por José Alves*
Ana Flávia Nóbrega*
O Ministério Público Federal da Paraíba (MPF-PB) irá averiguar a legalidade da aprovação do reitor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Valdiney Veloso Gouveia, no curso de Engenharia de Produção da instituição. O ingresso, por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), pode representar eventual favorecimento ou violação de regras para a entrada na instituição como estudante. Motivo pelo qual a procuradora Janaina Andrade de Sousa solicitou o envio de informações para investigar a situação para a Pró-Reitoria de Graduação da UFPB.
A instauração da Notícia de Fato tem teor de apuração inicial e terá o prazo de 10 dias para a apresentação de posicionamento da instituição sobre o ingresso do reitor.
Valdiney Veloso Gouveia foi aprovado pelo Sisu 2022 pelas vagas reservadas para cotistas de escola pública. O reitor da instituição não declarou se vai ou não assumir a vaga. Irritado com o questionamento, o reitor disse que essa é uma questão de foro íntimo e que não tem nenhum interesse em compartilhar sua decisão com a imprensa.
Através das redes sociais, Valdiney Veloso repudiou o fato de que sua vida pessoal fosse motivo para pautas de veículos de imprensa, em específico a notícia publicada pelo Portal G1 da Paraíba, da Rede Paraíba de Comunicação, a qual o reitor destaca e escreve: “Danou-se. Não sabia que a vida de reitor interessava tanto a @tvglobo e ao @portalg1. Por favor, deem uma força para meu ingresso no BBB. Quanto a preocupação do sindicato dos docentes, talvez temendo que eu não dê conta de minhas atividades, lembro que de 2011 a 2016, cursei direito (segunda graduação), à noite sem jamais deixar minhas obrigações; por certo, apenas nesse período publiquei mais de 80 artigos e sempre estive em sala de aula na graduação, mestrado e doutorado, como sigo mesmo na condição de reitor”.
Perguntado sobre a condição de estudante de escola pública, ele confirmou que faz parte do grupo. Valdiney comprovou o vínculo também nas redes sociais, com fotos da ficha de identificação de matrícula e certificado de conclusão, este datado em 30 de janeiro de 1984. Na publicação, o reitor respondeu a um comentário questionando sobre a forma de conciliar o trabalho e os estudos em um curso que é integral, informando que a aprovação foi para a turma noturna.
O diretor de comunicação do Sindicato dos Professores da Universidade Federal da Paraíba (AdufPB), Cristiano Bonneau, disse ontem que a categoria não discute a legalidade da aprovação de Valdiney no curso, mas reprovou que uma pessoa na condição de professor e reitor tome a vaga de uma estudante que esteja iniciando os estudos acadêmicos. Cristiano, observou também que o cargo de reitor, exige integralidade e Valdiney entrando em um novo curso, fica praticamente inviável a qualidade de seu trabalho à frente da instituição.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 03 de março de 2022