O Partido dos Trabalhadores (PT) homologou, ontem, a pré-candidatura de Luciano Cartaxo a prefeito de João Pessoa. A escolha do deputado estadual para encabeçar a chapa é resultado de análises feitas pelo Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE), que também tinha como opção a deputada estadual Cida Ramos.
Nas redes sociais, Cartaxo comemorou a homologação da pré-candidatura. “Com muita honra e alegria, recebo a missão de disputar a eleição e implementarmos as políticas públicas defendidas pelo presidente Lula na nossa amada João Pessoa”, escreveu o petista.
Atualmente no cargo de deputado estadual, Luciano Cartaxo integra as comissões de Acompanhamento e Controle da Execução Orçamentária; de Desenvolvimento, Turismo e Meio Ambiente; de Juventude, Esporte e Lazer; e da Defensoria Pública. Ele já foi prefeito de João Pessoa por dois mandatos, tendo sido eleito e reeleito nos pleitos de 2012 e 2016.
Disputa interna
O retorno de Luciano Cartaxo ao páreo por um cargo no Executivo ocorre após longa briga com a companheira de partido e de Assembleia Legislativa, Cida Ramos. Isso porque, inicialmente, a resolução nacional do PT previa que, quando houvesse mais de um pré-candidato nas capitais e cidades com possibilidade de segundo turno, a escolha deveria ser feita por prévias internas. Cida Ramos concordava com o entendimento, mas Cartaxo defendia uma pesquisa para definição do nome. Durante a disputa interna, ele cogitou retirar a pré-candidatura.
“Infelizmente setores do nosso partido optaram por promover uma disputa que somente tem servido para enfraquecer o PT em João Pessoa. Por isso tomei a decisão de não participar de prévia interna do PT. Não inscreverei meu nome para as prévias. Portanto não disputarei a candidatura à Prefeitura de João Pessoa”, escreveu em nota publicada no dia 11 de março deste ano.
Porém, no dia 27 de maio, o Grupo de Trabalho Eleitoral do PT nacional definiu que o pré-candidato a prefeito pela sigla seria definido por meio de pesquisa eleitoral. Com a decisão, Cida Ramos desautorizou a inclusão do seu nome no levantamento. “Reivindico que as resoluções e o estatuto do partido sejam respeitados. Volto a repetir: confio no projeto do PT, respeito suas instâncias e as deliberações, mas não aceito ser desrespeitada nem aceito que desrespeitem os dirigentes do PT da Paraíba e de João Pessoa”, disse a deputada, em carta endereçada ao Diretório Nacional do PT.
O GTE do PT oficializou a indicação de Cartaxo à disputa pela Prefeitura de João Pessoa na quarta-feira da semana passada.
Dirigentes locais dizem que indicação de Cartaxo é erro tático
A homologação da pré-candidatura de Luciano Cartaxo não agradou a alguns dirigentes do Partido dos Trabalhadores na Paraíba. Vinte e seis membros dos diretórios municipal e estadual assinaram uma nota pública que critica a decisão.
No texto, os dirigentes argumentaram que as próximas eleições municipais representam um desafio e um momento importante de aferição do nível de embate com setores conservadores. Para lidar com a situação, eles esperavam ser consultados sobre o posicionamento do partido no pleito, o que, segundo a nota, não aconteceu.
“É necessário que a condução política tenha como estratégia a consolidação do projeto nacional, assim como agentes políticos capazes de unificar o partido nos milhares de municípios do país. Para a definição dos candidatos do nosso partido nos municípios, um calendário de atividades, encontros e prévias estava previsto, mesmo sendo da nossa Direção Nacional a última palavra sobre tal posição. Porém, infelizmente, nem o direito estatutário da primeira palavra ou de opinar foi garantido às instancias locais do PT de João Pessoa. Tudo isso divide o partido, além de enfraquecer e desestimular nossa militância”, reclamou o grupo.
Para os dirigentes locais, a pré-candidatura de Luciano Cartaxo não representa o projeto petista, mas sim um “erro tático que enfraquece o projeto nacional, podendo acarretar consequências graves para o partido”.
“A imposição de uma candidatura que não respeita as regras e as instâncias locais do PT, sem diálogo com a esquerda e os setores progressistas, não será capaz de unificar o PT em João Pessoa, muito menos empolgar a militância e aqueles que têm a esquerda e o governo Lula como referências”, cravou a nota pública.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do 03 de julho de 2024.