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No Sertão, Lula inaugura parque

publicado: 23/03/2023 12h21, última modificação: 23/03/2023 12h21
Empreendimento será o primeiro complexo com geração associada de energia eólica e solar do Brasil
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João Azevêdo destacou, durante o evento, a importância das energias limpas e o reduzido impacto ambiental no processo de geração. Fotos: Secom-PB
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João Azevêdo destacou, durante o evento, a importância das energias limpas e o reduzido impacto ambiental no processo de geração. Fotos: Secom-PB
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As torres eólicas já estão gerando energia limpa no Sertão. Fotos: Secom-PB
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por Lusângela Azevêdo*

O primeiro complexo de geração associada de energia renovável no Brasil, que integra a produção de energia solar e eólica, foi inaugurado na manhã de ontem no município de Santa Luzia, no Sertão do Estado. O evento contou com as presenças do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, do governador da Paraíba, João Azevêdo, do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e dos diretores da Neoenergia.

O complexo se estende por uma área arrendada de 8.700 hectares, em que somente 14% está ocupada, nos municípios de Santa Luiza, Areia de Baraúnas, São José de Sabugi e São Mamede, Região Metropolitana de Patos. O investimento total soma cerca de R$ 3,5 bilhões.

Formado por 15 parques eólicos e 136 aerogeradores, da Neoenergia Chafariz, que atua com capacidade instalada de 471,2 MW, está em operação plena desde início de 2022. Já os 228 mil painéis solares da Neoenergia Luzia com a potência instalada de 149,2 MWp, marcam a estreia da companhia na geração fotovoltaica centralizada. Juntos são capazes de gerar 0,6 GW, suficiente para abastecer 1,3 milhão de residências por ano. A conexão à rede será garantida por subestação e linha de transmissão, com extensão de 345 quilômetros.

A energia gerada será destinada ao ACR (Ambiente de Contratação Regulada) e ao ACL (Ambiente de Contratação Livre), alinhado com a estratégia de posicionamento na liberalização do mercado de energia brasileiro.

“Essa estratégia teve o objetivo de aproveitar, de forma eficiente, os recursos dos complexos eólico e solar, valorizando a complementariedade dessas fontes com inovação tecnológica e otimização do uso da rede de transmissão”, ressaltou Laura Porto, diretora-executiva de Renováveis da Neonergia.

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João Azevêdo destacou, durante o evento, a importância das energias limpas e o reduzido impacto ambiental no processo de geração. Fotos: Secom-PB

O CEO da Neoenergia, Eduardo Capelastegui, informou que a energia limpa produzida, será possível evitar a emissão de mais de 100 mil toneladas de CO2 por ano.

“Com o complexo, alcançamos 90% da capacidade instalada em energia limpa. Estamos preparados para atender os brasileiros com confiabilidade e segurança, tendo em vista a crescente demanda do mercado livre”, destacou o executivo. Ele acrescentou que o empreendimento contou com financiamento de instituições nacionais e internacionais.

O governador João Azevêdo destacou a alta potencialidade do Estado com cerca de 160 parques instalados e em processo de implantação em vários municípios. “Queremos, com a ampliação das redes de distribuição, participar de mais leilões e recebermos novos empreendimentos, até porque são empreendimentos de energias renováveis que causam bem menos impactos ambientais que as hidroelétricas. Além da garantia da segurança energética em caso de períodos de estiagem de chuvas, evitando um futuro colapso energético”, explicou Azevêdo.

Na oportunidade, o governador reforçou o trabalho do Governo do Estado para atrair novos investimentos com o ICMS zero para empreendimentos de energia solar e eólica em contratos que são honrados pelo Estado. Ele também pontuou o ambiente de negócios propícios para novas empresas. “O estado da Paraíba tem priorizado com isenção de impostos, agilização dos processos de licenciamento ambiental e infraestrutura dos parques, que são importantes na geração de empregos e na distribuição de renda nos municípios na região”, ressaltou.

Novos Investimentos
O ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, na ocasião, anunciou um programa de investimentos em energias renováveis no valor de mais de R$ 50 bilhões em leilões para instalação de linhas de transmissão para escoar toda essa produção e aumentar o potencial de energia renovável em todo o Brasil. “Este é o momento importante em que estamos integrando as políticas para fazermos a verdadeira transição energética, tendo em vista a potencialidade do Nordeste em energia eólica e solar, caminhando sempre na segurança energética e a modicidade tarifária”, completou.

Presidente abriu mão de fazer discurso

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) surpreendeu e não quis discursar em seu primeiro evento na Paraíba após eleito em 2022. A agenda presidencial englobou uma passagem por Campina Grande e a inauguração de um complexo de energia híbrida (eólico e solar) na cidade de Santa Luzia, no Sertão paraibano. Parlamentares paraibanos entregaram demandas do estado.

Mas Lula deixou a fala durante o evento, que foi privado, para os representantes da empresa Neonergia, para o ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira e para o governador da paraíba João Azevêdo (PSB), que inclusive esteve responsável por receber o presidente e ainda sobrevoar a área ocupada pelo parque eólico.

A comitiva do presidente Lula pousou antes das 10 horas de ontem, em Campina Grande, onde Lula teve um rápido encontro com o prefeito da cidade, Bruno Cunha Lima (PSD). Ao presidente, Bruno fez uma solicitação de audiência em Brasília, para encaminhar demandas do município.

“Nossas demandas são a construção de um novo hospital materno infantil, que precisaremos do ministério da Saúde, a reativação da linha férrea, e apoio para obras de macro drenagem para continuação do canal do Prado, essas são demandas urgentes na cidade”, disse.

Na comitiva de políticos que tentaram o momento para buscar investimentos para o estado estiveram ainda a senadora Daniella Ribeiro (PSD),que entregou um pedido para que seja feita a conclusão das obras da triplicação da BR-230. Daniella expôs a situação ao presidente, falou da demora na execução das obras e nos entraves ocorridos durante os últimos meses. “Também falei ao presidente sobre os acidentes ocorridos na área, as vidas que são perdidas e das famílias que choram. É uma obra que precisa ser concluída e merece esforço e dedicação por parte de todos nós, parlamentares, por isso levei a demanda ao presidente Lula”, afirmou.

A senadora disse que Lula, após ouvir a explanação, orientou uma audiência com o ministro dos Transportes, Renan Filho. Além disso, pediu que a pauta seja acompanhada pela Secretaria-Geral da Presidência da República.

Além da senadora, também estiveram na comitiva, o senador Veneziano Vital (MDB), os deputados federais Damião Feliciano (PDT), Murilo Galdino (Republicanos), Gervásio Maia (PSB) e o deputado estadual Adriano Galdino (Republicanos), presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba.

Os deputados também entregaram algumas demandas, como por exemplo adutora do Pajeú e triplicação da BR-230, Cabedelo João Pessoa.

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As torres eólicas já estão gerando energia limpa no Sertão. Fotos: Secom-PB

Senador relata dificuldades no Congresso

Em visita à Paraíba, ontem, para acompanhar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o senador de Pernambuco, Humberto Costa (PT), falou das dificuldades do Governo Federal no Congresso Nacional. Humberto ficou em Campina Grande aguardando o retorno da comitiva presidencial e aproveitou para falar com a imprensa antes de seguir para Pernambuco.

Humberto relatou sobre o crescimento da extrema direita na Câmara, o que dificulta ações do Governo.

“Na Câmara realmente a situação é mais difícil, porque se é verdade que no senado houve um crescimento excessivo da extrema direita, na Câmara não só houve um crescimento da extrema direita, mas principalmente do centrão, que tem um papel importante aí na governabilidade, mas que essa governabilidade tem um preço altíssimo em termos de cargos, de emendas, e mesmo assim alguns casos nem a certeza de termos esse voto nós temos. Então será um desafio permanente do governo garantir essa maioria”, declarou.

As declarações apontam para uma realidade: após dois meses e meio de governo, nenhuma das medidas provisórias editadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começou a tramitar no Congresso Nacional. Entre as matérias, estão textos que organizam a estrutura do Executivo, dão base ao plano fiscal e estabelecem programas sociais.

Dentro do Congresso, os presidentes do Senado e da Câmara divergem sobre a tramitação. Enquanto Rodrigo Pacheco (PSD-MG) defende o retorno das comissões mistas para análises das MPs, Arthur Lira (PP-AL) quer a manutenção do modelo atual.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 23 de março de 2023.