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Partidos mudam de nome para fugir da alta rejeição

publicado: 22/04/2018 00h05, última modificação: 22/04/2018 01h59
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Ricardo Sérvulo diz que mudança não passa de jogada de marketing - Foto: Arquivo Pessoal

tags: partidos , mudança de nome , rejeição


Louise Tonet

Especial para A União

Com o foco nas eleições de 2018, os partidos apostaram na mudança de nomenclatura. A estratégia foi afastar a palavra “partido” e apresentar palavras que correspondem aos anseios da população. Alguns representantes partidários acreditam que a intenção também é se apresentar como uma nova alternativa, diante da atual crise política, para assim se aproximar dos eleitores. Centro Democrático, Progressistas, Patriotas, MDB, Livres, Democracia Cristã e Avante estão entre os que mudaram os nomes.

A mudança de nome é vista como uma estratégia ilusionista por especialista, acredita-se que a ideia tem objetivos pessoais dos dirigentes para realizar mudanças internas dentro das legendas.

O cientista político, Ricardo Sérvulo, advogado eleitoral e professor de ciência política acredita que esse método que estão usando da retirada do nome partido e colocando uma expressão como: Podemos, Avante, Rede, entre outros, é uma tática antiga e que não existe mais essa obrigatoriedade de colocar a palavra partido antes da denominação de uma agremiação política.

"Isso não é novo no meio do marketing, no comércio, e nas empresas. As companhias quando vêem alguma coisa com relação a um decréscimo em sua credibilidade, em sua confiança perante a opinião pública elas tendem também a fazer essas mudanças e usarem expressões diferenciadas para nominar seus produtos", contou Ricardo.

"Os programas, os estatutos partidários continuam os mesmos, então, eles dão essa roupagem, e essa modificação, tirando a palavra partido para trazer no imaginário popular algo de novo, quando na verdade não existe nada novo. A intenção dessa mudança é convencer o eleitorado brasileiro", afirmou o advogado.

Já o jornalista, editor de política do jornal A União, Marcos Wéric acredita que os partidos estão querendo fugir dessa alta rejeição que a classe política vem acumulando nos últimos anos, principalmente proveniente da Operação Lava-Jato.

“Ficou claro que os partidos na verdade, funcionavam também como parte dessa engrenagem, como uma organização criminosa, já que tinha partidos com feudos dentro das empresas, e através desses feudos, eles se corrompiam”, contou Wéric.

Apesar de reconhecerem que a mudança poderá ajudar nas urnas durante as eleições, muitos presidentes de partidos não confirmam que a troca é focada no pleito. O PTN em 2017 virou Podemos sob o comando do deputado estadual Janduhy Carneiro. O parlamentar concordou com a mudança e afirma que o nome tem sido bem aceito pelo povo e pelos filiados. Ele disse ainda que o objetivo foi fortalecer a legenda. O Democratas (DEM), antigo PFL, foi um dos primeiros a mudar de nome ainda em 2007. Segundo o deputado federal, Efraim Filho, a alteração estatutária visa também a reposicionar o partido no espectro ideológico.

Estudo

Um estudo realizado pelo PMDB levou a legenda a resgatar as origens e voltar a ser MDB, como na época da ditadura, em que fazia oposição ao Regime Militar. Na Paraíba, o presidente estadual do partido, senador José Maranhão, se colocou contrário à mudança da sigla. “Os argumentos de que o PMDB deveria se livrar da sua sigla porque tinha sido gerado durante uma decisão no golpe de 1964, não convence”, explicou o senador.