O Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores (PT) em João Pessoa anunciou, ontem, que o partido apoiará a candidatura do prefeito e candidato à reeleição, Cícero Lucena (Progressistas), no segundo turno das eleições municipais da capital paraibana. A decisão foi divulgada em coletiva de imprensa realizada na sede do partido e contou com a presença da deputada estadual Cida Ramos e do vereador, reeleito no último domingo Marcos Henriques. O deputado estadual e candidato a prefeito do partido no primeiro turno, Luciano Cartaxo, não compareceu ao evento, assim como sua candidata a vice, Amanda Rodrigues.
De acordo com o presidente do PT de João Pessoa, Marcus Túlio, a decisão atende à orientação da executiva nacional do partido de que os petistas se engajem nas campanhas de candidatos de outros partidos nas cidades onde haverá segundo turno contra candidatos da extrema direita. Segundo ele, um posicionamento que já tem como objetivo “viabilizar a recondução e a reeleição do presidente em Lula em 2026”.
“Em João Pessoa o bolsonarismo não vai se criar. O PT de João Pessoa não vai ser conivente com o bolsonarismo e nem com bolsonarista. Não admitiremos que essas pessoas transformem João Pessoa em um QG [Quartel General] de Bolsonaro. Não seremos omissos nessa situação. O PT tem lado e vem comunicar que a nossa base partidária, a nossa militância e a nossa direção apoia a reeleição de Cícero Lucena para prefeito”, declarou.
Deputada estadual mais votada da Federação PT, PV e PCdoB nas Eleições de 2022 na Paraíba, com 31.819 votos, Cida Ramos reforçou a ideia de que a posição do partido parte do entendimento de que a eleição no segundo turno tem por princípio “a aliança com diferentes”. Nesse caso, mais do que o apoio a Cícero, a resolução manifesta a necessidade de o partido se opor a Marcelo Queiroga (PL).
“Nós não estamos abraçando um programa de governo, nós não estamos indo por cargos — essa discussão sequer existe. A nossa posição é que esta eleição no segundo turno em João Pessoa se tornou uma eleição de interesse nacional. Nós estamos diante de água e de óleo. [...] O Partido dos Trabalhadores tem posição política e não pode jamais se omitir diante desta situação. A resolução nacional é clara: não apoiamos quem provocou, desde 2018, a falta de democracia em nosso país. Por isso o nosso voto será o voto em defesa da democracia e em defesa daquilo que a sociedade espera da gente”, afirmou.
Na mesma linha, o vereador reeleito com 5.420 votos, Marcos Henriques, pontuou que a posição do PT em João Pessoa “não é nenhuma novidade” e mantém a coerência com outros posicionamentos tomados nos últimos anos.
“Em 2020, vocês devem lembrar que o PT escolheu caminhar com o atual prefeito em detrimento de uma candidatura, na época, de Nilvan Ferreira. Talvez se a gente não tivesse tido essa percepção, nós não teríamos dado a vitória a Lula aqui em 2022. [...] Colocar uma Prefeitura do PL aqui [em João Pessoa] é retrocesso e nós não iremos contribuir com o retrocesso. A gente tem uma linha tênue que, de um lado, tem a política e, do outro lado, a anti-política. Na minha cabeça, no meu fazer político, não cabe ficar em cima do muro: ou você é de um lado ou do outro. E eu, nesse momento, tomei essa posição e já digo aqui que, mesmo assim, continuarei com a minha mesma postura política [de oposição à atual gestão na Câmara Municipal]”, frisou.
Ausências
Sobre a ausência de Luciano Cartaxo e Amanda Rodrigues ao evento e, sobretudo, o silêncio de ambos, até o momento, sobre o segundo turno da disputa em João Pessoa, o presidente do PT disse que confia que “no momento adequado” eles devem aderir à resolução do partido.
“A gente entende que o deputado Luciano Cartaxo saiu de um resultado eleitoral adverso. É preciso ter respeito e paciência com o companheiro, mas a gente confia que no momento adequado e a tempo de viabilizar o resultado eleitoral do segundo turno, todos, inclusive o deputado, devem seguir a nossa posição política. Porque o que está em jogo é a nossa estratégia nacional, é manter o projeto Lula comandando o Brasil em 2026”, reforçou.
Colega de parlamento na Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB), Cida Ramos lamentou o fato de Cartaxo não ter comparecido à coletiva para apoiar a posição do diretório. “É o partido que está sendo instado. É mais do que pessoas. É o partido, é o coletivo, é aquele por quem ele foi candidato e ele não está aqui para respeitar uma posição política do partido”, observou.
Procurada por A União, a assessoria de Luciano Cartaxo informou que o parlamentar ainda não se pronunciou sobre a possibilidade de apoio a algum dos dois candidatos que concorrem ao segundo turno das eleições em João Pessoa.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 10 de outubro de 2024.