Da AFP
Milhões de usuários franceses dos transportes intermunicipais enfrentaram o segundo dia consecutivo de caos nessa quarta-feira (4), com os ferroviários em greve, em uma disputa contra as propostas de reforma do presidente Emmanuel Macron.
Passageiros de Paris e arredores se espremeram nos poucos trens em funcionamento durante o horário de pico enquanto muitas plataformas das estações mais movimentadas da capital francesa permaneciam vazias.
No primeiro dia de greve, um em cada três trabalhadores ferroviários (34%) fez greve e mais de três em quatro condutores de trem (77%), afirmou a direção do SNCF, companhia nacional ferroviária. O sistema de trens é usado por 4,5 milhões de franceses diariamente.
Os sindicatos programaram uma greve de dois dias a cada cinco até o final de junho, totalizando 36 dias.
O tráfego internacional também foi afetado, mas em menor escala, com três a cada quatro trens Eurostar, que liga Paris a Londres, em operação e uma circulação praticamente normal da linha Thalys que viaja à Bélgica.
Porém, não houve nenhuma viagem para Espanha, Itália e Suíça nessa terça-feira (3).
Os garis e funcionários do setor de energia também estão em greve para exigir um serviço público nacional.
Ao mesmo tempo, os trabalhadores da companhia Air France organizam o quarto dia de greve em um mês para exigir um aumento salarial de 6%.
Reformas
Macron diz que quer transformar a estatal altamente endividada, que perde cerca de 3,7 milhões de dólares por ano, em um serviço público que poderá ter concorrência estrangeira a partir de 2020, quando acaba seu monopólio.
Os sindicatos da SNCF protestam contra a supressão do estatuto especial de seus trabalhadores que, assim como o do funcionalismo público, garante a estabilidade no emprego.
Também criticam a abertura do serviço ferroviário à concorrência e a transformação da empresa em sociedade anônima, abrindo a via para uma futura privatização, algo que o governo nega.
Diante da série de protestos, mobilizados contra a reforma do setor, “o governo resistirá pela via da escuta, da harmonia e do diálogo”, afirmou a ministra dos Transportes, Elisabeth Borne.
O primeiro-ministro, Édouard Philippe, declarou que ouve “tanto os grevistas” como “aqueles que querem ir trabalhar”.
As pesquisas mostram que a opinião pública rejeita a greve, mas os sindicados esperam convencer os franceses, pois em 15 dias o apoio ao movimento subiu de 42% a 46%.
Até agora, o presidente francês, eleito com a promessa de “transformar” o país, conseguiu aprovar sem grande resistência suas reformas, incluindo uma delicada reforma trabalhista, apesar de vários protestos.