O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), convocou para hoje uma reunião de líderes para definir a pauta legislativa, “com base no diálogo e no respeito institucional”.
Em comunicado nas redes sociais, o parlamentar — que, ontem, cumpria agenda administrativa na Paraíba — disse que acompanhou, ao longo do dia, a ocupação das Mesas Diretoras do Senado e da Câmara e a obstrução dos trabalhos legislativos por parlamentares bolsonaristas. À distância, ele determinou o encerramento da sessão de ontem. “O Parlamento deve ser a ponte para o entendimento”, frisou Motta.
O presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), chamou de “exercício arbitrário” o ato orquestrado pelos oposicionistas e suspendeu a sessão. “Faço, portanto, um chamado à serenidade e ao espírito de cooperação. Precisamos retomar os trabalhos com respeito, civilidade e diálogo, para que o Congresso siga cumprindo sua missão em favor do Brasil e da nossa população”, afirmou Alcolumbre, em nota.
O ato dos parlamentares oposicionistas ocorreu um dia após a decretação da prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro. O grupo ameaçou permanecer nos Plenários até que os presidentes das Casas Legislativas aceitassem pautar a anistia geral e irrestrita para os condenados por tentativa de golpe de Estado. Eles também reivindicaram que seja pautado o pedido de impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e o fim do foro privilegiado — assim, Bolsonaro não seria mais julgado pela Corte e sim pela Primeira Instância.
Punição
Os deputados de partidos da base do governo classificaram a atitude como “chantagem contra o país” e defenderam que os parlamentares envolvidos na obstrução sejam punidos pelo desrespeito ao regimento e pela interrupção do funcionamento da Casa.
Pedro Campos (PSB-PE) lembrou que a pauta de votações é definida pelo Colégio de Líderes, que já negou incluir a anistia dos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro. Já Tarcísio Motta (Psol-RJ) avaliou a movimentação como grave e reafirmou que os parlamentares precisam ser responsabilizados. “Cada um deles vai ser alvo do Conselho de Ética. Já tentamos abrir a sessão mais de uma vez e eles estão impedindo a sessão de abrir. Fossem eles maioria, o que não são, fossem eles minoria, como são, eles não têm esse direito”, sustentou.
“É importante que a nação observe o que está acontecendo aqui. Deputados que querem colocar o interesse de uma família, de uma única pessoa, o ex-presidente que articulou um golpe contra a democracia, com planos para assassinar o presidente e o vice-presidente, acima dos interesses do povo brasileiro. Essa não é a casa da família Bolsonaro, essa é a casa do povo brasileiro e da democracia. Os trabalhos têm que continuar”, emendou a deputada Erika Hilton (Psol-SP).
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 06 de agosto de 2025.