Notícias

CABEDELO

Reunião mira consolidação do TPP

publicado: 31/07/2025 08h51, última modificação: 31/07/2025 08h51
Poder Público e setor pesqueiro discutem ampliação de estrutura e oferta de subsídios para fomentar atividade
2025.07.30 Terminal Pesqueiro Cabedelo © João Pedrosa (57).JPG

Com 5 mil m2 de área, Terminal Público Pesqueiro tem capacidade para processar 80 toneladas de pescado por dia | Foto: João Pedrosa

por Joel Cavalcanti*

Um encontro estratégico realizado ontem reuniu autoridades públicas e representantes do setor pesqueiro no Terminal Público Pesqueiro (TPP) de Cabedelo, na Região Metropolitana de João Pessoa. No centro da pauta, a ampliação do uso da estrutura por pescadores locais, a oferta de subsídios e a consolidação do TPP como referência nacional em processamento e desembarque de pescado.

“A união entre os entes públicos e a iniciativa privada é fundamental para fortalecer a cadeia produtiva da pesca e da aquicultura”, afirmou o prefeito da cidade portuária, André Coutinho (Avante). “Estamos tratando de emprego, renda e sustentabilidade para quem vive do mar”, reforçou o gestor.

Também participaram do encontro o coordenador-geral de Infraestrutura e Fomento do Ministério da Pesca e Aquicultura, Clecius Nerby, e dirigentes da empresa Rotamar, concessionária responsável pela operação do terminal.

Clecius Nerby representou o Governo Federal na reunião. Ele destacou que o processo de concessão do terminal teve início em 2020, após a doação dos estudos técnicos que embasaram o projeto. Inicialmente, o investimento previsto era de R$ 10 milhões. No entanto, segundo ele, a empresa Rotamar já aportou cerca de R$ 20 milhões na infraestrutura.

Com 5 mil m2 de área e uma planta industrial com capacidade para processar até 80 toneladas de pescado por dia, o Terminal Pesqueiro de Cabedelo é o único equipamento público do país com Selo de Inspeção Federal (SIF), o que permite a comercialização para mercados internos mais exigentes e também a exportação.

“O SIF garante que o pescado possa entrar em redes de supermercados, grandes restaurantes e até mercados internacionais. Isso agrega valor ao produto do pescador”, explicou Clecius. O terminal conta ainda com fábrica de gelo com capacidade de 250 toneladas, túneis de congelamento, píer flutuante para apoio à frota artesanal, abastecimento com isenção de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e possibilidade de reembolso federal pelo uso do óleo diesel, além de espaços para armazenamento, classificação e lavagem do pescado.

Segundo o coordenador- -geral de Infraestrutura e Fomento, toda essa estrutura está à disposição dos trabalhadores da pesca industrial e artesanal. No entanto, há um desafio em curso: reconectar a comunidade pesqueira à estrutura do terminal. “O grande desafio, hoje, é trazer o pescador para dentro do terminal. A estrutura está pronta, mas a cultura da pesca local acabou migrando para outros pontos de desembarque. Estamos trabalhando para que eles voltem e se beneficiem do que está disponível”, afirmou.

A reunião contou também com a presença de lideranças locais do setor, como Ricardo Melo, presidente da Colônia de Pescadores Z2 de Cabedelo. Ele defendeu a ampliação do uso do terminal pelos pescadores artesanais, categoria que ainda enfrenta entraves para o pleno acesso aos serviços do TPP.

“Hoje, a gente já tem acesso ao gelo, ao local para descarga do pescado e a um atendimento mais estruturado. Mas ainda estamos começando a discutir a questão do óleo com subsídio, que é fundamental para a pesca artesanal”, disse Ricardo. “A expectativa é que isso melhore nossa logística e traga resultado direto para a renda do pescador”, emendou.

De acordo com Clecius Nerby, o terminal já opera em plena capacidade técnica, com cerca de 60 a 70 empregos diretos gerados somente na indústria. A estrutura pode atender pescadores de todo o estado da Paraíba, além de embarcações vindas de outros estados do Nordeste. “O que falta é a demanda crescer. Com a entrada da pesca artesanal, esse equipamento pode se consolidar como um polo regional. A meta agora é fazer do terminal um ponto de integração entre políticas públicas, apoio técnico e comercialização qualificada”, concluiu.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 31 de julho de 2025.