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Eleições 2024

Mulheres terão participação decisiva

publicado: 15/04/2024 10h08, última modificação: 15/04/2024 10h08
De acordo com dados do TSE, eleitoras representam, hoje, 53% das pessoas aptas a votar em outubro na Paraíba
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Sofia acredita que eleições municipais são oportunidade para a mulher| Foto: Divulgação

por Filipe Cabral*

O período de campanha eleitoral ainda não está oficialmente aberto, mas algo já é certo nas Eleições Municipais de 2024 na Paraíba: a participação das mulheres será decisiva.

De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as mulheres representam, hoje, 53% do eleitorado paraibano. Dos 3,16 milhões de eleitores do estado aptos a votar em 2024, 1,66 milhão são mulheres e 1,49 milhão, homens. Nas últimas eleições municipais, em 2020, a porcentagem era a mesma, mas os números eram menores. Na época, as eleitoras paraibanas somavam 1,56 milhão de votos, enquanto os homens 1,39 milhão.

Em 2024, as eleitoras também são maioria em praticamente todas as faixas etárias. A única exceção é entre o grupo de jovens com 16 anos, mas ainda assim, correspondem a quase a metade (49,6%) dos 15.221 eleitores do segmento.

Na faixa dos 45 a 49 anos, que concentra o maior número de eleitores da Paraíba (24,5% do total), são 411.015 mulheres, o que equivale a 53% dos 774.762 eleitores do grupo.

De acordo com o cientista político e professor da Universidade Federal de Campina Grande, José Marciano, os números na Paraíba seguem uma tendência nacional de crescimento da participação política das mulheres em todas as esferas da política institucional.

“É preciso um olhar mais atento para a variável ‘gênero’, visto que o eleitorado feminino tem crescido e, além disso, as mulheres têm participado cada vez mais dos espaços de decisão e com vozes muito mais ativas. O crescimento da demanda por políticas públicas voltadas para o público feminino, inclusive, é fruto de um eleitorado que é expressivo tanto no caso específico da Paraíba, como nos demais estados da Federação”, observou.

Cientista destaca importância dos jovens

Entre os grupos que merecem atenção especial por parte dos candidatos e candidatas a ocupar as Prefeituras e Câmaras Municipais na Paraíba, Marciano também destaca os jovens eleitores. De acordo com o TSE, a Paraíba possui, até o momento, 465.930 eleitores com até 24 anos aptos para votar nas Eleições 2024, o que equivale a 15,8% do total. Nas últimas eleições municipais, em 2020, o número de eleitores nesta faixa era de 452.173, 15,2% do total.

“Nós temos cada vez mais jovens se inserindo no espaço político. É outro eleitorado que, embora eu não saiba se poderá ser definidor, necessita uma atenção maior. Porque o eleitorado jovem se encontra muito mais vinculado ao processo de discussão e transmissão de informações via redes sociais. Eles têm ocupado espaços de fóruns, discussões, debates e de conscientização política a partir do seu local de atuação e mudado um pouco o perfil do eleitorado paraibano nos últimos anos”, sublinhou o cientista político. 

Ainda sobre os jovens eleitores, o professor da UFCG explica que, para além da questão dos números, a participação política cada vez mais intensa da juventude através das mídias digitais têm transformado, em certo ponto, o debate político no Brasil e na Paraíba.

“Tanto as mulheres como os jovens possuem agendas próprias, inclusive diante dos seus anseios e das suas necessidades, e isso pode fazer com que as disputas sejam mais vinculadas em termos de plataforma de governo e de debate a esses públicos”, pontuou Marciano.

Representatividade

Com 26 anos de idade, a estudante de Comunicação Social paraibana, Sofia Isbelo, vê nas Eleições Municipais de 2024 uma oportunidade “para fortalecer ainda mais a presença das mulheres jovens nos espaços de poder”. Coordenadora nacional do Levante Popular da Juventude, Sofia lamenta que, embora as mulheres sejam decisivas para qualquer resultado eleitoral no estado, essa “importância política”, segundo ela, “não se reflete nos cargos de poder institucional e políticos”.

“Infelizmente conseguimos observar pouquíssimas mulheres jovens se candidatando, se elegendo, ou mesmo integrando cargos dentro dos órgãos do poder público. E só nós sabemos quais são as violências que nos atravessam enquanto sociedade e como poderemos fazer algo para mudá-las”, argumenta.

Sobre as pautas e demandas políticas das jovens paraibanas em 2024, a militante cita como prioridades o combate à violência contra as mulheres e a garantia de direitos básicos como o acesso à educação, saúde e cultura.

“Precisamos votar em mulheres e em políticos que defendam uma vida digna para juventude feminina paraibana - o que significa lutar por educação de qualidade, acesso à saúde, acesso à cultura e sua democratização tanto no consumo quanto no fazer - e que apresentem projetos contra a violência racial e de gênero. Temos a oportunidade de construir a Paraíba que queremos para nós, mas depende da nossa organização enquanto grupo para consegui-la”, afirma Sofia.

Perfil chama a atenção para cor e escolaridade

Além dos marcadores de gênero e idade, destacam-se também na análise do perfil do eleitorado paraibano as características escolaridade e cor/raça.

Em 2024, a maioria dos eleitores no estado é formada por pessoas com o Ensino Fundamental incompleto. São 759.892 eleitores, o que corresponde a 24% do total. Em segundo lugar, vem os 699.524 eleitores com Ensino Médio completo, 22,12% do total.

Ainda sobre a escolaridade do atual eleitorado paraibano, apenas 8,36% dos eleitores apresentam Ensino Superior completo e 6,56% são analfabetos.

Em 2020, os eleitores com Ensino Fundamental incompleto também eram maioria, com 24,6% do total. O eleitorado com Ensino Médio completo representava 21,29%; com Ensino Superior, 8,5%, e os analfabetos somavam 7,3%.

Em relação às características de cor/raça, em 2020 o TSE ainda não utilizava o marcador na composição do perfil do eleitorado. Em 2024, mesmo com a inclusão do recorte, cerca de 2,9 milhões (73% do total) de eleitores da Paraíba “não informaram” os dados de cor e raça.

Entre os que informaram, a maior parte - 146.405 (4,63%) se reconhece como parda. Brancos somam 62.093 (1,96%); pretos,18.477 (0,58%); e indígenas, 1.490 (0,05%).

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 15 de abril de 2024.