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Polícia inicia investigações de desvio de recursos na antiga gestão de Conde

publicado: 27/07/2017 00h05, última modificação: 27/07/2017 08h14
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O delegado Allan Terruel não descartou a participação de mais pessoas no esquema criminoso - Foto: Ortilo Antônio

tags: polícia civil , conde , tatiana lundgren , investigações , corrupção


Cardoso Filho

Um esquema fraudulento com desvio que ultrapassa os R$ 3 milhões foi descoberto pela Polícia Civil da Paraíba. Na manhã dessa quarta (26), policiais do Grupo de Operações Especiais (GOE) cumpriram mandados de busca e apreensão em João Pessoa e na cidade de Conde, no Litoral Sul da Capital. Os alvos foram imóveis da ex-secretária de Finanças do município, Andrea Soares da Silva, localizados em João Pessoa (Bairro dos Bancários) e no Conde.

Na Operação realizada nas primeiras horas da quarta, foram apreendidos dinheiro (quantia não revelada), vários cheques, computadores, celulares, além de farta documentação em nome da prefeitura Municipal de Conde, que estavam em imóveis da ex-secretária. Um homem que chegou a alugar uma casa de Andrea Soares também foi levado para ser ouvido.

Andrea passou parte da manhã e toda a tarde de ontem prestando depoimento ao delegado Allan Terruel na presença do promotor de Justiça Romualdo Tadeu de Araújo Dias, do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado do Ministério Público da Paraíba (Gaeco). “Ela se comprometeu a contar como tudo ocorria durante a gestão da ex-prefeita Tatiana Lundgren”, disse o delegado do GOE.

Antes de ouvir a ex-secretária, o delegado do GOE, Allan Murito Terruel, concedeu entrevista e detalhou como agia a organização criminosa que se instalou no município de Conde e que, a principio, seria responsável pelo desvio de mais de R$ 3 milhões e lavagem de dinheiro. Terruel não descartou a participação de mais pessoas no esquema criminoso, inclusive a ex-prefeita Tatiana, ex-auxiliares e empresas que prestavam serviços a prefeitura. Durante as investigações foram encontrados indícios de fornecimento de notas fiscais para justificar serviços prestados por uma empresa, mas realizados por outras.

A polícia apurou que suspeitos investigados apresentaram renda incompatível com a renda. Andrea Soares chegou a depositar, numa conta da Caixa Econômica, em janeiro do ano passado, mais de R$ 220 mil em espécie, em nome de uma empresa. Várias empresas estão sendo investigadas, que segundo a polícia, eram usadas para fraudar processos de contratação e pagamento.

Nas investigações a polícia descobriu que Alex Martins da Silva, marido da ex-prefeita de conde, Tatiana Lundgren, apresenta um patrimônio incompatível com sua renda, inclusive o veículo de sua propriedade é uma Land Rover, avaliada em R$ 176 mil.

A quadrilha, de acordo com a Polícia Civil, está sendo investigada por lavagem de dinheiro, desvio de recursos, falsificação de documentos, tráfico de influência, entre outras fraudes. O delegado revelou que outras pessoas estão sendo investigadas e cerca de 50 podem estar envolvidas.

Outro crime praticado pela quadrilha, segundo as investigações, foi que proprietários de imóveis no município de Conde pagaram o IPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano, no entanto, receberam notificação da prefeitura constando débito do imposto. “A prefeitura está analisando cada caso para solucionar a questão, inclusive com ressarcimento”, disse um representante da prefeitura. Numa auditoria que vem sendo realizada foi detectada a existência de 300 contas somente na Caixa Econômica Federal, abertas na gestão de Tatiana Lundgren.

Também foi descoberta a compra de material didático no valor de R$ 1,5 milhão, mas que jamais chegou na prefeitura. A atual administração do município de Conde encontrou um rombo de R$ 43 milhões em dívidas e 39 convênios contestados pelo governo federal. Por conta desses escândalos foi decretada situação de emergência financeira e administrativa. “Acreditamos que até setembro teremos condições de conversar com o governo federal para retornar com os convênios", disse o representante da prefeitura.

O promotor Romualdo Tadeu de Araújo Dias, do Gaeco, disse que numa parceria com a Polícia Civil vem desbaratando aos poucos essas quadrilhas e afirmou que o Ministério Público tem um foco muito forte no combate a corrupção, notadamente no tocante ao desvio de dinheiro e processo licitatório fraudulento. Romualdo revelou que existem outras investigações em curso também para coibir o desvio de dinheiro.