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Militar bósnio toma veneno no momento do julgamento

publicado: 29/11/2017 21h05, última modificação: 29/11/2017 21h40
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Slobodan Pralijak não aceitou a condenação de 20 anos de prisão e, diante do tribunal, cometeu suicídio - Foto: Reprodução/Internet

tags: bósnia , praljak , veneno


Do Portal UOL

O ex-líder militar bósnio-croata morreu em um hospital de Haia depois de ter ingerido veneno na sala de audiência do Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia (TPII) em Haia, informou a agência oficial croata Hina. Horas depois, a morte de Praljak foi confirmada pelo tribunal por meio de um comunicado. Slobodan Pralijak, 72 anos, afirmou que rejeitava a condenação de 20 anos e depois ingeriu diante das câmeras o conteúdo de um frasco que tirou do bolso. Seu advogado de defesa afirmou que se tratava de veneno. “Tomei veneno”, gritou também Praljak, de 72 anos, perante o tribunal, depois de escutar sua sentença.

O juiz, Carmel Agius, interrompeu imediatamente a sessão e na qual também estavam sendo julgados outros cinco ex-líderes políticos e militares croatas da Bósnia. E entraram os serviços de emergências, em meio à estupefação na sala do tribunal. O primeiro-ministro croata, Andrej Plenkovic, confirmou a morte de Pralijak após ela ter sido inicialmente noticiada pela tevê estatal croata e ofereceu suas condolências à família. A polícia holandesa declarou o tribunal como “cena de crime”. As autoridades holandesas iniciaram nesta quarta-feira (29) “uma investigação independente” sobre a morte.

Os seis acusados já tinham sido condenados em primeira instância em 2013 por crimes na cidade de Mostar, onde os croatas da Bósnia e os muçulmanos lutaram entre 1993 e 1994, e a Corte confirmou nesta quarta-feira a sentença de todos eles. Pralijak foi comandante do Estado-Maior das Forças de Defesa Croatas de Bósnia (HVO). Ele foi considerado culpado por ter sido informado de que fiéis muçulmanos estavam sendo detidos por soldados e levados para a cidade de Prozor no verão de 1993 e por não ter feito nada para impedir isso. Também não agiu ao saber que havia planos de matá-los, assim como por saber de ataques a membros de organizações internacionais e a locais no leste de Mostar, como mesquitas.

O juiz, que retomou minutos mais tarde a sessão, também confirmou a pena de 25 anos ao ex-primeiro-ministro Jadranko Prlic e de 20 anos para seu ex-ministro de Defesa Bruno Stojic e o ex-militar Milivoj Petkovic. Além disso, o ex-chefe da Polícia bósnia-croata, Valentin Coric, foi sentenciado a 16 anos e Berislav Pusic a 10 anos, como dirigente das detenções forçadas durante a guerra.

O Tribunal Penal Internacional da Guerra da Bósnia foi instaurado em 1993, quando o conflito ainda estava em curso, para julgar atrocidades cometidas durante esse período. Os julgamentos se concentraram em grande parte no papel da Sérvia no conflito, mas mostraram que a Croácia também promoveu uma limpeza étnica para assumir o controle de territórios bósnios. Ao longo de 24 anos, foram indiciados 161 suspeitos, dos quais 90 foram condenados. A sessão dessa quarta-feira faz parte do último caso a ser julgado antes da corte especial ser encerrada no próximo mês.