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Pessoenses protestam contra a reforma da Previdência e a Lei da Terceirização

publicado: 01/04/2017 00h05, última modificação: 01/04/2017 15h34
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A manifestação realizada em João Pessoa foi convocada pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, mas contou com o apoio de pelo menos 50 entidades - Foto: Evandro Pereira

tags: reforma da previdência , reforma trabalhista , joão pessoa , protestos , michel temer


Lucas Campos - Especial para A União

“Greve geral vamos fazer, nenhum direito vamos perder”, entoavam os manifestantes que ocuparam, na tarde de ontem, o centro de João Pessoa. O protesto foi convocado pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, mas contou com o apoio de, pelo menos, 50 entidades - como movimentos populares e sindicatos. O protesto tinha por objetivo declarar uma contraposição à reforma da Previdência Social e à Lei da Terceirização do presidente Michel Temer (PMDB).

Aqui, a concentração começou às 15h no Lyceu Paraibano e, após uma série de discursos acalorados, realizou o trajeto no sentindo do Parque da Lagoa. Áurea Augusta, integrante da frente Povo Sem Medo, afirma que essa coesão entre os diversos segmentos é fundamental diante da situação que o país está vivendo. “Quanto mais unidos, mais fortes os trabalhadores vão estar. É extremamente importante estarmos unidos nesse momento porque só quem está perdendo são os trabalhadores”, pontua.

Na realidade, o protesto fez parte de uma movimentação em nível nacional que visa também organizar uma paralisação geral no dia 28 de abril. “Hoje é um esquenta para essa greve, então estão tendo atos no Brasil inteiro contra essas reformas que tiram direitos conquistados dos trabalhadores, direitos esses que tem mais de 80 anos, como a reforma da previdência”, explica Paula Adissi, integrante da frente Brasil Popular.

Além da Paraíba, os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, Espírito Santo, Ceará, Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás, Piauí, Santa Catarina, Alagoas, Sergipe, Pará, Acre, Minas Gerais e também o Distrito Federal também tiveram suas próprias manifestações.

A reforma da previdência proposta pelo presidente Michel Temer determina um aumento na idade mínima da aposentadoria para 65 anos, tanto para homens quanto para mulheres. E não apenas: para receber o teto do benefício, as pessoas precisam contribuir por, pelo menos, 49 anos.

Essa medida causou muita indignação entre os jovens, que serão afetados à longo prazo se essa medida entrar em vigência. “No futuro, vai ser a juventude que não vai conseguir se aposentar com a reforma da previdência, somos nós que estamos nos empregos mais precários e terceirizados. Seremos os maiores prejudicados”, esclarece Mariana Davi, do Levante Popular da Juventude. Mariana ainda afirma que o governo de Temer está empreendendo um retrocesso e a retirada de direitos mínimos.

Outras propostas que revoltaram a população e acarretaram nesses protestos foram a pretensão de alterar a legislação trabalhista, visando permitir que negociações coletivas se sobreponham à lei; e a regulamentação da terceirização, que autoriza empresas a contratarem funcionários terceirizados para certas atividades.

Marcelo Sitcovsky, representante da Associação dos Docentes da Universidade Federal da Paraíba – Seção João Pessoa (ADUFPB-JP), explica que a terceirização cria a possibilidade de terceirizar até mesmo os professores, substituindo aqueles que possuem a devida formação por terceirizados. “Os professores, estudantes e técnicos administrativos da UFPB estão também com os direitos ameaçados, então é fundamental estarmos nas ruas enfrentando essas medidas”, afirma.

A Secretária do Desenvolvimento Humano, Cida Ramos, também esteve presente na manifestação e discursou contra a reforma da previdência. “Ela (reforma da Previdência) ataca os direitos dos trabalhadores, os de nossos filhos, porque não terão o direito de se aposentar. Eles não poderão ingressar no mercado de trabalho e ver a sua aposentadoria garantida. Estou aqui na condição de cidadã e trabalhadora”, concluiu.