Visando reduzir o déficit habitacional em Campina Grande, o candidato a prefeito Nelson Júnior (PSol) declarou ser preciso acionar os governos Estadual e Federal para aumentar os investimentos no programa Minha Casa, Minha Vida, além de abrir o diálogo com a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, visando melhorias nas linhas de financiamento para as classes C e D do município.
O psicólogo e professor da Universidade Estadual da Paraíba, Nelson Júnior, foi ontem o quinto entrevistado da série de sabatinas promovidas pela Empresa Paraibana de Comunicação. As entrevistas são realizadas pela Rádio Tabajara, ao vivo, do Escritório de Representação do Governo da Paraíba e, durante os encontros, os candidatos à Prefeitura de Campina Grande discorrem sobre alguns eixos temáticos, como: moradia, saúde e educação. Os temas são escolhidos a partir de sorteio e cada candidato dispõe de 45 minutos para expor suas propostas.
O primeiro eixo sorteado para Nelson foi meio ambiente, assunto que, segundo o professor, é essencial para o futuro da cidade. “Quando falamos nas condições ambientais de Campina, é preciso falar no fortalecimento da arborização na cidade. O que vemos, muitas vezes, são aberturas de avenidas sem a preocupação de fazer a manutenção das árvores, por exemplo. Ao criar novas avenidas, é necessário criar canteiros para que, nos quilômetros daquele logradouro, exista arborização. Quando se tem vegetação espalhada por todo o município, isso influencia de várias maneiras. Uma delas é a redução da sensação térmica do lugar. Infelizmente, em Campina Grande, o prefeito dá um mau exemplo. Recentemente ele sofreu uma ação na Justiça pela derrubada indevida de árvores do Açude Novo”, declarou.
Além da fala sobre a arborização em Campina, Nelson também discorreu sobre a poluição do Açude Velho. “O nosso cartão-postal é poluído, um açude que poderia ser limpo e ser um espaço que as pessoas pudessem usufruir. O Açude de Bodocongó também é poluído, ou seja, temos dois açudes grandes na cidade e as pessoas não podem aproveitá-los. Então, nós acreditamos que é preciso repensar como fazer para descontaminar esses açudes. A Prefeitura pode fazer isso sozinha? Não, tem que chamar o Governo Federal e o Estadual e demonstrar que existe uma preocupação ambiental e também a vontade de mudar”, disse o candidato.
Investimentos federais
Em um segundo momento, o professor foi perguntado, dentro do tema moradia, a respeito dos seus planos, caso eleito, para reduzir o déficit habitacional de Campina. Para ele, atualmente ainda se vive, no Brasil, os resquícios da gestão do ex-ministro da economia, Paulo Guedes. “Ainda temos um polo no país que é o que foi dirigido pelo ex-presidente, composto por um povo que só pensa o Estado como algo neoliberal e liberal, ou seja, o Estado se retirando da responsabilidade que tem com os investimentos sociais. Mas não tenha dúvidas que com o PSsol no comando da Prefeitura de Campina, nós vamos procurar o Governo Estadual e Federal para ampliar na cidade a atuação e os investimentos do programa Minha Casa Minha Vida. Com essa parceria, vamos conseguir criar habitações para pessoas que estão em uma situação de maior vulnerabilidade, isto é, aquelas que estão no campo do Bolsa Família. Mas também trabalharemos para trazer investimento da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil para que as pessoas das classes D e C também possam financiar os seus imóveis. Porém, a prioridade de início será fazer um grande esforço para que as pessoas que vivem em condições de rua tenham, no mínimo, um alojamento para poder ter, pelo menos, onde dormir e tomar banho com dignidade”, afirmou.
Melhoria no piso salarial dos professores será prioridade
Questionado por um eleitor campinense sobre as iniciativas que o candidato iria ter, caso eleito, para melhorar a qualidade da educação em Campina, Nelson argumentou ser preciso fornecer maior estabilidade financeira aos professores e educadores sociais do município.
“Infelizmente, a Prefeitura Municipal não tem pago o piso nacional da educação aos seus professores. Ano passado, o governo não respeitou o piso e deu um reajuste de 5,87%, enquanto o reajuste nacional foi de 14,95%. Quando pegamos os dois índices, de 2023 e 2024, dos reajustes municipais e federais, conseguimos perceber que, em Campina, existe um déficit de 7,7% com os trabalhadores da educação na Rainha da Borborema. E por que eu trago esses números? Porque pagar o piso nacional da educação é fundamental para dar garantia de estabilidades aos professores. É preciso também pensar a educação de Campina com investimentos e planejamento concreto, para que nós tenhamos material didático e de suporte, assim os educadores poderão trabalhar e a gestão da escola funcionará. É importante planejar: quantos alunos tem nessa escola, como ela funciona, quanto gastou durante o ano, quanto sobrou, o que precisa para o ano seguinte, são perguntas que precisam ser feitas”.
Ainda sobre a educação, o professor Nelson ressaltou a importância da prática esportiva nas escolas. “Nós precisamos estimular as crianças a praticar esportes nas escolas e a se dedicar a elas, até mesmo, se possível, pensar em uma bolsa. É preciso estimular também as atividades culturais dentro do ensino. Se pegarmos os alunos das escolas particulares e comparar com o ensino municipal, vamos ver que as crianças de escolas particulares têm acesso a tudo isso, não só ao ensino formal, mas também à cultura, ao esporte, ao teatro, à dança. E o Poder Público precisa ofertar isso também, porque esses fatores são fundamentais na formação cidadã da criança e do adolescente”, destacou Nelson.
Por fim, o candidato também se disse a favor da implantação da educação integral. “Temos que pensar educação de forma integral. Inclusive, fortalecendo a perspectiva, que eu acho correta, do ensino em tempo integral. Eu estou falando de educação em tempo integral, não é transformar a escola em depósito de criança e adolescente em tempo integral. Significa que, pela manhã, o aluno terá o acesso às disciplinas formais e, no turno da tarde, ele vai fazer atividades extracurriculares, como esportes, música, etc. Isso não é utopia, vários países do mundo fazem isso, é só pensar e planejar. Também temos que pensar a educação de forma inclusiva, aonde pessoas deficientes e com transtornos tenham na escola acesso à orientação profissional”, reiterou.
Planos para o VLT
Perguntado sobre as propostas para a mobilidade urbana em Campina, Nelson Júnior declarou que as empresas que fazem o transporte coletivo na cidade prestam um serviço de péssima qualidade. “Eu sou professor da UEPB, em vários semestres dei aula no turno da noite e quero dar minha aula até as 22h, mas, quando dá 21h, os alunos me pedem para sair porque, caso contrário, não conseguirão mais pegar o ônibus para voltarem às suas casas. Então, é um péssimo serviço prestado pelas empresas de ônibus, mas elas são prestadoras de serviços, quem tem a obrigação de garantir a qualidade do transporte público é a Prefeitura. Então, uma das medidas que iremos tomar é aumentar a frota de ônibus circulando em Campina. É também preciso pensar que as pessoas tem direito ao transporte público também para o lazer, dessa forma, nos fins de semana, os ônibus serão gratuitos”.
Outra propositura feita por Nelson visando melhorar a mobilidade campinense é a dinamização do transporte público. “O sistema de transporte de Campina é muito arcaico. Por que não pensamos num transporte que circule dentro dos bairros, para os ônibus não precisarem adentrar nos bairros, mas faça somente a interligação entre eles? Nas Malvinas, por exemplo, que é uma cidade dentro de Campina, por que não autorizar vans de 15 lugares a rodar dentro da região, fazendo o transporte de passageiros? Por que não podemos trazer para Campina Grande um transporte de veículo leve sob trilhos? É preciso pensar na cidade para as pessoas e não para gerar lucros para meia dúzia de empresários”.
Por fim, em suas últimas considerações, Nelson Júnior fez questão de trazer à tona os problemas que a saúde pública de Campina enfrenta atualmente. “Aqui você procura UBS e faltam medicamentos, você tenta marcar exame especializado e, dependendo do exame, você espera dois anos para conseguir. Você passa no Hospital da Criança e vê o hospital fantasma criado por Romero Rodrigues, cuja saúde foi uma lástima e a prova é aquela construção que não funciona. Já Bruno criou a Saúde de Verdade que virou a saúde de mentira depois. Mas com um ano do PSol à frente da Prefeitura Municipal, garantiremos que o Hospital da Criança estará funcionando, esse é nosso compromisso. Em conclusão, quero dizer que estou à disposição, vamos à luta para mudar essa cidade”, finalizou o candidato a prefeito de Campina.
Entrevistas
Finalizando o ciclo de sabatinas com os candidatos a prefeito de Campina Grande, será entrevistado hoje (13) o deputado estadual Inácio Falcão, do Partido Comunista do Brasil (PCdoB). A sabatina é realizada ao vivo, a partir das 12h e pode ser assistida no canal do YouTube da Rádio Tabajara.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 13 de agosto de 2024.