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Relator vota por arquivar 2ª denúncia contra Michel Temer

publicado: 11/10/2017 00h05, última modificação: 10/10/2017 23h06
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O deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) fez críticas à Justiça no sua justificativa - Foto: Secom-PB

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Ranier Bragon

Repórter da Agência Brasil

Recebido com festa pelos governistas, o deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) apresentou na tarde de ontem relatório em que recomenda à Câmara barrar a tramitação da denúncia criminal contra o presidente Michel Temer e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral).

Bonifácio, que é ligado a Aécio Neves (PSDB-MG) e pertence à ala governista do partido, fez um texto de pouco mais de 30 páginas em que faz fortes críticas ao Ministério Público, à Polícia Federal e ao Judiciário. O documento está sendo apresentado na Comissão de Constituição e Justiça da Casa, primeiro passo da tramitação.

Logo ao desembarcar na Câmara, o tucano foi recebido por deputados aliados de Temer e pelo tucano Paulo Abi-Ackel (MG), autor do relatório favorável ao presidente durante a tramitação da primeira denúncia.

“O senhor vai dar um show, vai honrar a política mineira”, disse Abi-Ackel a Andrada na entrada da Câmara.

Essa é a segunda denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República contra Temer, que é acusado de chefiar uma quadrilha que desviou quase R$ 600 milhões de vários órgãos públicos, além de tentar obstruir as investigações.

Na primeira, em que era acusado de corrupção passiva, a Câmara também barrou a tramitação, em agosto, por 263 votos a 227.


Pela Constituição, é preciso o voto de pelo menos 342 dos 513 deputados para que o Supremo Tribunal Federal seja autorizado a analisar o caso. Se isso não ocorrer, a denúncia é congelada até o fim do mandato de Temer, em dezembro do ano que vem.

Camorra

No início a leitura do seu voto, Bonifácio não citou as acusações especificamente, mas fez fortes críticas ao Ministério Público, afirmando que ele “comanda” a Polícia Federal, “mancomunado com o Judiciário”, causando um desequilíbrio entre os Poderes e se tornando em um “novo poder”.

Para o tucano, o Judiciário, o Ministério Público e a Polícia Federal têm tido um poder exacerbado, eivado de abusos, em detrimento do Legislativo e do Executivo.

“Basta verificar que nesses autos a Presidência da República não é tratada com a devida reverência”, disse Bonifácio em seu relatório, que afirma que o Ministério Público tenta criminalizar a política. Ele também criticou juízes por autorizar buscas e prisões sem embasamento.

Ao se referir à acusação em si, o tucano diz que o ex-chefe do Ministério Público, Rodrigo Janot, tentou descrever Temer como o “capo [chefe da máfia], o dirigente da Cosa Nostra, da Camorra [organizações criminosas italianas]”.