Do Estadão Conteúdo
Os conservadores da chanceler alemã, Angela Merkel, e os social-democratas alcançaram um acordo para formar um governo de coalizão no país depois de muitas horas de negociações, informou nesta quarta-feira (7) a direção do Partido Social Democrata (SPD). Em uma medida que deve representar uma guinada na política alemã para a zona do euro, a imprensa local noticiou que o SPD ficará com o Ministério das Finanças, um posto até recentemente ocupado pelo conservador Wolfgang Schaeuble, amplamente desprezado em países do bloco em dificuldades durante sua permanência de oito anos em razão de seu foco rígido na disciplina fiscal.
Esse ministério deverá retornar a Olaf Scholz, prefeito da segunda maior cidade do país, Hamburgo, e figura respeitada dentro do SPD, de acordo com a imprensa. Ceder o Ministério das Finanças leva a crer que os conservadores tiveram de fazer grandes concessões ao SPD para acertar uma renovação da “grande coalizão” que vem governando a Alemanha desde 2013 e garantir um quarto mandato para Merkel. No começo da semana, o líder do SPD, Martin Schulz, disse que seu partido conseguiu que um acordo com os conservadores encerre a “austeridade forçada” e estabeleça um orçamento de investimentos para a zona do euro. Ele deverá se ocupar das Relações Exteriores, de acordo com algumas fontes.
Em uma mensagem publicada nas redes sociais com uma foto de Schulz e outros negociadores do mesmo grupo sorrindo, eles afirmam: “Cansados, mas felizes. Há um acordo! Finalmente. Agora os detalhes finais estão sendo trabalhados no texto. Depois, os 35 negociadores do SPD irão avaliá-lo”. “Estou convencida de que este contrato de coalizão (...) é o pilar do governo estável que o nosso país precisa e muita gente no mundo esperava”, declarou Merkel. Conservadores e social-democratas discordavam sobre a divisão dos ministérios, a reforma da saúde e a regulamentação dos contratos de trabalho temporários. “Admito que a questão de quem assumirá qual ministério não foi fácil”, reconheceu a chanceler.
O SPD também poderá contar com representantes nas pastas do Trabalho e Assuntos Sociais, Meio Ambiente e Assuntos Familiares. A União Cristã Social (CSU), ala mais à direita da família política de Merkel, deverá recuperar o Ministério do Interior. O compromisso, no entanto, ainda precisa passar por uma votação dos militantes do SPD, que deve ser realizada nas próximas semanas. O resultado da consulta, previsto para ser anunciado em março, é considerado incerto.
Abalado por seu pior desempenho eleitoral no pós-guerra, o SPD planejava se reformular na oposição e só concordou em conversar sobre a coalizão com relutância, mas seus 464 mil membros ainda têm chance de vetar um pacto em uma votação pelo correio.