa o país” e “consegue se adaptar muito bem”, marcando presença em posições de poder há décadas.

 “Esse bloco tem uma gama de cinco ou seis partidos que, realmente, governam o país, que distribuem cargos, que têm força. Você pode vê-lo em ministérios de Lula e em secretarias de Tarcísio de Freitas, em São Paulo, por exemplo”, aponta Lúcio Flávio.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 30 de outubro de 2024.